São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 2008

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Prefeitura demora 17 h para liberar rua

Mais de 20 toneladas de placas de madeira caíram de um caminhão na rua Vergueiro, na zona sul, na noite de terça

A subprefeitura alega que a seguradora impediu a remoção do material na madrugada; empresa não será multada pela demora

CRISTINA MORENO DE CASTRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A prefeitura demorou 17 horas para recolher mais de 20 toneladas de placas de madeira que caíram de um caminhão na rua Vergueiro (zona sul de SP), na noite de anteontem. O trânsito ficou complicado no trecho, que é de mão dupla, com uma pista por sentido.
Os veículos que seguiam no sentido centro-bairro foram desviados para a faixa de separação entre as pistas (trecho marcado com faixas amarelas e delimitado por sonorizadores) para não interromper o tráfego.
Foi por volta das 20h de terça que o caminhão a serviço da transportadora Transplac, de Uberaba (MG), inclinou pouco antes de uma curva na subida, deixando a carga cair.
Só às 13h15 de ontem a Subprefeitura do Ipiranga recolheu a última das 540 placas de madeira. Em seguida, a rua foi totalmente liberada.
Até as 6h de ontem, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) havia acionado a subprefeitura em dois momentos: pouco depois que a carga caiu e por volta das 2h, quando o inspetor da empresa seguradora da carga chegou ao local.
Nas duas vezes, a remoção não foi feita porque, segundo a subprefeitura, a seguradora prometia enviar um caminhão para realizar a tarefa.
A CET e a subprefeitura dizem que a responsabilidade de remover a carga é da empresa e que, enquanto isso não ocorre, elas ficam "engessadas".
O advogado José Almeida Sobrinho, especialista em leis de trânsito, afirma que interesses particulares não deveriam atrasar a retirada e que a prefeitura tem autoridade para remover o material. "Deve prevalecer o interesse público."
Segundo o motorista do caminhão acidentado, Alfredo Nunes, o representante da seguradora Shub "sumiu" no começo da manhã e a CET acionou pela terceira vez a subprefeitura, que só então mobilizou seus caminhões. O primeiro caminhão da subprefeitura chegou à rua Vergueiro às 8h, 12 horas após o incidente.
Cada uma das 540 placas pesa cerca de 50 kg e precisou ser carregada por quatro homens, enquanto outros dois puxavam os compensados de madeira para cima do caminhão.
O trabalho durou cinco horas e exigiu 12 viagens -a carga foi encaminhada para um depósito da prefeitura.
A CET informou que não irá aplicar multa porque deslizamento de carga não está previsto no código de trânsito, e o motorista e a transportadora não cometeram nenhuma infração -segundo a companhia, o caminhão trafegava em velocidade e horário permitidos e tinha os documentos em dia.
No entanto, a companhia fará um levantamento dos custos da operação -quantidade de "marronzinhos" que fizeram plantão durante toda a madrugada no local do acidente-, que serão repassados em cerca de 15 dias para a transportadora. Essa cobrança é prevista em uma lei municipal.
A subprefeitura diz que vai cobrar uma multa de R$ 500 da Transplac, com base em lei municipal de limpeza urbana. Não há penalidades previstas pela demora da remoção da carga e prejuízo ao trânsito.

Outro lado
Valdir Bonfim, representante da Transplac, disse que a responsabilidade pelo ocorrido -e todos os prejuízos decorrentes- é da Shub, seguradora da empresa de placas de madeira que embarcou o material.
Ele disse que não podia autorizar a remoção da carga até que a seguradora chegasse ao local. "Em 20 anos de fábrica, nunca vi tanta demora."
A seguradora Shub foi procurada por telefone para comentar o assunto. Até a conclusão desta edição, no entanto, não houve resposta.


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