São Paulo, terça-feira, 18 de setembro de 2007

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Mortes na Anchieta-Imigrantes sobem 39%

Foram 104 vítimas fatais nos oito primeiros meses de 2007; número atingiu patamar recorde desde, no mínimo, 2002

Especialistas apontam abrandamento das multas e expansão do tráfego de motos e veículos como causas de crescimento

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

A quantidade de mortes nas rodovias do sistema Anchieta-Imigrantes, ligação da capital ao litoral paulista, saltou 39% nos primeiros oito meses deste ano, atingindo patamares recordes no mínimo desde 2002.
O abrandamento das multas por excesso de velocidade e a expansão do tráfego de motocicletas -e do restante de veículos, em tempos de crise aérea- são citados por especialistas como alguns fatores que podem ter contribuído com a disparada dos acidentes e vítimas.
No ano passado, foram 75 mortes entre janeiro e agosto nas estradas sob responsabilidade da Ecovias. No mesmo período de 2007, foram 104. O maior patamar dos últimos cinco anos, até então, havia sido em 2003, com 94 mortes.
O sistema Anchieta-Imigrantes tem a maior tarifa de pedágio do Estado -R$ 15,40 em Piratininga-Riacho Grande.
Uma das justificativas de Humberto de Souza Gomes, diretor-superintendente da concessionária, para ter havido mais mortes é a alta de 20% no tráfego de motos em 2007 -elas representam 2,3% dos veículos, mas 23% das vítimas.
Esses veículos não pagam pedágio nas rodovias estaduais sob concessão privada. Em 7 de Setembro, a quantidade delas praticamente dobrou em relação ao mesmo feriado de 2006.
As mortes de motociclistas nos primeiros oito meses do ano subiram 60%, de 15 para 24. A Ecovias defende restrições às motos com baixa cilindrada, dizendo que elas são frágeis e que se acidentam mais.
A proposta é criticada por Aldemir Martins, representante do sindicato dos trabalhadores motociclistas. "Nos feriados, por exemplo, bastaria fazer uma faixa exclusiva ou um comboio de motos", defende.
O aumento das mortes no sistema Anchieta-Imigrantes também se dá depois do abrandamento da punição de infratores por excesso de velocidade.
Uma lei federal que entrou em vigor no segundo semestre de 2006, às vésperas das eleições e sem consulta ao Departamento Nacional de Trânsito, fixou novas faixas de punição para quem passa os limites.
Nas estradas, quem ficasse entre 20% a 50% acima da velocidade cometia antes uma infração gravíssima multiplicada por três (multa de R$ 574 e suspensão automática da carteira).
Com a mudança, ela foi rebaixada para grave (R$ 127 e cinco pontos). E, numa rodovia com limite de 120 km/h, só passou a receber a punição máxima quem é flagrado a partir de 193 km/h, já que existe uma tolerância mínima obrigatória. "Todo mundo sabia e alertou que havia essa tendência de aumentar os acidentes. Uma medida que às vezes parece simpática pode matar quem está do nosso lado", diz Cristina Baddini, especialista em trânsito.
O governo paulista aboliu a operação dos radares móveis nas estradas à noite nos últimos meses -medida que também atenua a fiscalização.
Ainda pode ter contribuído com mais mortes a elevação de 4% no volume de veículos neste ano, quando a crise aérea levou muita gente a desistir de viagens mais longas, de avião.


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