São Paulo, Segunda-feira, 18 de Outubro de 1999
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SAIBA COMO ACONTECEU
Cidade teve 25 mil pessoas e 5.000 casas

especial para a Folha

Canudos foi fundada em 1893 por Antônio Conselheiro com o nome de Bello Monte. A aura messiânica da cidade e de seu fundador chegou a atrair, de acordo com documentos do Exército, cerca de 25 mil moradores, que viviam em 5.000 barracos -era a segunda maior cidade da Bahia.
Atraídas pelos milagres atribuídos a Antônio Conselheiro (Antônio Vicente Mendes Maciel) e pela fértil várzea do rio Vaza Barris, milhares de pessoas se dirigiam a Bello Monte.
Lá, ganhavam de Antônio Conselheiro um barraco (construído em mutirão quase que instantaneamente) e o direito a plantar para sobreviver. Em contrapartida, doavam à comunidade parte da produção.
Segundo o historiador da Uneb Manoel Antônio dos Santos Neto, o motivo aparente para a guerra foi uma compra de madeira, em Juazeiro, para a construção de uma igreja.
Conselheiro encomendou o produto a um comerciante e pagou adiantado. Como o comerciante não entregava o material, o "Bom Jesus" avisou que iria buscá-lo. Se não fosse entregue, queimaria a cidade.
O governador mandou uma expedição militar, em novembro de 1896, interceptar os cerca de 500 conselheiristas.
Aproximadamente 150 soldados combateram os conselheiristas. Dez soldados e 150 rebeldes morreram.
Uma segunda expedição, em janeiro de 1897, foi enviada para matar Antônio Conselheiro. Dessa vez eram 622 soldados, com dois canhões e quatro metralhadoras. Saldo do confronto: dez soldados mortos e mais de 300 conselheiristas.
A terceira expedição, em março de 1897, com 1.464 homens, foi comandada pelo violento coronel Moreira César (apelidado de "Corta Cabeças" por degolar seus inimigos). Depois de bombardear Canudos e quase tomar a cidade, Moreira César foi morto no front.
Cansado, quase sem munição e desmoralizado, o exército fugiu. O presidente Prudente de Morais mandou, então, no dia 25 de junho de 1897, três generais, seis brigadas e 10 mil soldados para derrotar os jagunços e destruir Canudos.
Dessa vez o ataque teve êxito. Os números não são consensuais entre os historiadores, mas a estimativa é que tenham morrido no conflito cerca de 25 mil pessoas, sendo 5.000 militares e 20 mil civis.
Antônio Conselheiro morreu dia 22 de setembro, de diarréia. A Guerra de Canudos terminou dia 5 de outubro de 1897.
Os jagunços que se entregaram e foram degolados. As mulheres foram estupradas, e Canudos, queimada pelo exército. (VA)

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