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Mortes na Anchieta-Imigrantes sobem 39%
Foram 104 vítimas fatais nos oito primeiros meses de 2007; número atingiu patamar recorde desde, no mínimo, 2002
Especialistas apontam abrandamento das multas e expansão do tráfego de motos e veículos como causas de crescimento
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
A quantidade de mortes nas
rodovias do sistema Anchieta-Imigrantes, ligação da capital
ao litoral paulista, saltou 39%
nos primeiros oito meses deste
ano, atingindo patamares recordes no mínimo desde 2002.
O abrandamento das multas
por excesso de velocidade e a
expansão do tráfego de motocicletas -e do restante de veículos, em tempos de crise aérea-
são citados por especialistas como alguns fatores que podem
ter contribuído com a disparada dos acidentes e vítimas.
No ano passado, foram 75
mortes entre janeiro e agosto
nas estradas sob responsabilidade da Ecovias. No mesmo período de 2007, foram 104. O
maior patamar dos últimos cinco anos, até então, havia sido
em 2003, com 94 mortes.
O sistema Anchieta-Imigrantes tem a maior tarifa de
pedágio do Estado -R$ 15,40
em Piratininga-Riacho Grande.
Uma das justificativas de
Humberto de Souza Gomes, diretor-superintendente da concessionária, para ter havido
mais mortes é a alta de 20% no
tráfego de motos em 2007
-elas representam 2,3% dos
veículos, mas 23% das vítimas.
Esses veículos não pagam pedágio nas rodovias estaduais
sob concessão privada. Em 7 de
Setembro, a quantidade delas
praticamente dobrou em relação ao mesmo feriado de 2006.
As mortes de motociclistas
nos primeiros oito meses do
ano subiram 60%, de 15 para
24. A Ecovias defende restrições às motos com baixa cilindrada, dizendo que elas são frágeis e que se acidentam mais.
A proposta é criticada por Aldemir Martins, representante
do sindicato dos trabalhadores
motociclistas. "Nos feriados,
por exemplo, bastaria fazer
uma faixa exclusiva ou um
comboio de motos", defende.
O aumento das mortes no
sistema Anchieta-Imigrantes
também se dá depois do abrandamento da punição de infratores por excesso de velocidade.
Uma lei federal que entrou
em vigor no segundo semestre
de 2006, às vésperas das eleições e sem consulta ao Departamento Nacional de Trânsito,
fixou novas faixas de punição
para quem passa os limites.
Nas estradas, quem ficasse
entre 20% a 50% acima da velocidade cometia antes uma infração gravíssima multiplicada
por três (multa de R$ 574 e suspensão automática da carteira).
Com a mudança, ela foi rebaixada para grave (R$ 127 e
cinco pontos). E, numa rodovia
com limite de 120 km/h, só passou a receber a punição máxima quem é flagrado a partir de
193 km/h, já que existe uma tolerância mínima obrigatória.
"Todo mundo sabia e alertou
que havia essa tendência de aumentar os acidentes. Uma medida que às vezes parece simpática pode matar quem está do nosso lado", diz Cristina Baddini, especialista em trânsito.
O governo paulista aboliu a
operação dos radares móveis
nas estradas à noite nos últimos meses -medida que também atenua a fiscalização.
Ainda pode ter contribuído
com mais mortes a elevação de
4% no volume de veículos neste
ano, quando a crise aérea levou
muita gente a desistir de viagens mais longas, de avião.
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