São Paulo, domingo, 18 de novembro de 2007

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Boom do petróleo ameaça piorar favelização no litoral

Municípios e Petrobras prevêem uma reedição do fluxo migratório dos anos 70

Obras para a exploração das reservas descobertas na bacia de Santos tendem a atrair grandes contingentes de trabalhadores braçais

Raimundo Paccó/Folha Imagem
Juqueí viu crescimento desordenado na década de 1970


DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM UBATUBA E SÃO SEBASTIÃO

O litoral norte de São Paulo está às vésperas de um novo impasse. Na verdade, revê um desafio que já enfrentou e perdeu: como conciliar grandes obras de infra-estrutura e a injeção maciça de investimentos e, ao mesmo tempo, impedir os fluxos migratórios que engrossaram as favelas nos morros da serra do Mar nos anos 70.
Há três décadas, os atrativos eram a rodovia Rio-Santos e o porto de São Sebastião.
Foi dali que surgiram as favelas no entorno de Barra do Saí, Juqueí e Maresias, costa sul de São Sebastião, local das praias com terrenos mais valorizados do Estado.
Agora, é a vez do boom de petróleo e gás, com a descoberta de grandes reservas na bacia de Santos, a duplicação da rodovia dos Tamoios (SP) e a ampliação do porto de São Sebastião.
São obras que tendem a atrair grandes contingentes de trabalhadores da construção civil, mesmo grupo que, a partir dos anos 70, se fixou nos morros por falta de opção.
É graças a esse fluxo que as quatro cidades do litoral norte -São Sebastião, Ilhabela, Ubatuba e Caraguatatuba- exibem a maior taxa de crescimento populacional do Estado, com média de 3,69% ao ano, segundo dados do IBGE. O Estado cresce 1,52% ao ano.
A especulação imobiliária do "boom do petróleo e do gás" já começou em Caraguá, onde um apartamento de dois dormitórios passou de R$ 120 mil para R$ 190 mil.
É um risco admitido pela própria Petrobras. Só a construção da unidade de tratamento de gás, em Caraguá, e do gasoduto que irá a Taubaté (SP) vai mobilizar 4.300 pessoas.
Caraguatatuba, 95 mil habitantes, pode crescer até 40% nos próximos anos, estima a Petrobras. Em Maresias, a maioria das casas irregulares está longe da orla. Mas é lá que está o maior número de pessoas em áreas invadidas: até 4.000 moradores. (JOSÉ ERNESTO CREDENDIO, AFRA BALAZINA, THIAGO REIS e FÁBIO AMATO)


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