São Paulo, segunda-feira, 18 de dezembro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRAGÉDIA
Passageiros vieram a São Paulo para participar do enterro de uma pessoa da família, morta a tiros na sexta-feira
5 vítimas de acidente de avião eram parentes

DO "AGORA SÃO PAULO"

Cinco das sete pessoas que morreram na noite de anteontem no acidente com o bimotor turbo-hélice Aero Commandaer, prefixo PT-IEE, pertenciam à mesma família, que estivera em São Paulo para participar do enterro de um parente. As outras duas vítimas eram tripulantes da aeronave. Além deles, uma moradora da rua onde ocorreu o acidente morreu de ataque cardíaco. Outras quatro pessoas ficaram feridas.
O avião caiu menos de quatro minutos depois de ter recebido autorização para decolar do aeroporto de Congonhas, às 21h19 de anteontem, segundo a Infraero e a sala de radar do DPV (Departamento de Proteção ao Vôo) do Ministério da Aeronáutica. A aeronave pegou fogo e atingiu três casas da rua Andaquara e duas da rua Antônio Terzi, em Campo Grande (zona sul).
O empresário João Izidoro de Andrade, 53, que morreu no acidente, havia vindo a São Paulo para participar do enterro de seu filho, o microempresário Sérgio Ricardo de Andrade, que foi morto na sexta-feira à noite em Vila Nova Cachoeirinha, zona norte, após reagir a um assalto.
João Izidoro estava acompanhado do sogro, o empresário Márcio Artur Lerro Ribeiro, 57. No mesmo vôo estavam os filhos de Lerro Ribeiro, Márcio Rocha Ribeiro Neto, 28, e Gabriela Gimenes Ribeiro, 31, além do outro genro do empresário, Sílvio Name Júnior, 33.
Segundo a Infraero, o avião pertencia a Fernando Caetano, dono da Agropecuária João Caetano, razão social do frigorífico Naviraí, em Maringá (PR), do qual Lerro Ribeiro era sócio.
Os tripulantes do avião, José Traspadini, 64 anos, e Geraldo Antônio da Silva Júnior, 38 anos, também morreram.
Um amigo da família Ribeiro, o dentista Laurindo Furquim, disse ontem que Márcio Artur Lerro Ribeiro havia pedido o avião emprestado para Caetano para virem ao enterro em São Paulo.
Pouco antes de voltar para Maringá, Ribeiro teria ligado para seu sócio Fernando Caetano dizendo que estava com medo de voar por causa da chuva que caía em São Paulo. "Ele não queria embarcar. O Fernando (sócio) disse para ele vir em um avião maior", afirmou Furquim.

Queimaduras
Pedro Paulo Soeira, 13 anos, estava assistindo televisão quando sua casa foi atingida pelo avião. Ele sofreu queimaduras graves em 40% do corpo e está internado desde ontem no Hospital Geral de São Mateus (zona leste). Segundo a unidade, seu estado de saúde é estável.
No momento da queda do bimotor, a mãe Ana Rosa Cruz Araújo, 40 anos, e o irmão Fernando Soeira, 21 anos, estavam saindo para ir ao supermercado.
Ana Rosa não conseguiu conter o desespero ontem ao ver sua casa destruída. "Eu perdi tudo. Minha preocupação é só meu filho. Só sei que ele tem muita sede", disse.
De acordo com o supervisor da Infraero em Congonhas, Miguel Marcos Vaz, apesar da chuva e das rajadas de vento na região do aeroporto, as condições de vôo eram normais na hora em que o bimotor decolou.
Funcionários da sala de radar do DPV disseram que o avião sumiu do radar de três a quatro minutos após levantar vôo. O local da queda fica, segundo eles, a quatro milhas (6,43 quilômetros) a oeste de Congonhas. A Aeronáutica não sabe a causa do acidente.



Texto Anterior: Há 50 anos
Próximo Texto: Clima: Chuva interdita trecho da marginal
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.