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EDUCAÇÃO
Disciplina abordará história, ética e cidadania
Aula de religião na rede estadual será facultativa para os alunos
RENATA DE GÁSPARI VALDEJÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
O ensino religioso, que passará
a fazer parte do currículo das escolas de ensino fundamental da
rede estadual paulista a partir do
ano que vem, será facultativo para
os alunos, embora obrigatório às
escolas.
A situação é resultado do que o
presidente do Conselho Estadual
de Educação, Arthur Fonseca Filho, chama de contradição no artigo 33 da Lei de Diretrizes e Bases
(LDB), que dispõe sobre o ensino
religioso nas escolas.
A LDB estabelece a obrigatoriedade, mas o artigo 33 diz: "O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui
disciplina dos horários normais
das escolas públicas de ensino
fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural, religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo".
"Se é básico, como pode ser facultativo?", questiona Fonseca Filho. Para ele, não haveria problema na obrigatoriedade, levando-se em conta o caráter generalista
da matéria. "Vai abordar a história das religiões, ética e cidadania;
não vai ter nenhum tipo de credo", afirma o conselheiro.
O conteúdo da disciplina será
elaborado em um encontro com
representantes de várias religiões,
previsto para setembro. Da primeira à quarta série, os professores se encarregarão de abordar
questões religiosas dentro do
conteúdo das outras disciplinas.
Nas últimas séries haverá uma
aula específica por semana. Nessa
etapa o aluno terá a faculdade de
escolher se assiste ou não à aula.
Em que série isso vai ocorrer ainda deve ser decidido pela Secretaria de Estado da Educação, de
acordo com Fonseca Filho.
Segundo o governador Geraldo
Alckmin, a inclusão da disciplina
no currículo escolar foi analisada
e discutida entre vários segmentos da sociedade e, posteriormente, aprovada pela Assembléia Legislativa. O Conselho Estadual de
Educação aprovou no último dia
25, por unanimidade, a resolução
oficializando a medida, que já foi
homologada pela secretaria.
Repercussão
"O importante é passar o valor
transcendente, sair da visão de
grupo", diz o monsenhor Arnaldo Beltrami, porta-voz do arcebispo de São Paulo, d. Cláudio
Hummes.
"O ensino religioso é importante para dar a noção de Deus, a noção da responsabilidade social, da
solidariedade, para que a nossa
juventude já tenha um pouco de
ética no seu comportamento",
afirma o representante católico.
"Sendo facultativo para os alunos, eu acho aceitável. Com a forma inicial que foi apresentada, de
obrigatoriedade geral, não podíamos concordar", disse o presidente da Federação Israelita do
Estado de São Paulo, Natan Berger. Para ele, o problema maior
está em um professor conseguir
transmitir um tema tão delicado
com a imparcialidade necessária.
Rolf Schunemann, representante da Igreja Luterana no grupo
que estuda a matéria, disse que ela
apóia a medida, embora ele, pessoalmente, tenha posição divergente. "O espaço público deveria
ser neutro", afirma ele, para quem
o ensino deveria ficar a cargo das
instituições religiosas.
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