São Paulo, domingo, 18 de dezembro de 2005

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SAÚDE/ONCOLOGIA

Medicamento bloqueia produção de hormônio necessário para o crescimento do tumor

Sobrevida aumenta 30% em mulher com tumor de mama

FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Mulheres que passaram pela menopausa e enfrentam o câncer de mama têm agora uma nova opção de tratamento que aumenta em até 30% a sobrevida: trata-se da terapia com medicamentos da classe dos inibidores de aromatase -enzima que transforma androgênio em estrogênio e age no tumor, no tecido gorduroso e nos músculos.
Estudos feitos com 9.366 mulheres, apresentados na última semana no San Antonio Breast Cancer Symposium, nos Estados Unidos, mostraram também que os riscos de metástese (migração do tumor para outros tecidos) diminuíram 39% e o risco de recorrência do tumor, após o uso de inibidores de aromatase, caiu 40%.
Estima-se que cerca de 60% das mulheres tenham tumores que dependem do hormônio estrogênio para crescer. Atualmente, o tratamento padrão é feito com o uso do tamoxifeno. Esse medicamento age diretamente nos receptores de estrogênio presentes nas células (inclusive na célula tumoral), fazendo com que a mama fique "insensível" ao hormônio.
O problema é que essa terapia é eficaz por cinco anos. Depois disso, o organismo da mulher fica resistente à droga e o tratamento é feito apenas com acompanhamento médico constante.
"Além de o tamoxifeno perder a eficácia, ele tem um efeito colateral importante, que é a possibilidade de aparecer câncer no endométrio", explicou o mastologista Antônio Frasson, coordenador do centro de mama da PUC-RS.
A produção de estrogênio pelos ovários é interrompida depois da menopausa. Mesmo assim, a mulher continua produzindo esse hormônio por meio das enzimas. Os inibidores de aromatase agem bloqueando a função dessas enzimas e, portanto, impedindo que a mulher produza mais estrogênio.
"Esses medicamentos são muito bons para as mulheres que estão na menopausa. Para outras mulheres, ele é ineficaz", ponderou Luiz Henrique Gebrim, chefe do departamento de mastologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e diretor do Hospital Pérola Byington.
O oncologista clínico Sérgio Simon, do Albert Einstein, lembra que os inibidores de aromatase têm um efeito colateral importante: aumentam o risco de osteoporose. Por isso, as mulheres sentem mais dores nas articulações e precisam ser medicadas para prevenir casos de fratura óssea.
O câncer de mama é o que mais causa morte entre as mulheres brasileiras. Segundo dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer), em 2003 foram diagnosticados 41,6 mil novos casos e houve 9.300 mortes. Para 2006, o Inca prevê 48.930 novos casos.


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