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DANUZA LEÃO
Encarando
Há mulheres, já não assim
tão jovens, que acham que
um dia vão encontrar um homem
maduro, grisalho, charmoso, intelectual, bem de vida -não precisa ter todas essas características,
umas duas já seriam mais do que
suficientes; esse homem seria tão
inteligente que saberia que as
mocinhas de 20 anos não estão
com nada e que uma mulher madura, ainda bonita e cheia de experiência, é tudo que ele pode almejar. Ai, ai.
Depois de alguns anos tentando
e vendo que esse homem não existe (existir ele existe, só que prefere
sempre uma de 20), partem para
um mais jovem, achando que a
juventude vai se deslumbrar com
seu charme, seu glamour e sua sabedoria. Afinal, se pode um homem de 60 com uma garota de
20, por que não o contrário? Por
que não?
Bem, não é exatamente por aí,
mas apenas uma questão de saber o que a humanidade inteira
sabe -menos as que acham que
homens e mulheres são iguais:
não só que esse romance vai acabar (e até aí tudo bem, muitos
acabam), ou um belo dia ela vai
descobrir que ele é gay (coisa que
nem ele sabia) e que tinha por ela
aquele amor de gay pela mãe.
Duro vai ser o tamanho -e sobretudo a qualidade- do sofrimento que ela vai ter. Porque poder pode tudo, mas sabendo, e
com uma única condição: não se
apaixonar.
Existem diversas maneiras de
encarar o tempo: muitos vão para
o campo ficar mais próximos da
natureza, outros viram budistas,
alguns juntam um dinheirinho e
mudam de país, uns passam a beber três uísques por dia, regularmente, uns vêem televisão, uns jogam biriba, uns contam histórias
do passado e usam muito a expressão "no meu tempo", outros
andam na praia para manter a
forma, enfim: cada um inventa
uma maneira. Mas qual seria a
melhor solução? Manter um casamento morno, privilegiando as
qualidades do parceiro e não
olhando seus defeitos, para não
envelhecer sozinha, ou chutar o
balde e ir à luta, achando que vai
achar esse homem idealizado,
mas se arriscando a não encontrar ninguém e passar o resto da
vida sozinha? Qualquer que seja
a escolha, lá um dia vai se pegar
pensando se fez a melhor coisa ou
não, e muitas vezes vai se arrepender do rumo que deu à sua vida. Porque não se tem certeza absoluta de nada, e garantias, menos ainda. Fazer o quê, então?
Não sei; cada um é responsável
por suas escolhas, mas, como tudo
tem seu preço, um dia a conta vai
chegar.
Não adianta se iludir, a vida é
assim mesmo. Quando se é criança, só se recebe: se recebe tudo, de
todas as pessoas. Quando se é jovem, também, só que não de todos. O tempo vai passando e começa-se a dividir tudo, inclusive
as contas. Mais tarde, todos os
problemas -e só os problemas-
caem no seu colo,e você passa a
viver para dar compreensão, carinho, ombro, conselhos que não serão jamais seguidos, quebrar os
galhos e pagar as contas, é claro.
E não passa pela cabeça de ninguém o quanto você às vezes precisa de compreensão, de carinho,
de um ombro, de um conselho, de
quem te ouça, de quem te chame
para jantar.
E nem precisa pagar a conta: isso é o de menos.
E-mail - danuza.leao@uol.com.br
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