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Boom do petróleo ameaça piorar favelização no litoral
Municípios e Petrobras prevêem uma reedição do fluxo migratório dos anos 70
Obras para a exploração das reservas descobertas na bacia de Santos tendem a atrair grandes contingentes de trabalhadores braçais
Raimundo Paccó/Folha Imagem
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Juqueí viu crescimento desordenado na década de 1970 |
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM UBATUBA E SÃO
SEBASTIÃO
O litoral norte de São Paulo
está às vésperas de um novo
impasse. Na verdade, revê um
desafio que já enfrentou e perdeu: como conciliar grandes
obras de infra-estrutura e a injeção maciça de investimentos
e, ao mesmo tempo, impedir os
fluxos migratórios que engrossaram as favelas nos morros da
serra do Mar nos anos 70.
Há três décadas, os atrativos
eram a rodovia Rio-Santos e o
porto de São Sebastião.
Foi dali que surgiram as favelas no entorno de Barra do Saí,
Juqueí e Maresias, costa sul de
São Sebastião, local das praias
com terrenos mais valorizados
do Estado.
Agora, é a vez do boom de petróleo e gás, com a descoberta
de grandes reservas na bacia de
Santos, a duplicação da rodovia
dos Tamoios (SP) e a ampliação
do porto de São Sebastião.
São obras que tendem a
atrair grandes contingentes de
trabalhadores da construção
civil, mesmo grupo que, a partir
dos anos 70, se fixou nos morros por falta de opção.
É graças a esse fluxo que as
quatro cidades do litoral norte
-São Sebastião, Ilhabela, Ubatuba e Caraguatatuba- exibem
a maior taxa de crescimento
populacional do Estado, com
média de 3,69% ao ano, segundo dados do IBGE. O Estado
cresce 1,52% ao ano.
A especulação imobiliária do
"boom do petróleo e do gás" já
começou em Caraguá, onde um
apartamento de dois dormitórios passou de R$ 120 mil para
R$ 190 mil.
É um risco admitido pela
própria Petrobras. Só a construção da unidade de tratamento de gás, em Caraguá, e do gasoduto que irá a Taubaté (SP)
vai mobilizar 4.300 pessoas.
Caraguatatuba, 95 mil habitantes, pode crescer até 40%
nos próximos anos, estima a
Petrobras. Em Maresias, a
maioria das casas irregulares
está longe da orla. Mas é lá que
está o maior número de pessoas em áreas invadidas: até
4.000 moradores.
(JOSÉ ERNESTO CREDENDIO, AFRA BALAZINA, THIAGO
REIS e FÁBIO AMATO)
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