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Governo de SP omite os dados sobre crimes e prisões
Secretarias retiraram dos sites estatísticas discriminadas por cidades e por presídios
Informações sobre número de presos não são divulgadas desde maio; índices de criminalidade por município são omitidos desde agosto
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo José Serra (PSDB)
passou a omitir os principais
índices de criminalidade do Estado de São Paulo. Desde o início de agosto, a Secretaria da
Segurança Pública deixou de
divulgar dados sobre violência
discriminados para cada um
dos 645 municípios paulistas.
Já a Secretaria da Administração Penitenciária não informa, desde maio, a situação dos
144 presídios do Estado.
Por conta da mudança, não é
mais possível saber ao menos
quantos roubos, furtos e homicídios aconteceram em cada cidade paulista. O site da Se-
cretaria da Segurança
(www.ssp.sp.gov.br/estatisticas) só informa os dados divididos por capital, Grande São
Paulo e interior.
A mesma pasta também não
informa os índices da criminalidade por bairros ou distritos
policiais da capital ou quantas
das 21 chacinas ocorridas no
Estado neste ano já tiveram
seus autores identificados.
"Isso é um passo atrás. Quanto mais o serviço público der
satisfações sobre os seus atos,
melhor", diz Guaracy Mingardi, diretor científico do Ilanud
(Instituto Latino-Americano
das Nações Unidas para Prevenção do Delito e Tratamento
do Delinqüente).
Os números sobre a violência
em cada município desapareceram desde agosto, quando a
gestão Serra concluiu uma revisão de todas as estatísticas de
segurança do Estado dos últimos três anos. A conclusão foi a
de que, só em crimes patrimoniais como seqüestro, roubo a
banco, de veículos e de carga,
mais de 16 mil ocorrências ficaram de fora dos dados oficiais.
A pasta informou que os dados
por município "serão recolocados brevemente, já corrigidos".
Mas não fixou uma data.
No Rio de Janeiro, por exemplo, a Secretaria de Estado de
Segurança mantém o ISP (Instituto de Segurança Pública) e
todas as estatísticas sobre violência estão em relatórios mensais no site www.isp.rj.gov.br.
As informações estão divididas
por cidades, regiões e bairros
da capital fluminense.
A Secretaria da Administração Penitenciária não informa
mais dados sobre a superlotação dos presídios paulistas.
Desde maio, o secretário Antonio Ferreira Pinto deixou de
divulgar o número de vagas e
da população prisional em cada
prisão do Estado.
Antes, era possível con-
sultar o site da pasta
(www.sap.sp.gov.br) e descobrir qual era o déficit de vagas em São Paulo. Agora, a pasta
alega "questões de segurança"
para não informar, por exemplo, o número de presos no
CDP (Centro de Detenção Provisória) de São Bernardo do
Campo, no ABC paulista.
A capacidade do CDP é de
768 presos. A Folha apurou,
porém, que, na manhã de ontem, havia 1.983 internos no local. À tarde, chegaram mais 17.
A estimativa de entidades de
direitos humanos é a de que o
Estado tenha hoje um déficit
de mais de 30 mil vagas.
A Folha solicita, desde 4 de
junho, que o secretário Ferreira Pinto informe quantos detentos estão em cada uma das
prisões paulistas. Mas ele não
atendeu aos pedidos da reportagem. A Corregedoria Administrativa da pasta também foi
informada sobre a omissão,
mas nada foi feito. O artigo 5º
da Constituição Federal, inciso
XXXIII, estabelece o direito de
todos receberem informações
dos órgãos públicos.
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