UOL


São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EDUCAÇÃO

Prefeitura suspende concorrência e faz contratos emergenciais com empresas responsáveis por manutenção de "escolões"

CEU consome R$ 2 mi por mês sem licitação

ROBERTO COSSO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo vai gastar pelo menos R$ 2,126 milhões por mês com contratos de vigilância e limpeza dos CEUs (Centros Educacionais Unificados), realizados sem licitação.
Em 1º de agosto, o "Diário Oficial do Município" publicou os extratos de nove contratos realizados por emergência, sem licitação. O décimo, que também será realizado sem licitação, ainda está sendo negociado pela Secretaria Municipal de Educação.
Todos os contratos têm duração de um mês, mas podem ser prorrogados por até seis meses. Na última sexta-feira, o "Diário Oficial" publicou as datas do início da vigência de cada um deles -todos os nove contratos começaram a valer na semana passada ou no final da semana retrasada.
Apesar de o projeto de construção dos CEUs ter sido anunciado em 2001 e de o início das obras ter ocorrido no ano passado, a Prefeitura de São Paulo só lançou o edital de concorrência para contratação de empresas de limpeza e de vigilância a menos de 35 dias da inauguração da primeira unidade, ocorrida em 1º de agosto.

Prazos
O período mínimo para a realização de uma concorrência pública é de dois meses, entre o lançamento do edital e a assinatura do contrato, para que sejam respeitados os prazos de recursos estabelecidos pela Lei de Licitações.
O edital para contratação de empresas de vigilância foi lançado em 28 de junho. Já o edital para contratação de empresas de limpeza só foi lançado em 5 de julho.
As duas concorrências, porém, foram suspensas pela própria Secretaria Municipal da Educação, antes do recebimento dos envelopes com as propostas das empresas concorrentes.
Os despachos de suspensão das licitações, publicados nas edições de 30 de julho e de 5 de agosto do "Diário Oficial", não indicam a motivação dos atos.
"Fica suspensa a abertura da licitação em epígrafe; nova data será oportunamente publicada", informam os despachos.
A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Educação informou que a prefeitura decidiu suspender a licitação porque houve contestações das empresas concorrentes. Segundo a assessoria, a licitação ficará paralisada até que a prefeitura esclareça as dúvidas das empresas.

Fato imprevisível
De acordo com especialistas em direito administrativo ouvidos pela Folha, a Lei de Licitações só admite a realização de contratos por emergência quando ocorre algum fato imprevisível que gera a necessidade da contratação.
O advogado Benedicto Porto Neto, professor de direito administrativo da PUC-SP, disse que a prefeitura teve tempo suficiente para realizar a licitação antes da inauguração dos CEUs.
Segundo ele, a autoridade responsável pela realização da licitação pode ser responsabilizada, caso não justifique adequadamente as razões da demora para o lançamento do edital.
"Existe uma presunção de que a realização de licitação seria mais vantajosa para a administração pública", afirmou Porto Neto.
Como não havia tempo para que a concorrência pública fosse concluída quando o edital foi lançado, a Secretaria Municipal de Educação teria a possibilidade de realizar um pregão presencial, que exige um prazo de apenas oito dias entre o edital e a escolha do vencedor do contrato.



Texto Anterior: Há 50 anos
Próximo Texto: Outro lado: Secretaria diz que houve demora em preparativos
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.