São Paulo, sexta-feira, 18 de setembro de 2009

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HENI SCAF (1910-2009)

O combatente de 32 lutou por 77 anos

TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Escondido da mãe, Heni Scaf alistou-se aos 21 anos para lutar na Revolução de 32. Deixou o interior de SP com mais 75 voluntários rumo à serra da Mantiqueira.
Ficou 83 dias dentro de uma trincheira, passou frio e fome, teve as armas confiscadas pelos inimigos, viu muitos companheiros serem mortos e perdeu a guerra. Mas, dois anos depois, a Constituição pela qual lutou foi promulgada. "Ele sentia muito orgulho de ter participado", conta a filha Sandra.
Por mais 77 anos continuou lutando, mas pelos direitos dos combatentes. Presidia a Associação dos Veteranos de 32 de Bauru, onde morava, e ajudou a conquistar pensão e isenção de impostos para os que lutaram. Em casa tinha quase um museu: capacete de combate, medalhas e pilhas de documentos, como uma carta do presidente João Baptista Figueiredo o parabenizando. No tempo livre, lia. "Guerra e Paz", de Leon Tolstói, estava entre os seus prediletos.
Neste ano, não participou dos desfiles em homenagem aos combatentes. Sofreu uma queda e foi enfraquecendo até morrer, aos 98, de parada cardiorrespiratória, no dia 9. Deixou duas filhas, quatro netos e dois bisnetos. No velório, o topo do caixão ganhou uma bandeira do Estado e um capacete da Revolução, usado cada vez que um ex-combatente de Bauru morre. Agora só um vive.
A missa de sétimo dia será hoje, às 19h, na Catedral Ortodoxa, em São Paulo.

coluna.obituario@uol.com.br


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