São Paulo, sábado, 18 de outubro de 2008

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Namoro entre os dois começou quando garota tinha 12 anos e Lindemberg, 19

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os destinos dos jovens Eloá Cristina Pimentel, 15, e Lindemberg Fernandes Alves, 22, até um mês atrás namorados havia dois anos e sete meses, cruzaram-se ali mesmo no conjunto da CDHU do Jardim Santo André, onde se conheceram, moravam e estudaram.
Os dois eram vizinhos entre aqueles 50 prédios. Eloá vivia com a família num dos blocos. A mãe e Alves, noutro. E as três irmãs do rapaz em um terceiro bem perto dali.
Um foi o primeiro relacionamento do outro, num romance pré-adolescente, com ela aos 12 e ele aos 19 anos.
Com o fim do namoro, para Alves sem motivo aparente, ela passou a ignorá-lo. Ainda assim, o rapaz insistia em reatar o relacionamento. Desde então, descrevem os colegas de peladas, ele ficou quieto, ouvia muita música e vivia com os olhos marejados.
Segundo os amigos do Jardim Santo André, Alves era um menino bom, que nunca se envolveu com o crime ou com drogas. Nem bebia. Para as três irmãs, ele, "que não era bandido, era trabalhador", havia entrado em depressão após o rompimento com a garota e havia passado a ameaçá-la de morte caso ela não reatasse o relacionamento. "Foi uma loucura", resumiu uma das irmãs, a cozinheira Francimar Alves.
A "loucura" foi personificada em ciúmes. Um dos adolescentes rendidos durante a invasão do apartamento em Santo André e feito refém -liberado logo depois, afirmou que Alves chegou nervoso ao local.
"Dizia que ela ferrou com a vida dele, porque ele terminou, mas ela não quis voltar. Disse que ficou um mês atrás dela e que se não ficasse com ele, não iria ficar com mais ninguém", disse a uma emissora de TV.

Orkut
Durante o cárcere privado, o mais longo da história de São Paulo, Nayara Rodrigues da Silva, outra adolescente de 15 anos feita refém, liberada e tornada refém mais uma vez, disse que o rapaz, irritado porque Eloá, após o casal terminar o namoro, adicionou um rapaz no Orkut, quebrou o modem do computador do apartamento. Orkut, aliás, que chegou a ser atualizado durante a prisão.
Único filho homem da família, Alves nasceu na Paraíba, mas migrou para Santo André ainda pequeno e lá viveu até os dias de hoje. Foi criado pelas irmãs. Estudou até concluir o ensino médio.
Todos os dias, às 5h da manhã, dava partida na moto e ia para São Bernardo, na fábrica da Bombril, onde trabalhava como auxiliar de produção até as 15h30.

Ciúmes
Para vizinhos de CDHU, que não eram da turma dos manos e dos bicos de entregador de pizza que eventualmente fazia, ele era "ciumento" e "possessivo". O fim do namoro com Eloá, dizem amigas dela, teria sido motivado por ciúmes.
"Ele sempre terminava, brigava por nada. Era um casal normal, a gente saía junto", afirmou a promotora de eventos Suellen Dafne Padiar,18, amiga das meninas feitas reféns. Por ter iniciado o namoro quando Eloá tinha 12 anos, a família da menina a princípio foi contra, mas acabou aceitando o relacionamento com o rapaz.
Outro adolescente colega de escola de Eloá diz ver Alves como "arrogante" com a ex-namorada. "Ela falava que ele era ciumento e possessivo." Há duas semanas, afirma, chegou a ser ameaçado na rua pelo rapaz. "Disse que se eu continuasse a vê-la ia me matar."
Para uma das irmãs mais velhas do rapaz, a doméstica Susi Fernandes Alves, 26, o casal reataria o namoro. "A gente achava que eles iam voltar. Eles se gostam muito", disse.


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