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São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 2003

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SEGURANÇA

Detento estava no presídio de Iaras, onde bloqueador não funcionou; vítima teve as pontas de três dedos cortadas

Por celular, preso comandou sequestro

DO "AGORA"

De dentro de uma cela da Penitenciária de Iaras (282 km de São Paulo), com apenas um telefone celular, o preso Antônio Evandro de Queiroz Gonçalves, o Tonho, comandou, durante sete dias, um sequestro que terminou com a vítima mutilada, que foi operada.
A Penitenciária de Iaras é tida como de segurança reforçada (nível intermediário), só atrás do isolamento de Presidente Bernardes, Avaré 1 e Taubaté. A prisão possui sistema de bloqueio de celulares. Ele, porém, não funcionou.
Para chegar a Tonho, policiais da DAS (Divisão Anti-Sequestro) rastrearam os pedidos de resgate feitos à família de L.A.C.S., 29, que mora em Borda da Mata (MG).
Tonho teria só mais dois meses de pena a cumprir, após sete anos preso. Na ação, ele contou com a ajuda do ex-presidiário Isaías dos Santos Lima, o Velho Barreiro, e de um terceiro homem, identificado como Serginho.
Segundo o delegado Marcelo Dias, da DAS, L. foi escolhido porque, antes da prisão, Tonho costumava vender droga à vítima. Na época, L. dizia a donos da boca-de-fumo que era dono da Atlas Transportes. Na Atlas, porém, L. é auxiliar, com salário de R$ 500.
Como não conseguia fazer os parentes mais próximos de L. pagarem os R$ 450 mil exigidos, Tonho mandou que seus comparsas, na segunda-feira, matassem o refém. Temerosos de matar a vítima, porém, os dois bandidos que ficaram com L. no cativeiro decidiram cortar as pontas de três dedos da mão esquerda do rapaz.
Tonho avisou aos familiares que os pedaços dos dedos haviam sido deixados em uma caixa, abandonada no km 223 da via Dutra, perto da transportadora.

Prisão
Com as ligações sendo rastreadas, a polícia foi à casa de Tonho e prendeu a namorada dele, que confirmou o envolvimento do preso no sequestro. O detento -acusado de roubo, homicídio e latrocínio- foi transferido para uma prisão em São Paulo.
Os comparsas de Tonho ficaram sabendo da prisão da namorada dele e decidiram liberar a vítima na avenida do Estado, anteontem às 21h. O rapaz foi operado e continua no hospital, mas não corre risco de morte.
Por meio de nota oficial, a assessoria de imprensa da Secretaria da Administração Penitenciária informou que os bloqueadores de celulares de seis das sete prisões que têm o equipamento no Estado estão apresentando falhas, mas que providências estão sendo tomadas para que os problemas sejam resolvidos pelas empresas que os instalaram.
A secretaria informa ainda que "as falhas nos bloqueadores vêm acontecendo porque existe um elevado número de frequências [a serem bloqueadas], que precisam de ajustes e de controle permanente de eficácia".
Ainda segundo a nota, em 2003, graças aos detectores de metal que existem no local, 56 visitantes foram flagrados portando objetos ilícitos dentro do corpo.


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