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São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 2003

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RETRATOS DO BRASIL

Rapazes são as maiores vítimas de mortes violentas; entre o sexo feminino, taxa cresceu 20,8% em 12 anos

Violência atinge mais as mulheres jovens

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

As mortes por causas externas (acidentes e violência) cresceram no Brasil e, em 2002, foram responsáveis por 70,67% dos óbitos de rapazes de 15 a 24 anos. É a maior taxa desde 1990. O problema também começa a atingir as mulheres e, nos últimos anos, cresceu mais entre jovens do sexo feminino, segundo o IBGE.
De 1990 a 2002, a proporção de mortes por causas externas -acidentes de trânsito, envenenamentos, afogamentos, quedas, homicídios e suicídios- no total de mortes de mulheres jovens (15 a 24 anos) cresceu 20,8%. Entre homens na mesma faixa de idade, o crescimento foi de 17,2%. Mesmo assim, as mortes violentas ainda são mais comuns entre homens, principalmente os de 15 a 24 anos.
Em 2002, 34,14% das mortes de mulheres jovens foram violentas. Entre homens jovens, 70,67%. Em 1990, as mortes violentas na faixa etária eram 60,25% entre homens e 28,25% entre mulheres.
As mortes por causas externas também vêm crescendo: entre homens, representaram, em 2002, 16,31% das mortes, o triplo do verificado entre mulheres, 4,53%. Em 1990, as mortes violentas eram 14,17% dos óbitos de homens e 4,33% dos de mulheres.
"Há uma epidemia de violência no país", disse o demógrafo do IBGE Celso Simões, para quem isso já influencia na redução da expectativa de vida dos homens.
Em 2002, a expectativa de vida do homem chegou a 67,3 anos, contra 74,9 anos para as mulheres. A diferença vem crescendo nos últimos anos, e o principal motivo são as mortes violentas.
Os dados do IBGE apontam ainda um crescimento generalizado das mortes violentas em várias regiões do país, possivelmente relacionada a motivos diferentes.
Enquanto no Sudeste as mortes violentas parecem estar mais relacionadas a questões urbanas, como crimes e acidentes de trânsito, nas áreas rurais essa mortalidade estaria ligada à violência resultante de conflitos pela posse da terra.
No Sudeste, 79,64% das mortes de jovens são por acidentes ou violência. No Sul, 70,09%.
O Rio é o Estado com maior taxa de mortes violentas de rapazes: 270,3 por 100 mil habitantes. A seguir, vêm Amapá (244,1), São Paulo (233,9), Espírito Santo (228,2), Roraima (219,5) e Pernambuco (217,1). A taxa nacional é de 151,1 por 100 mil habitantes.
Entre as mulheres de 15 a 24 anos, a mais alta taxa de mortalidade por causas violentas foi registrada no Espírito Santo (44). A menor, no Ceará (8,4). A taxa nacional é 18 por 100 mil habitantes.


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