São Paulo, sexta-feira, 18 de agosto de 2006

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Procurador-geral defende isolamento de preso perigoso

Segundo Rodrigo Pinho, Ministério Público vai entrar com recurso contra o habeas corpus concedido em favor de Marcola

Chefe de facção criminosa está no RDD, em que os presos ficam 22 horas por dia em celas individuais e monitorados por câmeras


REGIANE SOARES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O Ministério Público de São Paulo entrará com recurso no Supremo Tribunal Federal contra o habeas corpus concedido em favor de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, chefe do PCC (Primeiro Comando da Capital). No habeas corpus, três desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo declaram que o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) é inconstitucional. Apesar da decisão, Marcola continua mantido nesse regime rigoroso porque há uma segunda internação, autorizada pela Justiça, que continua vigente por mais um mês. O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Rodrigo Rebello Pinho, defende o regime mais duro de prisão -que prevê isolamento em celas individuais- para presos considerados perigosos, como Marcola. "Aos presos de maior periculosidade justifica um tratamento mais rigoroso", afirma Pinho. No RDD, o preso permanece 22 horas do dia em cela individual, monitorado por câmeras. Tem direito a apenas duas horas de banho de sol por dia. Não pode receber visita íntima e não tem acesso a TV ou jornais. O contato com advogados ocorre por meio de interfone. A internação é por até 360 dias.

 

FOLHA - Qual a opinião do senhor sobre a decisão do TJ [Tribunal de Justiça] que considerou o RDD inconstitucional?
RODRIGO REBELLO PINHO
- O Ministério Público irá recorrer dessa decisão. Já existe precedente no Supremo Tribunal Federal atestando e confirmando a constitucionalidade do RDD. O princípio da igualdade significa tratar os iguais de forma igual e os desiguais de forma desigual. Aos presos de maior periculosidade se justifica um tratamento mais rigoroso. O Ministério Público não só é a favor do RDD como entende que deve ser ampliado. O projeto que encaminhamos ao Congresso prevê que o preso permanecerá no regime enquanto causar risco à sociedade ou ao sistema prisional. Ou seja, por período indeterminado.

FOLHA - O senhor defende a permanência de Marcola no RDD?
PINHO
- Os novos fatos [os ataques do PCC] justificam a imposição de um novo regime disciplinar diferenciado. Os líderes dessa organização criminosa precisam permanecer isolados. Entre eles o Marcola.

FOLHA - O Marcola continua em São Paulo ou será transferido para Catanduvas, por exemplo?
PINHO
- Por ora, ele continua em São Paulo. Enquanto não for formulado e deferido um pedido para que ele vá para alguma penitenciária federal, ele permanece em São Paulo.

FOLHA - O Ministério Público tem poder para pedir a transferência de presos. Isso será feito?
PINHO
- Essa é uma questão que será examinada. Ele deve permanecer isolado. A escalada da violência nos últimos dias justifica o isolamento dos líderes.

FOLHA - Por que o senhor acha que o governo de São Paulo ainda não fez nenhum pedido para transferir presos para Catanduvas?
PINHO
- O Ministério Público não pode ingressar em questão de natureza política de relacionamento entre poderes. Essa é uma questão que não compete a nós nos manifestarmos.

FOLHA - Mas, diante das atuais circunstâncias, não seria prudente o próprio Ministério Público encaminhar esse pedido de transferência?
PINHO
- O Ministério Público está examinando a questão.


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