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RIO
Detentos inviabilizam projeto social em Bangu 2
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Por causa da ação de presos que
se intitulam líderes da cadeia, a
Secretaria Estadual de Administração Penitenciária do Rio teve
de suspender, há seis meses, um
programa de capacitação profissional feito pela ONG Fundação
Santa Cabrini no presídio Bangu 2
(zona oeste), considerado de segurança máxima.
Os presos que participavam do
curso costuravam bolas de futebol e consertavam carrinhos de
sorvete. A atividade foi interrompida porque eles eram obrigados
pelos líderes a furtar o material
usado no trabalho -como fibras
e cordas-, que serviria para fabricar estoques (armas artesanais). Quem não obedecesse passava a ser perseguido na cadeia.
Em vez de controlar a ação dos
líderes, a secretaria optou por suspender o projeto da Santa Cabrini. O subsecretário Aldney Peixoto afirmou à Folha que controlar
os presos "é muito difícil".
O fato chocou o deputado federal Chico Alencar (PT-RJ), integrante de uma comissão de parlamentares que esteve ontem no
complexo penitenciário de Bangu
vistoriando os presídios. "A ação
de uma elite carcerária acabou
por suspender o princípio da gestão do sistema, que é castigar e, ao
mesmo tempo, dar oportunidade
de recuperação."
O presídio Bangu 2 tem capacidade para 750 detentos e abriga
atualmente 650 presos, todos vinculados à facção criminosa Terceiro Comando.
O coronel Cid Souza Sá, assessor especial da Secretaria de Administração Penitenciária, afirmou que as autoridades têm o total controle da cadeia.
Roupas
No presídio Bangu 3, os deputados souberam que parentes de
presos não podem entrar na unidade usando camisas, calcinhas
ou sutiãs vermelhos ou pretos.
A alegação é que o vermelho é
sinal de apologia à facção criminosa CV (Comando Vermelho) e
o preto faz alusão à guerra.
Algumas mulheres disseram
que são obrigadas a alugar roupas
de outras cores para poder entrar
na penitenciária. "A pena dos presos não pode ser repassada para
seus parentes", disse a deputada
Laura Carneiro (PFL-RJ).
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