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Barricada protege prédio da Polícia Civil
Guindastes colocaram blocos de concreto na frente do departamento que investiga a atuação do PCC, na zona norte de SP
Secretaria da Segurança Pública disse que a intenção é deixar edifício mais visível para motoristas que passam pela avenida Zaki Narchi
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O receio de que a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) ataque a sede do
Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), na avenida Zaki Narchi,
zona norte de São Paulo, fez
com que a cúpula da Polícia Civil determinasse a colocação de
enormes blocos de concreto na
entrada principal do local. As
barricadas foram montadas ontem com a ajuda de guindastes.
O Deic é o órgão da Polícia
Civil que concentra um efetivo
de quase 2.000 homens e tem
hoje, entre suas principais atribuições, combater os criminosos ligados ao PCC que estão
em cerca de 140 dos 144 presídios paulistas e os que estão nas
ruas, promovendo ataques contra as forças de segurança do
Estado. O departamento também é especializado em roubos.
Desde quarta passada, quando começou a segunda onda de
atentados atribuídos à facção,
foram contabilizados pelo menos 449 ataques e oito mortes.
A barricada instalada ontem
serve, por exemplo, para impedir que um carro com explosivos, como já planejou o PCC,
seja lançado contra o prédio.
Embora menos estratégico, o
prédio do 39º Batalhão da PM,
em Artur Alvim (zona leste de
São Paulo), também recebeu
trincheiras para evitar ataques.
A Secretaria da Segurança
Pública disse que a administração do Deic decidiu trocar os
antigos obstáculos de concreto
("picolés") por blocos mais altos para melhorar a visualização do departamento pelos motoristas que trafegam pela avenida Zaki Narchi. Os blocos foram colocados no mesmo lugar
em que estavam os antigos.
Alguns policiais que trabalham no prédio disseram ontem que há uma preocupação
especial com a segurança do
chefe do departamento, delegado Godofredo Bittencourt, e de
seu braço-direito no combate à
facção criminosa, o também
delegado Rui Ferraz Fontes, da
Delegacia de Roubos a Bancos.
Na tentativa de levantar suspeitas sobre o trabalho do Deic
contra o PCC, o líder máximo
do grupo, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, disse
ao depor na CPI do Tráfico de
Armas, em 8 de junho, que Fontes "é delegado corrupto".
"Eu dei dinheiro para ele de
tudo que é jeito. Eu não posso
provar as formas, mas esses fatos que eu passei para o senhor
é fácil ser analisado [sic]", disse
Marcola ao deputado federal
Luiz Couto (PT-PB).
Fontes é responsável pela investigação que aponta Marcola
como um dos mandantes do assassinato, em março de 2003,
do juiz-corregedor da Vara de
Execuções Criminais de Presidente Prudente (565 km de
SP), Antonio Machado Dias.
Marcola já chegou a dizer ter
informações de que Fontes só
anda em São Paulo em um
Land Rover blindado. A guerra
pessoal entre eles tem novo capítulo marcado para daqui a
uns 30 dias, quando Fontes,
conforme tem dito aos colegas
de polícia, comprovará porque
Marcola o acusa de corrupção.
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