São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 2008

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JAIR CESÁRIO DA SILVA (1943-2008)

O delegado não resistiu à perda da filha

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Havia o Jair Cesário delegado de polícia, homem calmo que "nunca falou um palavrão". E havia o professor de direito, calado, "de fala mansa", o rosto sério e contido -faces do mesmo homem que desde o ano passado assumira seu lado mais triste: o do pai que perdeu a filha entre as 199 vítimas do acidente da TAM, o maior da história da aviação brasileira.
Foi às 18h50 do dia 17 de julho de 2007 que o avião vindo de Porto Alegre com sua filha, Patrícia Silva, 31, caiu perto do aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Passado o baque, "ele ajudou como pode", diz o colega de infortúnio, que o via na maioria das reuniões da associação de familiares das vítimas do vôo TAM JJ3054.
A filha no vôo era advogada como o pai, que veio de Uberaba, onde nasceu (o quarto de nove irmãos), para "tentar a sorte" em São Paulo, aos 18. Foi então trabalhar como escrivão do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado). Depois de formar-se em direito é que lá virou delegado.
Foi ainda presidente da Associação Nacional de Polícia. Casado, tinha outro filho e hoje chefiava a Divisão de Investigações Gerais e lecionava direito penal na Unip.
Mas estava tomado "por um inconformismo absoluto" desde aquele 17 de julho. "Isso acabou levando ele para o túmulo", diz o irmão. Cesário morreu aos 65, de infarto, na terça, e foi enterrado quarta, um dia antes que a morte da filha fizesse um ano. "E ele já tinha até programado a missa dela."

obituario@folhasp.com.br

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