São Paulo, terça-feira, 18 de novembro de 2008

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Ganhador de bolão na Mega-Sena é morto com um tiro no peito

Vítima e mais 13 amigos de Limeira (SP) dividiram prêmio de R$ 16 milhões em 2007; para polícia, há elo entre crime e prêmio

Viúva afirma que principal suspeito é outro apostador, que deixou de jogar naquela semana; homem depôs e foi liberado pela polícia


MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LIMEIRA

Um dos ganhadores de um prêmio da Mega-Sena pago em maio do ano passado foi assassinado anteontem à noite após um churrasco em sua chácara, em Limeira (151 km de SP). Altair Aparecido dos Santos, 43, levou um tiro no peito. A principal linha de investigação da Polícia Civil até agora é a de ligação entre o crime e o prêmio.
A viúva de Santos apontou como suspeito de envolvimento no crime Dogival Bezerra de Oliveira, 51, conhecido como "Chaveiro", que ficou de fora do bolão que resultou na premiação -naquela semana ele não pagou o valor da aposta.
Oliveira se apresentou ontem à tarde à polícia, negou participação no assassinato e foi liberado em seguida.
A viúva, Maria Isabel Cano, 40, declarou à polícia -no boletim de ocorrência- que Santos vinha recebendo ameaças e que Oliveira havia instalado uma faixa em um bar do bairro três dias antes do crime com os dizeres: "Limeira está pequena para nós dois". Ela disse à polícia que Oliveira reivindicava uma parte do prêmio.
Santos foi baleado com um tiro no peito à queima-roupa por volta das 21h30. Ele foi atingido quando saiu na varanda da chácara para apagar as luzes, segundo a polícia. Ele foi socorrido por um vizinho, mas não resistiu ao ferimento e morreu no hospital.
Outras 13 pessoas entraram no bolão e os 14 dividiram o prêmio de R$ 16 milhões. O grupo se reunia em um bar e costumava apostar semanalmente. Cada um apostou R$ 5.
Na época, os dois amigos que ficaram de fora do bolão entraram na Justiça na tentativa de receber parte do prêmio.
Em meio à disputa judicial, o grupo de ganhadores concordou em pagar uma parcela menor aos dois que ficaram fora.
Oliveira disse à polícia que recebeu R$ 270 mil do grupo e que há cinco meses havia pedido mais R$ 25 mil para Santos, que negou o pedido.
"Não o via [Santos] havia cinco meses. Pedi R$ 25 mil para fazer um tratamento de saúde e sair da cidade", disse Oliveira ao deixar a delegacia.
Em seu depoimento, Oliveira disse que "jamais mataria alguém" e negou ter instalado a faixa com as ameaças. "Pretendia sair de Limeira porque não tinha mais lugar para mim aqui", declarou à polícia.
Segundo investigações preliminares, no momento do crime, estavam na chácara, além de Santos, seus pais, sua mulher e seu filho, de oito anos.
O porteiro do condomínio, Laudelino Batista Paiva, disse à Folha que, após o crime, duas mulheres deixaram o local, mas não soube precisar quem eram. Ele disse que elas eram da família de Santos e que uma delas disse: "Houve um acidente. Liga para a polícia para mim".
A chácara tem um muro de aproximadamente dois metros e meio na frente e nas laterais, além de alambrado e arame farpado. Após o muro, nos fundos, há um pasto.
O delegado responsável pela investigação, João Batista Vasconcelos, disse que Oliveira declarou que estava com a família no momento do crime.
No dia anterior ao crime, a família de Santos e de sua mulher se reuniram na chácara para comemorar o aniversário do filho. Alguns familiares vieram do Paraná. No domingo, resolveram fazer um churrasco.
A família não quis se manifestar ontem. Santos foi enterrado às 18h.


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