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31ª SÃO PAULO FASHION WEEK - ÚLTIMA MODA
Sorria, você está no verão
COLEÇÃO DA NEON VAI DA PRAIA À BALADA QUENTE E INTEGRA GRUPO DE DESFILES QUE ESTÃO REDEFININDO O LUXO NOS TRÓPICOS
VIVIAN WHITEMAN
EDITORA DE MODA
Mais do que uma estação,
o verão é um lugar. O verão é
uma praia com sol a pino, é
uma piscina com "bons drinques", é uma varanda com
vista para o mar.
E é por lá que circulam as
garotas da Neon, grife que
abriu ontem o penúltimo dia
da São Paulo Fashion Week,
com um desfile no Museu
Brasileiro da Escultura.
Entre silhuetas vindas dos
anos 1960, grafismos e estampas inspiradas na escola
de design modernista alemã
Bauhaus, a grife mostrou
com quantas cores se constrói uma coleção de luxo divertida, bonita de olhar e altamente desejável -dos vestidos aos brincos e sapatos.
Ao som de clássicos como
"Com que Roupa?", de Noel
Rosa, os estilistas Dudu Bertholini e Rita Comparato exibiram seus tradicionais shapes amplos em vestidos e
macacões, mas também
apresentaram microshorts
ajustados, usados com camisas, e macaquinhos de festa.
Interessante notar como a
grife evoluiu no sentido de
oferecer um mix de produtos
que vai dos maiôs e saídas de
praia a looks que enfrentariam bem uma balada superquente, passando pelo casual. Os tecidos seguem essa
lógica e vão da lycra e do linho à seda pura.
Apesar de estar se conectando com as necessidades
do mercado, a Neon não abre
mão de algumas de suas deliciosas idiossincrasias.
Entre elas, a de treinar as
modelos para fazerem poses
e gestos teatrais. Alguns fashionistas argumentam que
esse espetáculo é ultrapassado, que lembra demais os primórdios das apresentações
de moda nos anos 60.
Porém, é a mistura de humor e reverência com que
Dudu e Rita se apropriam
desse modelo que torna os
desfiles da Neon memoráveis, fora do padrão "marcha
soldado" das passarelas.
ESCOLA TROPICAL
A Neon é uma grife jovem e
em crescimento, mas aponta
para um caminho que pode
transformar o perfil da moda
brasileira em termos de negócios. Com o novo hype do
Brasil no mundo, inclusive
no circuito fashion, os estilistas locais procuram firmar
seu lugar ao sol, mas muitos
acabam sempre à sombra
das grandes maisons e suas
modices europeias.
Porém, um certo tipo de luxo feito no Brasil e visualmente reconhecido no exterior como brasileiro, representado por grifes como Osklen, Maria Bonita e a própria Neon, pode virar o jogo,
caso a política e a economia
formem uma conjuntura de
base favorável.
Essas grifes e seus produtos de qualidade, que expressam visão muito particular
do que é o luxo tropical, podem se firmar como ícones
fashion de verão mundo afora. Ou seja, podem ditar o estilo de verão globalmente,
deixando a sofisticação de
inverno para a Europa.
Não se trata de extinguir as
temporadas de inverno no
Brasil, mas de buscar o seguinte cenário: a moda de verão que todo mundo quer
vem de grifes brasileiras.
Para isso, no entanto, há
grandes entraves: yes, nós temos roupas maravilhosas,
mas falta lutar politicamente
por mais marcas de alto nível, mais fábricas de tecidos,
impostos e taxas mais baixos, mão de obra especializada e preços competitivos.
Talvez nas próximas décadas a indústria da moda brasileira possa realizar aquela
que parece ser sua grande vocação e dizer: o verão é aqui.
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