São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 2008

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CLÁUDIO PERANI (1932-2008)

Um jesuíta que vibrava pelo Atalanta

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Estava selado o destino do menino que, desde os castos tempos em Bergamo, Itália, "sempre quis ser jesuíta". A família se opôs, pois antevia no filho "inteligentíssimo" o sucesso de uma carreira liberal. E Cláudio Perani aquiesceu, até os 21 -"quando saiu de casa, sem lenço e sem documento, para o noviciado."
Padre mesmo, se ordenou em São Leopoldo (RS). Mas foi em Salvador, desde 1968, que ganhou sua verve popular, ao fundar os "Cadernos do CEAS", polêmica revista onde escrevia sobre "os direitos das classes trabalhadoras" e onde arrumou briga com a arquidiocese, conta o padre amigo, pelo artigo sobre o suposto patrocínio de Antônio Carlos Magalhães à visita do papa ao Brasil.
Até ir para Manaus "trabalhar com os mais marginalizados, os ribeirinhos, os favelados, os índios" e criar a "equipe itinerante" o bastante para viajar, mata adentro, pelos igarapés, a "ressuscitar lideranças". Sem falar da cartilha que fez sobre as eleições -era um "lutador contra políticos corruptos."
Morreu dia oito, de câncer, aos 76, o incansável padre Perani, que "vivia entre o povo e comia espetinhos na beira da estrada", homem simples, de pouco querer, cujo único luxo era ser "fanático" pelo Atalanta de Bergamo. Via os jogos na TV a cabo.
"Não perdia um", diz o amigo, rindo. Claro, "tinha hobbies mais úteis à humanidade", diz, pigarreando. como escolas de reforço na periferia. Mas a paixão pelo Atalanta, não adianta, ficou na memória da paróquia.


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