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Rodovia que recebeu menos verba ganhou mais pedágio desde 2009
Concessionárias que administram Marechal Rondon gastaram menos de 70% do previsto
Estrada, que entrou na 2ª fase de concessões do governo do Estado, ganhou oito praças de pedágio desde 2009
ALENCAR IZIDORO
DE SÃO PAULO
A rodovia Marechal Rondon, uma das mais importantes do interior de São Paulo,
recebeu a maior quantidade
de novas praças de pedágio
da segunda fase de concessões do governo estadual.
As duas concessionárias
que a administram, no entanto, foram as que menos
investiram entre todas que
assumiram estradas paulistas de dois anos para cá.
A ViaRondon, responsável
pelo trecho oeste da rodovia,
desembolsou R$ 69 milhões
em melhorias até julho deste
ano -só 61% do previsto.
A Rodovias do Tietê, que
cuida do trecho leste da Marechal Rondon, gastou R$ 76
milhões, 69% do estimado
por sua proposta original.
Os resultados destoam do
volume de investimentos das
outras concessionárias, que,
gerenciando malhas rodoviárias semelhantes ou menores, injetaram entre R$ 106
milhões e R$ 408 milhões, de
80% a 165% do programado.
Os gastos podem incluir
desde reforma da sinalização, da pista ou implantação
de acostamentos.
O ritmo mais lento nos desembolsos encontra eco na
queixa de usuários.
"O pavimento já começa a
ter rachaduras, faltam
guard-rails. Não vi nenhuma
reforma significativa. Só pedágios em excesso", reclama
José Angelo Cagnon, vice-diretor da Faculdade de Engenharia da Unesp em Bauru.
A condição da estrada até
foi considerada "boa" em
pesquisa deste ano da CNT
(Confederação Nacional do
Transporte), nota aquém da
maioria das rodovias paulistas -mais de metade recebeu avaliação "ótima".
A Marechal Rondon tem 13
praças de cobrança, 8 delas
implantadas de 2009 para cá.
O sistema Ayrton Senna/
Carvalho Pinto foi repassado
para a Ecopistas sem a instalação de novos pedágios (só
permaneceram os quatro que
já existiam). A concessionária desembolsou nesse período R$ 106 milhões -quase
20% acima do estimado na
proposta original.
ATRASO
Estado e concessionárias
alegam que cada rodovia repassada à iniciativa privada
tem planos e características
específicas. Por isso, rejeitam
as comparações. Além disso,
negam atrasos em obras que
pudessem representar descumprimento contratual.
Primeiro porque, segundo
as concessionárias, os gastos
poderão ser concentrados no
final do segundo ano da concessão -ou seja, do término
de 2010 ao começo de 2011.
Além disso, segundo a Artesp (agência do governo estadual), os valores investidos
não têm, necessariamente,
relação direta com a execução das obras obrigatórias.
Por exemplo, a concessionária pode fazer uma intervenção por um preço mais
baixo do que estimava. Ou
então, deixar para fazer uma
obra quando chegar mais
perto do limite contratual.
A segunda etapa de concessões de rodovias em SP foi
realizada no governo José
Serra (PSDB).
Investimentos abaixo do
previsto ocorrem também em
concessões federais feitas pelo governo Lula (PT), como
revelou a Folha em agosto.
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