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Gripe suína causa fila de até 8 h em hospital
Anúncio de que doença já circula no país provocou corrida aos hospitais, que já adotam medidas alternativas de atendimento
Para os médicos, unidades "ajudam" a espalhar o vírus, uma vez que pacientes com suspeita da doença dividem espaço com outros doentes
Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
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Pacientes de hospital de Osasco (SP) usam máscaras para evitar contágio; com a alta dos casos, médicos temem corrida a hospitais
DA AGÊNCIA FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após o registro de 11 mortes e
o anúncio de que o vírus da gripe suína já circula livremente
no Brasil, médicos tentam evitar que o medo da nova doença
gere uma corrida aos hospitais.
Com isso, buscam impedir,
além de problemas nos serviços
médicos, filas de até oito horas
-como relatado ontem por pacientes no Instituto Emílio Ribas, centro de referência em
São Paulo- e o risco de contágio -segundo médicos, essas
unidades podem "ajudar" a espalhar o vírus H1N1, pois concentram pacientes com suspeita da doença, às vezes no mesmo espaço de outros doentes.
Um dos problemas é justamente a acomodação de pacientes. Os hospitais, em geral,
não têm estrutura para separá-los. Pessoas com suspeita de
gripe A (H1N1) esperam atendimento médico ou a realização de exames numa mesma
sala. Em alguns locais, ao lado
até de quem foi ao hospital por
outros motivos.
Isso pode facilitar a disseminação do vírus, mesmo com o
uso de máscaras. "Se a pessoa
usa a máscara por muito tempo
ela fica úmida e perde a eficácia", diz a infectologista Nancy
Bellei, da Unifesp.
Segundo ela, só deve buscar
centros de referência quem receber indicação médica para isso. É essa, inclusive, a recomendação do Ministério da Saúde
-a estratégia, assim, é que essas unidades se concentrem
nos casos de alta gravidade.
Espera
Os profissionais de saúde
também convivem com esse
risco. Ontem, o Hospital Sino-Brasileiro, em Osasco (Grande
SP), cidade que já registrou
duas mortes pela nova gripe,
informou que duas funcionárias que tiveram contato com
pacientes infectados apresentaram sintomas e estão em isolamento hospitalar. Passam
bem, segundo a instituição.
O grande aumento da procura pelos hospitais, registrado
desde o surgimento dos casos
da nova gripe no Brasil, continua sendo um problema.
O Emilio Ribas divulga que o
tempo médio de espera para
atendimento de casos suspeitos é estimado em quatro horas. Pacientes que procuraram
o hospital na manhã de ontem,
porém, disseram ter esperado
pelo menos oito horas. No meio
da tarde, em torno de cem pessoas esperavam atendimento.
Foram distribuídas senhas desde o início da manhã.
Segundo o diretor da instituição, o infectologista David Uip,
80% dos atendimentos nas últimas semanas não estão dentro
dos critérios de gravidade.
No Hospital Albert Einstein,
o tempo de espera informado
ontem foi de pelo menos duas
horas -à tarde, ao menos 30
pessoas esperavam por atendimento por suspeita de gripe
suína. No Sírio-Libanês, o
pronto-atendimento registrou
aumento de 30% para pessoas
com sintomas de gripe desde a
segunda quinzena de junho.
Hospitais gaúchos
No Rio Grande do Sul, Estado
com mais mortes (sete), os hospitais adotam alternativas para
evitar superlotação e se concentrar nos casos graves. De acordo
com o secretário estadual da
Saúde, Osmar Terra, 99% dos
casos de gripe podem ser atendidos nos postos de saúde.
Em Uruguaiana, a prefeitura
busca aliviar a superlotação da
Santa Casa local usando um
ônibus que leva pacientes aos
postos. Em Santa Maria, o governo do Estado está montando, em parceria com o município, centros para o atendimento de pessoas com sintomas
mais fortes de gripe.
Em Passo Fundo, o secretário da Saúde, Alberi Grando,
orientou os médicos dos postos
a atender todas as pessoas com
sintomas de gripe.
Segundo o coordenador da
emergência do Hospital São Vicente de Paulo, Júlio César
Stobbe, a necessidade de agendamento nos postos leva as
pessoas a procurar esse centro
de referência.
As estratégias vão ao encontro do que defendeu ontem o
ministro da Saúde, José Gomes
Temporão, para quem o grande
desafio agora no combate à gripe suína é "organizar a rede [de
saúde] para atender bem as
pessoas, principalmente as que
necessitam de internação".
(PABLO SOLANO, ANDRÉ DESENSO MONTEIRO, MÁRCIO PINHO e TAI NALON)
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