São Paulo, domingo, 18 de outubro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

São Paulo se transforma em metrópole criativa

Moda, design, games e apostas em novos setores da economia fazem com que a capital seja celeiro de ideias

FERNANDO MASINI
DA REVISTA DA FOLHA

São Paulo tem vocação para "cidade criativa". Conta com diversidade cultural, centros tecnológicos, jovens empreendedores, redes sociais e iniciativas inovadoras em diferentes setores da economia.
O urbanista americano Richard Florida defende que para ganhar o título uma metrópole deve ter talento, tecnologia e tolerância. Já os ingleses gostam de destacar cultura, cooperação e comunicação.
Na capital paulista já existem distritos que funcionam como eixos de criatividade. Ana Carla Fonseca, diretora da consultoria Garimpo de Soluções, cita a Vila Madalena, com seus ateliês e negócios descolados, e a Vila Leopoldina, em que os antigos galpões industriais deram lugar a empresas multimídia.
A agência de propaganda Neogama/BBH é uma delas. Sem divisórias, só há paredes nos banheiros e salas de reuniões; o presidente fica dentro de uma cabine de vidro no centro.
A região tende a virar um exemplo de "cluster" criativo, como a Cidade Multimídia, em Montreal, e a Barcelona 22@.
Estudo recente da Fundap (Fundação do Desenvolvimento Administrativo) mostra que quase 8% dos empregos na região metropolitana vêm de setores como games, moda, design, arte e novas tecnologias.
Um negócio criativo é formado por recursos intangíveis. "Os recursos materiais geram a economia de competição, que deflagra crise ambiental e escassez", afirma a professora Lala Deheinzelin, do Núcleo de Estudos do Futuro da PUC. "Enquanto os intangíveis não se esgotam e se multiplicam."
O setor de moda, por exemplo, transformou-se num bazar de atitudes e marcas. Um quilo de algodão no Brasil é exportado a US$ 1, mas a mesma quantia de moda vale US$ 80.
O estilista Jum Nakao, 42, cria suas obras em seu ateliê na Vila Mariana, na zona sul. Procurando experiências, foi para Muaná (PA), onde comandou uma oficina para artesãs de bolsas e colares que trabalham com uma fibra chamada tururi.
Já quando se fala em design, os criadores rimam criatividade com sustentabilidade.
Ganham valor produções como as impressões em folhas de árvores criadas pela empresa de Frederico Gelli, a Tátil Design. O produto foi testado na campanha de Fernando Gabeira (PV), no Rio.
Na Saúde, a empresa de games Kidguru emprega 15 pessoas, poucos com mais de 30 anos. Ali, jogos não são brincadeira. No ano passado, o faturamento do setor foi de quase R$ 90 milhões. Os games hoje ocupam diversas plataformas: celulares, televisores, computadores e até poltronas de avião.

O futuro
Um desafio para o futuro é atrair gente criativa e empreendedora, por isso o urbanista Jorge Wilheim propõe criar ilhas digitais em áreas estratégicas da Grande SP, com roteadores no alto de prédios.
Outro desafio é entender a metrópole como ser vivo em mutação, diz a consultora Ana Carla. "Enquanto SP não for vista como ser único, não conseguiremos transformá-la."
A São Paulo criativa espera por boas ideias.
Colaborou GUSTAVO FIORATTI


Texto Anterior: Trânsito: Sábado registra 53 km de lentidão em SP
Próximo Texto: Economia criativa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.