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HENI SCAF (1910-2009)
O combatente de 32 lutou por 77 anos
TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Escondido da mãe, Heni
Scaf alistou-se aos 21 anos
para lutar na Revolução de
32. Deixou o interior de SP
com mais 75 voluntários rumo à serra da Mantiqueira.
Ficou 83 dias dentro de
uma trincheira, passou frio e
fome, teve as armas confiscadas pelos inimigos, viu muitos companheiros serem
mortos e perdeu a guerra.
Mas, dois anos depois, a
Constituição pela qual lutou
foi promulgada. "Ele sentia
muito orgulho de ter participado", conta a filha Sandra.
Por mais 77 anos continuou lutando, mas pelos direitos dos combatentes. Presidia a Associação dos Veteranos de 32 de Bauru, onde
morava, e ajudou a conquistar pensão e isenção de impostos para os que lutaram.
Em casa tinha quase um
museu: capacete de combate,
medalhas e pilhas de documentos, como uma carta do
presidente João Baptista Figueiredo o parabenizando.
No tempo livre, lia. "Guerra e Paz", de Leon Tolstói, estava entre os seus prediletos.
Neste ano, não participou
dos desfiles em homenagem
aos combatentes. Sofreu
uma queda e foi enfraquecendo até morrer, aos 98, de
parada cardiorrespiratória,
no dia 9. Deixou duas filhas,
quatro netos e dois bisnetos.
No velório, o topo do caixão ganhou uma bandeira do
Estado e um capacete da Revolução, usado cada vez que
um ex-combatente de Bauru
morre. Agora só um vive.
A missa de sétimo dia será
hoje, às 19h, na Catedral Ortodoxa, em São Paulo.
coluna.obituario@uol.com.br
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