São Paulo, sábado, 18 de novembro de 2006

Próximo Texto | Índice

Jovem anoréxica morre aos 21 anos

É a segunda morte em decorrência da doença em menos de uma semana; para avó, distúrbio é diabólico

Carla Casalle, 21, fazia tratamento há cinco anos; família desconfia que ela comprava remédios pela internet, sem receita médica

JORGE SOUFEN JR
ENVIADO ESPECIAL A ARARAQUARA

MARIA FERNANDA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO

A estudante Carla Sobrado Casalle, 21, morreu anteontem em Araraquara (273 km de SP) de parada cardíaca, provavelmente decorrente de anorexia nervosa, doença que a obrigava a se submeter a tratamento há cinco anos -desde o começo da semana, ela estava internada na Beneficência Portuguesa.
Carla é a segunda vítima de anorexia em menos de uma semana -no dia 14, a modelo Ana Carolina Reston Macan, 21, morreu com 40 kg, após infecção generalizada -conseqüência de uma anorexia nervosa.
Carla tinha 1,74 m, pesava 55 kg e usava manequim 34. Mas, na infância, era considerada uma menina gordinha e, segundo parentes, passou a consumir remédios para emagrecer.
A estudante foi enterrada ontem. Segundo um tio de Carla, que pediu para não ser identificado, ela passou mal na segunda-feira de manhã e foi internada na UTI do hospital Beneficência Portuguesa, de Araraquara. Entubada, ela teve uma parada cardíaca. Os médicos a reanimaram, mas anteontem, por volta das 6h, ela teve outra parada cardíaca e não resistiu.
A advogada Ilka Sobrado, 48, tia de Carla, disse que ela teve intoxicação por excesso de ingestão de remédios. Ela afirma que a família suspeita que Carla, mesmo com o acompanhamento de um médico e de um psicólogo, tinha acesso a remédios para emagrecer sem receita médica por meio da internet.
Carla morava com os avós maternos e com a mãe e cursava psicologia no Uniara (Centro Universitário de Araraquara) desde 2005. Mas, desde junho, ela não freqüentava mais as aulas e tinha autorização para fazer provas e trabalhos em casa em razão de sua saúde.
Em 2004, Carla ingressou no curso de moda da Faculdade Anhembi Morumbi, mas cursou menos de um ano, pois, após uma crise nervosa, os parentes acharam melhor levá-la de volta a Araraquara. Ainda em 2004, Carla havia sido internada em uma clínica em São Paulo para tratar a doença.
A avó dela, Maria Luiza Sobrado, disse que a neta já chegou a pesar 48 kg. "Ela sabia que era bonita, mas se achava gorda." "É uma alucinação essa doença. É diabólica. Vai destruindo os neurônios. Ela ficou seis meses dentro de casa, ficava muito na internet", disse.
Segundo a avó, Carla bebia muita água durante o dia e depois ia para a balança se pesar. "Depois de ir no banheiro, ela pesava de novo", disse a avó.
De acordo com o tio, Carla era uma menina "gordinha", mas depois começou a emagrecer muito e os familiares só perceberam "depois de um certo tempo" que isso poderia ser um problema.


Próximo Texto: Walter Ceneviva: Vôos atrasados e solução idem
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.