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SAÚDE/ONCOLOGIA
Medicamento bloqueia produção de hormônio necessário para o crescimento do tumor
Sobrevida aumenta 30% em mulher com tumor de mama
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Mulheres que passaram pela
menopausa e enfrentam o câncer
de mama têm agora uma nova
opção de tratamento que aumenta em até 30% a sobrevida: trata-se da terapia com medicamentos
da classe dos inibidores de aromatase -enzima que transforma
androgênio em estrogênio e age
no tumor, no tecido gorduroso e
nos músculos.
Estudos feitos com 9.366 mulheres, apresentados na última semana no San Antonio Breast Cancer Symposium, nos Estados Unidos, mostraram também que os
riscos de metástese (migração do
tumor para outros tecidos) diminuíram 39% e o risco de recorrência do tumor, após o uso de inibidores de aromatase, caiu 40%.
Estima-se que cerca de 60% das
mulheres tenham tumores que
dependem do hormônio estrogênio para crescer. Atualmente, o
tratamento padrão é feito com o
uso do tamoxifeno. Esse medicamento age diretamente nos receptores de estrogênio presentes
nas células (inclusive na célula tumoral), fazendo com que a mama
fique "insensível" ao hormônio.
O problema é que essa terapia é
eficaz por cinco anos. Depois disso, o organismo da mulher fica resistente à droga e o tratamento é
feito apenas com acompanhamento médico constante.
"Além de o tamoxifeno perder a
eficácia, ele tem um efeito colateral importante, que é a possibilidade de aparecer câncer no endométrio", explicou o mastologista
Antônio Frasson, coordenador
do centro de mama da PUC-RS.
A produção de estrogênio pelos
ovários é interrompida depois da
menopausa. Mesmo assim, a mulher continua produzindo esse
hormônio por meio das enzimas.
Os inibidores de aromatase agem
bloqueando a função dessas enzimas e, portanto, impedindo que a
mulher produza mais estrogênio.
"Esses medicamentos são muito bons para as mulheres que estão na menopausa. Para outras
mulheres, ele é ineficaz", ponderou Luiz Henrique Gebrim, chefe
do departamento de mastologia
da Unifesp (Universidade Federal
de São Paulo) e diretor do Hospital Pérola Byington.
O oncologista clínico Sérgio Simon, do Albert Einstein, lembra
que os inibidores de aromatase
têm um efeito colateral importante: aumentam o risco de osteoporose. Por isso, as mulheres sentem
mais dores nas articulações e precisam ser medicadas para prevenir casos de fratura óssea.
O câncer de mama é o que mais
causa morte entre as mulheres
brasileiras. Segundo dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer),
em 2003 foram diagnosticados
41,6 mil novos casos e houve 9.300
mortes. Para 2006, o Inca prevê
48.930 novos casos.
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