São Paulo, sábado, 18 de junho de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

31ª SÃO PAULO FASHION WEEK - ÚLTIMA MODA

Sorria, você está no verão

COLEÇÃO DA NEON VAI DA PRAIA À BALADA QUENTE E INTEGRA GRUPO DE DESFILES QUE ESTÃO REDEFININDO O LUXO NOS TRÓPICOS

VIVIAN WHITEMAN
EDITORA DE MODA

Mais do que uma estação, o verão é um lugar. O verão é uma praia com sol a pino, é uma piscina com "bons drinques", é uma varanda com vista para o mar.
E é por lá que circulam as garotas da Neon, grife que abriu ontem o penúltimo dia da São Paulo Fashion Week, com um desfile no Museu Brasileiro da Escultura.
Entre silhuetas vindas dos anos 1960, grafismos e estampas inspiradas na escola de design modernista alemã Bauhaus, a grife mostrou com quantas cores se constrói uma coleção de luxo divertida, bonita de olhar e altamente desejável -dos vestidos aos brincos e sapatos.
Ao som de clássicos como "Com que Roupa?", de Noel Rosa, os estilistas Dudu Bertholini e Rita Comparato exibiram seus tradicionais shapes amplos em vestidos e macacões, mas também apresentaram microshorts ajustados, usados com camisas, e macaquinhos de festa.
Interessante notar como a grife evoluiu no sentido de oferecer um mix de produtos que vai dos maiôs e saídas de praia a looks que enfrentariam bem uma balada superquente, passando pelo casual. Os tecidos seguem essa lógica e vão da lycra e do linho à seda pura.
Apesar de estar se conectando com as necessidades do mercado, a Neon não abre mão de algumas de suas deliciosas idiossincrasias.
Entre elas, a de treinar as modelos para fazerem poses e gestos teatrais. Alguns fashionistas argumentam que esse espetáculo é ultrapassado, que lembra demais os primórdios das apresentações de moda nos anos 60.
Porém, é a mistura de humor e reverência com que Dudu e Rita se apropriam desse modelo que torna os desfiles da Neon memoráveis, fora do padrão "marcha soldado" das passarelas.

ESCOLA TROPICAL
A Neon é uma grife jovem e em crescimento, mas aponta para um caminho que pode transformar o perfil da moda brasileira em termos de negócios. Com o novo hype do Brasil no mundo, inclusive no circuito fashion, os estilistas locais procuram firmar seu lugar ao sol, mas muitos acabam sempre à sombra das grandes maisons e suas modices europeias.
Porém, um certo tipo de luxo feito no Brasil e visualmente reconhecido no exterior como brasileiro, representado por grifes como Osklen, Maria Bonita e a própria Neon, pode virar o jogo, caso a política e a economia formem uma conjuntura de base favorável.
Essas grifes e seus produtos de qualidade, que expressam visão muito particular do que é o luxo tropical, podem se firmar como ícones fashion de verão mundo afora. Ou seja, podem ditar o estilo de verão globalmente, deixando a sofisticação de inverno para a Europa.
Não se trata de extinguir as temporadas de inverno no Brasil, mas de buscar o seguinte cenário: a moda de verão que todo mundo quer vem de grifes brasileiras.
Para isso, no entanto, há grandes entraves: yes, nós temos roupas maravilhosas, mas falta lutar politicamente por mais marcas de alto nível, mais fábricas de tecidos, impostos e taxas mais baixos, mão de obra especializada e preços competitivos.
Talvez nas próximas décadas a indústria da moda brasileira possa realizar aquela que parece ser sua grande vocação e dizer: o verão é aqui.


Texto Anterior: Mangueira: PMs e traficantes trocam tiros em favela que será ocupada no Rio
Próximo Texto: Sônia Braga, aplaudida, pede que a juventude leia e discuta
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.