São Paulo, terça-feira, 18 de outubro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Sem médico, hospital recusa pacientes baleados

PM e GCM foram acionadas para conter parentes revoltados em unidade de Itaquera

JOSMAR JOZINO

DO "AGORA"

Dois homens chegaram baleados na noite de anteontem ao Hospital Municipal Doutor Waldomiro de Paula, em Itaquera (zona leste de SP), mas não receberam atendimento porque a unidade não tinha médicos. Também não havia ambulância para remover feridos.
O office-boy Willian Francisco Muniz chegou ao local por volta das 23h30, em um carro da PM. Ele havia levado dois tiros nas costas e um na perna e perdia bastante sangue. Seus familiares chegaram logo em seguida, em outro veículo.
O paciente mal foi colocado na maca e os seguranças avisaram: "Não tem médico".
O mesmo aconteceu com o motoboy Clóvis Guilherme de Lira Vieira, 21. Baleado na perna esquerda, ele aguardou durante duas horas, em vão, em cadeiras de rodas, o atendimento médico.
Inconformados, Roberto de Jesus Muniz, 47, pai do office-boy, e outros parentes começaram a gritar e a andar pelas dependências do hospital, à procura de médico.
Desesperados, eles ameaçaram: "Se ele morrer, vamos quebrar tudo. É uma vergonha, um absurdo não ter médico aqui".
Uma enfermeira chegou a aplicar soro e outros medicamentos em Muniz, mas nenhum médico apareceu para atendê-lo.
Parentes dos pacientes ficaram revoltados com a situa-ção e ameaçaram quebrar as instalações da unidade.
Funcionários ficaram com medo de possíveis agressões e a Guarda Civil Metropolitana e a Polícia Militar foram acionadas para conter o tumulto no local.
Por volta da 0h, uma ambulância do Hemocentro chegou e o office-boy foi transferido para o Hospital de Ermelino Matarazzo. Dez minutos depois, Lira Vieira foi levado pela PM, sangrando, para a mesma unidade de saúde.

ELEVADORES
Os quatro elevadores da unidade também estavam sem funcionar anteontem. O corpo de José Antonio de Brito, 77, foi carregado por parentes pelas escadas do terceiro andar até o necrotério, no subsolo do hospital.
"Isso é um descaso, é uma falta de respeito com o ser humano", desabafou Antonio Sebastião Ferreira de Brito, 49, filho de José.
O aposentado sofria de diabetes e enfisema pulmonar. Ele estava internado havia duas semanas e morreu no domingo à tarde.
Segundo funcionários, o elevador tem problemas há cerca de dois meses.


Texto Anterior: Lixo hospitalar é vendido até pela internet
Próximo Texto: Outro lado: Faltam médicos em todo o país, diz superintendente
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.