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São Paulo se transforma em metrópole criativa
Moda, design, games e apostas em novos setores da economia fazem com que a capital seja celeiro de ideias
FERNANDO MASINI
DA REVISTA DA FOLHA
São Paulo tem vocação para
"cidade criativa". Conta com
diversidade cultural, centros
tecnológicos, jovens empreendedores, redes sociais e iniciativas inovadoras em diferentes
setores da economia.
O urbanista americano Richard Florida defende que para
ganhar o título uma metrópole
deve ter talento, tecnologia e
tolerância. Já os ingleses gostam de destacar cultura, cooperação e comunicação.
Na capital paulista já existem
distritos que funcionam como
eixos de criatividade. Ana Carla
Fonseca, diretora da consultoria Garimpo de Soluções, cita a
Vila Madalena, com seus ateliês
e negócios descolados, e a Vila
Leopoldina, em que os antigos
galpões industriais deram lugar
a empresas multimídia.
A agência de propaganda Neogama/BBH é uma delas. Sem divisórias, só há paredes nos banheiros e salas de reuniões; o
presidente fica dentro de uma
cabine de vidro no centro.
A região tende a virar um
exemplo de "cluster" criativo,
como a Cidade Multimídia, em
Montreal, e a Barcelona 22@.
Estudo recente da Fundap
(Fundação do Desenvolvimento
Administrativo) mostra que
quase 8% dos empregos na região metropolitana vêm de setores como games, moda, design,
arte e novas tecnologias.
Um negócio criativo é formado por recursos intangíveis. "Os
recursos materiais geram a economia de competição, que deflagra crise ambiental e escassez",
afirma a professora Lala Deheinzelin, do Núcleo de Estudos
do Futuro da PUC. "Enquanto
os intangíveis não se esgotam e
se multiplicam."
O setor de moda, por exemplo,
transformou-se num bazar de
atitudes e marcas. Um quilo de
algodão no Brasil é exportado a
US$ 1, mas a mesma quantia de
moda vale US$ 80.
O estilista Jum Nakao, 42, cria
suas obras em seu ateliê na Vila
Mariana, na zona sul. Procurando experiências, foi para Muaná
(PA), onde comandou uma oficina para artesãs de bolsas e colares que trabalham com uma fibra chamada tururi.
Já quando se fala em design,
os criadores rimam criatividade
com sustentabilidade.
Ganham valor produções como as impressões em folhas de
árvores criadas pela empresa de
Frederico Gelli, a Tátil Design. O
produto foi testado na campanha de Fernando Gabeira (PV),
no Rio.
Na Saúde, a empresa de games
Kidguru emprega 15 pessoas,
poucos com mais de 30 anos. Ali,
jogos não são brincadeira. No
ano passado, o faturamento do
setor foi de quase R$ 90 milhões.
Os games hoje ocupam diversas
plataformas: celulares, televisores, computadores e até poltronas de avião.
O futuro
Um desafio para o futuro é
atrair gente criativa e empreendedora, por isso o urbanista
Jorge Wilheim propõe criar
ilhas digitais em áreas estratégicas da Grande SP, com roteadores no alto de prédios.
Outro desafio é entender a
metrópole como ser vivo em
mutação, diz a consultora Ana
Carla. "Enquanto SP não for
vista como ser único, não conseguiremos transformá-la."
A São Paulo criativa espera
por boas ideias.
Colaborou GUSTAVO FIORATTI
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