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Namoro entre os dois começou quando garota tinha 12 anos e Lindemberg, 19
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os destinos dos jovens Eloá
Cristina Pimentel, 15, e Lindemberg Fernandes Alves, 22,
até um mês atrás namorados
havia dois anos e sete meses,
cruzaram-se ali mesmo no conjunto da CDHU do Jardim Santo André, onde se conheceram,
moravam e estudaram.
Os dois eram vizinhos entre
aqueles 50 prédios. Eloá vivia
com a família num dos blocos.
A mãe e Alves, noutro. E as três
irmãs do rapaz em um terceiro
bem perto dali.
Um foi o primeiro relacionamento do outro, num romance
pré-adolescente, com ela aos 12
e ele aos 19 anos.
Com o fim do namoro, para
Alves sem motivo aparente, ela
passou a ignorá-lo. Ainda assim, o rapaz insistia em reatar o
relacionamento. Desde então,
descrevem os colegas de peladas, ele ficou quieto, ouvia muita música e vivia com os olhos
marejados.
Segundo os amigos do Jardim Santo André, Alves era um
menino bom, que nunca se envolveu com o crime ou com
drogas. Nem bebia. Para as três
irmãs, ele, "que não era bandido, era trabalhador", havia entrado em depressão após o
rompimento com a garota e havia passado a ameaçá-la de
morte caso ela não reatasse o
relacionamento. "Foi uma loucura", resumiu uma das irmãs,
a cozinheira Francimar Alves.
A "loucura" foi personificada
em ciúmes. Um dos adolescentes rendidos durante a invasão
do apartamento em Santo André e feito refém -liberado logo depois, afirmou que Alves
chegou nervoso ao local.
"Dizia que ela ferrou com a
vida dele, porque ele terminou,
mas ela não quis voltar. Disse
que ficou um mês atrás dela e
que se não ficasse com ele, não
iria ficar com mais ninguém",
disse a uma emissora de TV.
Orkut
Durante o cárcere privado, o
mais longo da história de São
Paulo, Nayara Rodrigues da Silva, outra adolescente de 15
anos feita refém, liberada e tornada refém mais uma vez, disse
que o rapaz, irritado porque
Eloá, após o casal terminar o
namoro, adicionou um rapaz
no Orkut, quebrou o modem do
computador do apartamento.
Orkut, aliás, que chegou a ser
atualizado durante a prisão.
Único filho homem da família, Alves nasceu na Paraíba,
mas migrou para Santo André
ainda pequeno e lá viveu até os
dias de hoje. Foi criado pelas irmãs. Estudou até concluir o ensino médio.
Todos os dias, às 5h da manhã, dava partida na moto e ia
para São Bernardo, na fábrica
da Bombril, onde trabalhava
como auxiliar de produção até
as 15h30.
Ciúmes
Para vizinhos de CDHU, que
não eram da turma dos manos e
dos bicos de entregador de pizza que eventualmente fazia, ele
era "ciumento" e "possessivo".
O fim do namoro com Eloá, dizem amigas dela, teria sido motivado por ciúmes.
"Ele sempre terminava, brigava por nada. Era um casal
normal, a gente saía junto",
afirmou a promotora de eventos Suellen Dafne Padiar,18,
amiga das meninas feitas reféns. Por ter iniciado o namoro
quando Eloá tinha 12 anos, a família da menina a princípio foi
contra, mas acabou aceitando o
relacionamento com o rapaz.
Outro adolescente colega de
escola de Eloá diz ver Alves como "arrogante" com a ex-namorada. "Ela falava que ele era
ciumento e possessivo." Há
duas semanas, afirma, chegou a
ser ameaçado na rua pelo rapaz. "Disse que se eu continuasse a vê-la ia me matar."
Para uma das irmãs mais velhas do rapaz, a doméstica Susi
Fernandes Alves, 26, o casal
reataria o namoro. "A gente
achava que eles iam voltar. Eles
se gostam muito", disse.
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