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MARIA STELLA COUTINHO DE ALCANTARA GIL (1923-2008)
Teve uma chácara com chão de estrelas
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Téia era moça da elite. Morou na avenida Paulista, na
época em que o cartão-postal
da cidade era ocupado por
casarões luxuosos. Até que
veio 1950, e tudo mudou.
Naquele ano, Maria Stella
Coutinho de Alcantara Gil
casou-se com um "médico
idealista", que queria exercer
a pediatria para os mais necessitados. A trabalho, o marido mudou-se para a pequena Macaubal, a 511 km de São
Paulo. Téia o acompanhou.
Lá, a realidade era outra:
teve de aprender a pilotar o
forno à lenha e se acostumar
com os banhos no "chuveiro
Tiradentes" (enchia-se um
balde, com furinhos, preso
sobre a cabeça, que era acionado com uma cordinha).
"Ela dizia que foi uma das fases mais felizes da vida dela",
lembra o filho advogado.
Quando a filha estava para
nascer, mudaram-se para
São José do Rio Preto (SP),
onde o marido acabou eleito
vice-prefeito. Téia fundou
um voluntariado para angariar suprimentos para o hospital de base da cidade.
No começo dos anos 70,
entrou como sócia numa escola, mas ficou até 1976,
quando o marido faleceu.
Teve ainda uma pequena
chácara chamada "Chão de
Estrelas", em homenagem à
música de Orestes Barbosa e
Sílvio Caldas. "Ela andava
numa perua, cheia de adubo,
café, cabrito. Ela adorava essas coisas", conta a filha, ex-reitora da UFSCar. Chegou a
ganhar prêmio pela maior
produção por mil pés de café.
Nos últimos anos, pintava
aquarelas. Morreu na quinta,
em SP, aos 85, de infarto. Teve três filhos e três netos.
obituario@folhasp.com.br
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