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Controladores dizem ter pedido fechamento de pista
Entidades criticam entrega da pista do aeroporto sem que a reforma estivesse pronta
Pista voltou a ser usada no último dia 29 mesmo sem as ranhuras que garantiriam o escoamento da água e a aderência dos pneus ao solo
DA REPORTAGEM LOCAL
DA REDAÇÃO
Os controladores de tráfego
aéreo da torre de Congonhas
disseram ontem ter pedido o
fechamento da pista principal
durante as chuvas, como a que
caía anteontem. O alerta teria
ocorrido segunda, depois que
um avião da Pantanal derrapou
na mesma pista que o da TAM.
Oficiais da Força Aérea e autoridades da Infraero (estatal
que administra os aeroportos)
negaram o pedido por entender
que não havia perigo.
"Os operadores da torre avisaram que a pista principal deveria ser fechada porque estava
sem o "grooving" [ranhuras que
garantiriam o escoamento da
água e uma maior aderência
dos pneus ao solo], mas ninguém no governo quer saber de
nada", reclamou Sérgio Oliveira, presidente da Federação
Brasileira dos Controladores
de Tráfego Aéreo.
Depois de uma reforma que
custou R$ 20 milhões, a pista
voltou a ser utilizada no último
dia 29 sem o "grooving".
Por conta das condições da
pista, o acidente de ontem foi
uma "tragédia anunciada", segundo Carlos Camacho, diretor
de Segurança de Vôo do Sindicato Nacional dos Aeronautas e
ex-comandante da Varig.
Congonhas já vinha tendo
suas condições de segurança
postas em xeque desde o ano
passado, quando a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil)
determinou a suspensão de
operações quando houvesse 3
mm de água nas pistas.
Essa norma passou a ser aplicada com freqüência a partir de
dezembro do ano passado.
A drenagem da pista se mostrava insuficiente para escoar a
água da chuva, problema que só
será solucionado com a conclusão da reforma.
Ontem, segundo o CGE
(Centro de Gerenciamento de
Emergências), não houve chuvas fortes nas imediações do
aeroporto. O órgão registrou
7,9 mm na Vila Mariana e 2 mm
no Jabaquara. Cada mm equivale a um litro de água por m2.
As ranhuras, de acordo com a
Infraero, devem começar a ser
feitas somente no dia 25, depois do período para assentamento da pavimentação.
O presidente do Sinpac (Sindicato Nacional dos Pilotos da
Aviação Civil), Hugo Stringuini, que anteontem alertava para a suposta precariedade das
pistas, afirmou ontem que é
""muito provável" que tenha
ocorrido uma derrapagem.
""É provável, pelas condições,
com a chuva, que tenha acontecido o mesmo que ocorreu com
o avião da Pantanal, só que com
o Airbus, que é uma aeronave
muito maior", disse Stringuini.
Ele defende que Congonhas
seja interditado para operação
comercial com aviões de médio
e grande portes. "Agora é uma
questão de segurança pública",
afirmou Stringuini.
Ele disse que o aeroporto jamais seria homologado por associações internacionais de segurança de vôo sérias.
"Numa seqüência muito próxima de datas ocorrem incidentes e acidentes que pessoas
até mesmo leigas podem ver
que ali não tem mais condições
de operar", disse o piloto.
O Sindicato Nacional dos Aeronautas, de acordo com Célio
Eugênio, membro da Secretaria de Segurança de Vôo do sindicato, quer participar da investigação do caso. Porém, não
havia sido procurado até ontem pelos órgãos envolvidos.
Hipóteses
Para Camacho, há duas hipóteses. Na primeira, o avião nem
chegou a tocar o solo antes de
tentar arremeter -voltar a subir- a aeronave.
Na segunda, ao pousar, a aeronave derrapou, e, com isso, o
piloto tentou voar novamente.
Como o avião não estaria em
velocidade suficiente para decolar, só teve embalo para cruzar a avenida Washington Luís
e, depois, bater no prédio.
Justiça
Em fevereiro deste ano, após
uma série de pequenos acidentes, a Justiça Federal chegou a
interditar o aeroporto de Congonhas para aeronaves de
maior porte, como o Fokker
100 e os Boeings 737-700 e 727-800, em razão de falta de segurança para operações.
Também no início do ano, a
Anac e a Infraero estudavam
ampliar o tamanho da pista auxilia, que passou por reformas,
em mais 50 m ou 100 m. O objetivo era dar condições para a
pista receber grandes aviões,
como os Airbus 320, igual ao
envolvido no acidente de ontem, e 330.
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