São Paulo, sábado, 18 de julho de 2009

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Erro de projeto gerou falhas, diz Telefônica

Diretor afirma que falhas no Speedy resultaram de escolhas equivocadas de tecnologias, que abriram "portas" para hackers

Operadora diz ter resolvido esses problemas técnicos com antecedência e quer retomar venda do produto, suspensa pela Anatel

JULIO WIZIACK
TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Um ano após a primeira pane do Speedy, a Telefônica revelou que as falhas em seu produto de acesso à internet foram resultado de erro de planejamento. O problema ocorreu na escolha da tecnologia usada em seu plano de expansão e modernização da rede, que, mais recentemente, gerou falhas de segurança.
Resultado: em abril, essa fragilidade facilitou o ataque de hackers, que sobrecarregaram os equipamentos responsáveis pelas conexões dos computadores à rede, deixando 2,6 milhões de clientes sem internet. Após sucessivas panes, a Agência Nacional de Telecomunicações proibiu em 23 de junho a Telefônica de vender o Speedy.
A informação sobre o erro de planejamento foi dada ontem por Fabio Micheli, diretor de serviços e operações de redes e sistemas da Telefônica. Até então, acreditava-se que a pane de abril ocorrera devido a um ataque de hackers que, por contra própria, quebraram as barreiras de segurança da operadora. Agora, sabe-se que a Telefônica acabou "abrindo as portas".
Ainda segundo Micheli, esses problemas surgiram como "efeito colateral" do projeto de expansão da rede, iniciado antes das primeiras falhas.
Para ele, as panes foram uma "reação adversa" à escolha de determinados equipamentos que, ao se juntarem em atividade aos demais, "comportaram-se" de forma imprevisível. "Fizemos testes exaustivos e nada disso tinha acontecido", disse.
As panes de maio e junho não tiveram a ver com um "upgrade" dos equipamentos e softwares, que, novamente, não "reagiram" adequadamente.

Antecedência
Na manhã de ontem, o presidente da Telefônica, Antonio Carlos Valente, afirmou ter ligado para o presidente da Anatel, Ronaldo Sardenberg, a fim de informá-lo sobre o cumprimento do plano de estabilidade da rede do Speedy. Ele diz ter atingido com dez dias de antecedência a meta estabelecida.
Agora, a instabilidade da rede fica resolvida. O plano, com duração prevista de um mês, consumiu R$ 16 milhões em equipamentos, permitindo aumento de 20% da capacidade de processamento.
Valente também reforçou a proteção contra a invasão de hackers e aumentou em 65% a capacidade das máquinas que conectam a internet do Brasil com a do exterior.
Para ele, as falhas ocorreram em consequência do perfil inovador da Telefônica, que, para dar conta do tráfego de dados cada vez mais intenso, ousou na escolha de tecnologias de ponta. "Talvez devêssemos ter sido mais cautelosos. Tivemos de dar um passo atrás agora."
A partir deste momento, a companhia volta a priorizar o plano de expansão da rede, que prevê R$ 52 milhões na compra de mais equipamentos até o final de 2010. Esses recursos são uma antecipação dos R$ 750 milhões em investimentos em internet em 2009.
No dia 20, a Anatel checará o cumprimento das metas de estabilização do Speedy.


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