São Paulo, domingo, 18 de agosto de 2002

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CRISE NA USP

Volta às aulas esperada para amanhã na FFLCH pode não acontecer no curso, que terá novas assembléias

Alunos de letras tentarão manter greve

MARIANA VIVEIROS
BRUNO LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL

A contratação de novos professores prometida pela reitoria, o que determinou o fim da greve da FFLCH-USP (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP) na madrugada de quinta-feira, não foi suficiente para convencer todos os alunos do curso de letras a voltar às aulas. Dos 528 estudantes presentes à assembléia do curso na terça passada, que precedeu a assembléia geral da FFLCH, 385 votaram pela continuidade do movimento. Há cerca de 5.700 alunos no curso.
A expectativa da direção da FFLCH é que amanhã os estudantes voltem às salas em todos os cursos. No de letras, isso pode não acontecer. Os alunos marcaram novas assembléias de manhã e à noite para definir se mantêm, sozinhos, a greve na FFLCH.
Há também a proposta de fazer seminários para discutir como será a reposição. "Não estar em greve não quer dizer ter aula. Precisamos de debates", afirma Henrique Kipper, 32, aluno da letras.
Como os novos professores só começarão a trabalhar em 2003, os problemas anteriores à greve persistirão até o fim de 2002.
Para a professora Maria Augusta Fonseca, vice-chefe do departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada, será preciso paciência."Nada é mágico. Não se criam condições do dia para a noite", declarou.
Antes da greve, houve cerca de dois meses de aula. A proposta dos professores é continuar a lecionar do ponto em que pararam. Parte dos alunos discorda e quer o cancelamento do semestre.
Apesar de não ter a pior relação aluno/professor, o curso de letras da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP) foi, até agora, o que mais ganhou com a greve dos alunos -que durou 106 dias e terminou na última quarta-feira.
Dos 92 novos docentes que serão contratados para a unidade, pelo menos 22 irão para departamentos vinculados à letras. Em segundo lugar, fica o curso de história, que possui a pior relação aluno/professor (51 para 1) e que terá, em princípio, sete novos docentes.
A fatia de letras -primeiro curso a parar, em 29 de abril- representa 24% do total e pode aumentar, já que, dos contratados, 59 ainda serão distribuídos pelo Conselho Técnico e Administrativo da FFLCH. O curso receberá 67% dos 33 professores que já têm destinos predeterminados.
Na letras, a relação aluno/professor é de 32 para 1. Só com o ganho de 13% -representado pelos 22 professores já garantidos- a nova relação será de 28 para 1. Alguns departamentos sofrem mais com a falta de docentes. É o caso do de letras orientais, em que disciplinas como japonês não foram oferecidas por falta de professor.
A FFLCH tem a pior relação aluno/professor da USP: 35 para 1. A média da universidade é de 14 para 1. Os alunos pediam 259 novos docentes e a substituição automática dos professores aposentados.


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