São Paulo, segunda-feira, 18 de outubro de 2010

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Rodovia que recebeu menos verba ganhou mais pedágio desde 2009

Concessionárias que administram Marechal Rondon gastaram menos de 70% do previsto

Estrada, que entrou na 2ª fase de concessões do governo do Estado, ganhou oito praças de pedágio desde 2009

ALENCAR IZIDORO
DE SÃO PAULO

A rodovia Marechal Rondon, uma das mais importantes do interior de São Paulo, recebeu a maior quantidade de novas praças de pedágio da segunda fase de concessões do governo estadual.
As duas concessionárias que a administram, no entanto, foram as que menos investiram entre todas que assumiram estradas paulistas de dois anos para cá.
A ViaRondon, responsável pelo trecho oeste da rodovia, desembolsou R$ 69 milhões em melhorias até julho deste ano -só 61% do previsto.
A Rodovias do Tietê, que cuida do trecho leste da Marechal Rondon, gastou R$ 76 milhões, 69% do estimado por sua proposta original.
Os resultados destoam do volume de investimentos das outras concessionárias, que, gerenciando malhas rodoviárias semelhantes ou menores, injetaram entre R$ 106 milhões e R$ 408 milhões, de 80% a 165% do programado.
Os gastos podem incluir desde reforma da sinalização, da pista ou implantação de acostamentos.
O ritmo mais lento nos desembolsos encontra eco na queixa de usuários.
"O pavimento já começa a ter rachaduras, faltam guard-rails. Não vi nenhuma reforma significativa. Só pedágios em excesso", reclama José Angelo Cagnon, vice-diretor da Faculdade de Engenharia da Unesp em Bauru.
A condição da estrada até foi considerada "boa" em pesquisa deste ano da CNT (Confederação Nacional do Transporte), nota aquém da maioria das rodovias paulistas -mais de metade recebeu avaliação "ótima".
A Marechal Rondon tem 13 praças de cobrança, 8 delas implantadas de 2009 para cá.
O sistema Ayrton Senna/ Carvalho Pinto foi repassado para a Ecopistas sem a instalação de novos pedágios (só permaneceram os quatro que já existiam). A concessionária desembolsou nesse período R$ 106 milhões -quase 20% acima do estimado na proposta original.

ATRASO
Estado e concessionárias alegam que cada rodovia repassada à iniciativa privada tem planos e características específicas. Por isso, rejeitam as comparações. Além disso, negam atrasos em obras que pudessem representar descumprimento contratual.
Primeiro porque, segundo as concessionárias, os gastos poderão ser concentrados no final do segundo ano da concessão -ou seja, do término de 2010 ao começo de 2011.
Além disso, segundo a Artesp (agência do governo estadual), os valores investidos não têm, necessariamente, relação direta com a execução das obras obrigatórias.
Por exemplo, a concessionária pode fazer uma intervenção por um preço mais baixo do que estimava. Ou então, deixar para fazer uma obra quando chegar mais perto do limite contratual.
A segunda etapa de concessões de rodovias em SP foi realizada no governo José Serra (PSDB).
Investimentos abaixo do previsto ocorrem também em concessões federais feitas pelo governo Lula (PT), como revelou a Folha em agosto.


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