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Ganhador de bolão na Mega-Sena é morto com um tiro no peito
Vítima e mais 13 amigos de Limeira (SP) dividiram prêmio de
R$ 16 milhões em 2007; para polícia, há elo entre crime e prêmio
Viúva afirma que principal
suspeito é outro apostador,
que deixou de jogar naquela
semana; homem depôs e
foi liberado pela polícia
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LIMEIRA
Um dos ganhadores de um
prêmio da Mega-Sena pago em
maio do ano passado foi assassinado anteontem à noite após
um churrasco em sua chácara,
em Limeira (151 km de SP). Altair Aparecido dos Santos, 43,
levou um tiro no peito. A principal linha de investigação da
Polícia Civil até agora é a de ligação entre o crime e o prêmio.
A viúva de Santos apontou
como suspeito de envolvimento no crime Dogival Bezerra de
Oliveira, 51, conhecido como
"Chaveiro", que ficou de fora do
bolão que resultou na premiação -naquela semana ele não
pagou o valor da aposta.
Oliveira se apresentou ontem à tarde à polícia, negou
participação no assassinato e
foi liberado em seguida.
A viúva, Maria Isabel Cano,
40, declarou à polícia -no boletim de ocorrência- que Santos
vinha recebendo ameaças e que
Oliveira havia instalado uma
faixa em um bar do bairro três
dias antes do crime com os dizeres: "Limeira está pequena
para nós dois". Ela disse à polícia que Oliveira reivindicava
uma parte do prêmio.
Santos foi baleado com um
tiro no peito à queima-roupa
por volta das 21h30. Ele foi
atingido quando saiu na varanda da chácara para apagar as luzes, segundo a polícia. Ele foi
socorrido por um vizinho, mas
não resistiu ao ferimento e
morreu no hospital.
Outras 13 pessoas entraram
no bolão e os 14 dividiram o
prêmio de R$ 16 milhões. O
grupo se reunia em um bar e
costumava apostar semanalmente. Cada um apostou R$ 5.
Na época, os dois amigos que
ficaram de fora do bolão entraram na Justiça na tentativa de
receber parte do prêmio.
Em meio à disputa judicial, o
grupo de ganhadores concordou em pagar uma parcela menor aos dois que ficaram fora.
Oliveira disse à polícia que
recebeu R$ 270 mil do grupo e
que há cinco meses havia pedido mais R$ 25 mil para Santos,
que negou o pedido.
"Não o via [Santos] havia cinco meses. Pedi R$ 25 mil para
fazer um tratamento de saúde e
sair da cidade", disse Oliveira
ao deixar a delegacia.
Em seu depoimento, Oliveira
disse que "jamais mataria alguém" e negou ter instalado a
faixa com as ameaças. "Pretendia sair de Limeira porque não
tinha mais lugar para mim
aqui", declarou à polícia.
Segundo investigações preliminares, no momento do crime, estavam na chácara, além
de Santos, seus pais, sua mulher e seu filho, de oito anos.
O porteiro do condomínio,
Laudelino Batista Paiva, disse à
Folha que, após o crime, duas
mulheres deixaram o local, mas
não soube precisar quem eram.
Ele disse que elas eram da família de Santos e que uma delas
disse: "Houve um acidente. Liga para a polícia para mim".
A chácara tem um muro de
aproximadamente dois metros
e meio na frente e nas laterais,
além de alambrado e arame farpado. Após o muro, nos fundos,
há um pasto.
O delegado responsável pela
investigação, João Batista Vasconcelos, disse que Oliveira declarou que estava com a família
no momento do crime.
No dia anterior ao crime, a família de Santos e de sua mulher
se reuniram na chácara para
comemorar o aniversário do filho. Alguns familiares vieram
do Paraná. No domingo, resolveram fazer um churrasco.
A família não quis se manifestar ontem. Santos foi enterrado às 18h.
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