São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

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Anac paga R$ 2,9 milhões a mais em aluguel de prédio

Local foi oferecido em 2007 por R$ 8,6 mi (valor anual), mas agência fechou por R$ 11,5 mi

Valor para locação de estrutura de cerca de 12 mil metros quadrados no centro do Rio é 33% superior ao de negociação anterior


ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) alugou o prédio que acomoda sua estrutura no Rio de Janeiro por um valor 33% superior ao preço que o próprio órgão negociara para o mesmo imóvel no ano passado.
Trata-se do edifício Torre Boa Vista, na avenida Presidente Vargas (centro do Rio), com 21 andares, além de 51 vagas de garagem em um outro prédio que fica em frente.
A Anac vai pagar à dona do local, LC Vargas Desenvolvimento Imobiliário Ltda., R$ 960,5 mil mensais, o que corresponde a R$ 80 por metro quadrado. No total, são cerca de 12 mil metros quadrados.
Conforme documentos obtidos pela Folha, em julho de 2007 a empresa Latour Capital Real Estate, por meio do corretor João Carlos Mansur, ofereceu à Anac o mesmo imóvel, com as vagas extras de garagem, por R$ 60 o metro quadrado -ao custo total de R$ 720 mil mensais.
A agência informou desconhecer essa proposta.
Mansur negociou com Edson Ribeiro, que, na ocasião, segundo a assessoria da Anac, era gerente-geral de Recursos Logísticos e trabalhava no Rio.
Por conta da nova negociação, em um ano os cofres públicos vão pagar R$ 2,9 milhões a mais pelo aluguel da estrutura da Anac no Rio.
Segundo um funcionário que se identificou como Rogério, a Latour, com sede em São Paulo, pertence ao mesmo grupo empresarial da LC Vargas Ltda.
O contrato de aluguel foi fechado mediante dispensa de licitação, sob o argumento, amparado na legislação, de que as instalações do prédio atendem às necessidades do órgão público e que o preço cobrado é compatível com o mercado.
O termo de dispensa de licitação foi assinado pela diretora-presidente da Anac, Solange Vieira, com o superintendente de Administração e Finanças da agência, Adriano Pereira de Paula, no dia 29 de setembro.

Mercado
O corretor Cláudio Castro, da imobiliária Sérgio Castro, que há 60 anos atua no mercado do Rio e é especializada em imóveis no centro da cidade, disse à Folha que há um sobrepreço no contrato assinado.
Segundo Castro, por conta da região, o prédio é desvalorizado e seu aluguel máximo por metro quadrado deveria ser R$ 60, mesmo o edifício tendo sido reformado nos últimos anos.
Para o corretor Fernando Duarte, da Delta Imobiliária, no entanto, a reforma feita no edifício sustenta o valor de R$ 80 por metro quadrado contratado pela Anac.
Também especializado em negócios no centro da cidade, o corretor Inácio Robles, da Office Imóveis, acha que o proprietário do edifício Torre Boa Vista "fez um ótimo negócio". Robles tomou como padrão de comparação o prédio Rio Branco 1, que fica a cerca de 800 metros da base da Anac e tem sido alugado por algo entre R$ 60 e R$ 70 o metro quadrado.


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