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JAIR CESÁRIO DA SILVA (1943-2008)
O delegado não resistiu à perda da filha
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Havia o Jair Cesário delegado de polícia, homem calmo que "nunca falou um palavrão". E havia o professor
de direito, calado, "de fala
mansa", o rosto sério e contido -faces do mesmo homem
que desde o ano passado assumira seu lado mais triste: o
do pai que perdeu a filha entre as 199 vítimas do acidente
da TAM, o maior da história
da aviação brasileira.
Foi às 18h50 do dia 17 de
julho de 2007 que o avião
vindo de Porto Alegre com
sua filha, Patrícia Silva, 31,
caiu perto do aeroporto de
Congonhas, em São Paulo.
Passado o baque, "ele ajudou
como pode", diz o colega de
infortúnio, que o via na
maioria das reuniões da associação de familiares das vítimas do vôo TAM JJ3054.
A filha no vôo era advogada como o pai, que veio de
Uberaba, onde nasceu (o
quarto de nove irmãos), para
"tentar a sorte" em São Paulo, aos 18. Foi então trabalhar
como escrivão do Deic (Departamento de Investigações
sobre o Crime Organizado).
Depois de formar-se em direito é que lá virou delegado.
Foi ainda presidente da
Associação Nacional de Polícia. Casado, tinha outro filho
e hoje chefiava a Divisão de
Investigações Gerais e lecionava direito penal na Unip.
Mas estava tomado "por
um inconformismo absoluto" desde aquele 17 de julho.
"Isso acabou levando ele para o túmulo", diz o irmão. Cesário morreu aos 65, de infarto, na terça, e foi enterrado quarta, um dia antes que a
morte da filha fizesse um
ano. "E ele já tinha até programado a missa dela."
obituario@folhasp.com.br
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