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Alunos ignoram recomendações contra gripe
Na volta às aulas, estudantes trocam beijos e abraços, contrariando alertas; colégios abrem portas e janelas e oferecem álcool em gel
Aluno da sétima série
de colégio particular foi retirado da sala, segundo os colegas, após espirrar duas vezes seguidas na classe
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"
Ontem, dia em que as escolas
de São Paulo retomaram as aulas, muitos estudantes não seguiram as recomendações dos
colégios para evitar a gripe suína. A volta às aulas deveria ter
ocorrido duas semanas atrás,
mas foi adiada para reduzir o
contágio pelo vírus H1N1.
Uma cena que simboliza a
despreocupação dos estudantes ocorreu no colégio Arquidiocesano, na Vila Mariana (zona sul). O diretor Ascânio João
Sedrez contou que, ao acompanhar a entrada de alunos, chamou a atenção de um grupo do
ensino médio que se abraçava
pelo reencontro. Em vez de
atenderem ao apelo, os estudantes foram abraçar o diretor.
Para prevenir a transmissão,
os colégios adotaram medidas
como manter janelas e portas
abertas e ventiladores ligados e
oferecer álcool em gel para que
os alunos desinfetem as mãos.
Também colocaram copos descartáveis ao lado dos bebedouros, para evitar contato com o
local onde um possível doente
tenha encostado a boca.
O Bandeirantes, na Vila Mariana (zona sul), não contava
com a dificuldade de lidar com
abraços e beijos entre os colegas. "Não adianta lutar contra.
São uma manifestação da nossa
cultura", disse Mauro de Salles
Aguiar, diretor do colégio.
Fernando da Costa Gomes,
do 3º ano do ensino médio, era
pura despreocupação. Ao lado
da namorada, Carolina Braga,
da mesma série, debochava do
que considera "exagero". "Passei as férias todas com ela. Se
fosse para contrair alguma
doença, já teria acontecido."
No colégio Rio Branco, em
Higienópolis (região central), a
celebração da volta às aulas,
além de beijos e abraços, contou com refrigerantes e chocolates rodando de boca em boca.
Na hora da saída, o colégio
Visconde de Porto Seguro, no
Morumbi (zona oeste), reunia
um grupo de alunas mascaradas. "Minha mãe mandou usar
se achasse que a coisa ia ficar
feia. Agora estamos só brincando mesmo", disse Patrícia Nunes, do 1º ano do ensino médio.
Um aluno do 7º ano do colégio Alfredo Castro, em Perdizes
(zona oeste), foi retirado de sala
após espirrar duas vezes. Um
funcionário disse que ele tinha
38C de febre e coriza. Sua mãe
foi chamada para buscá-lo.
Das cerca de 20 escolas públicas e privadas visitadas pela
Folha, houve problemas em
três da zona leste (duas estaduais e uma municipal). Alunos
reclamaram da falta de orientações sobre a gripe e de sabonetes líquidos nos banheiros.
Pais de estudantes disseram
ter dúvidas sobre a disseminação da gripe nas escolas. Foi o
caso da decoradora Clara Marcelli, mãe de Kayque, aluno do
5º ano do Rio Branco. "A criançada se abraça e se beija. Eles
acham que é brincadeira."
A dentista Maria Alice Toledo, que levou a filha Rafaela
também ao Rio Branco, se disse
aliviada por poder retornar à
rotina. "De que adianta aumentar as férias se os outros alunos
viajam, se encontram, vão para
o shopping, vão ao cinema? É
impossível mantê-los em casa
por muito tempo", comentou.
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