São Paulo, sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

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Natal e 13º fazem crescer golpes por celular

Polícia já identificou, além do golpe do SMS, outros 3 tipos: o do falso acidente, o da instituição beneficente e o do carro barato

"É bom lembrar que, se a pessoa não está em nenhuma promoção, é impossível ela ser premiada", diz delegado

DOUGLAS SANTOS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO

AFONSO BENITES
DA REPORTAGEM LOCAL

Luciano (nome fictício), 23, técnico de informática desempregado de Ribeirão Preto (314 km de SP), recebeu uma mensagem no celular informando que tinha ganho um C4 Pallas, carro de luxo da Citroën. Bastava ligar de um telefone fixo para o celular identificado no SMS e seguir as orientações. Entusiasmado, acabou depositando R$ 1.000 em uma conta do Nordeste.
O clima de compras de Natal e o pagamento do 13º salário incentivam os estelionatários a aplicar mais golpes, segundo a Polícia Civil. Só neste mês, além do golpe do SMS, outros três tipos foram identificados: o do falso acidente, o da instituição beneficente e o do carro barato.
"Nesta época, cria-se um clima de otimismo que deixa as pessoas mais vulneráveis", diz o delegado André Luiz Pimentel, do 81º DP de São Paulo.
Nos últimos dez dias, ao menos duas pessoas procuraram a delegacia para informar que sofreram o golpe do acidente. Neste mês, pelo menos dez pessoas foram vítimas do golpe do SMS em Ribeirão.
Em todo o Estado, a Polícia Civil notou aumento de golpes. "Até minha filha recebeu um [SMS]", diz o delegado Targino Osório, da DIG de Sertãozinho.
Segundo os relatos em São Paulo, um golpista ligou no celular, disse ser sobrinho da vítima e que tinha sofrido um acidente de carro. Pedia R$ 2.000 emprestado para que pagasse o conserto do carro em que ele bateu, senão não seria liberado do local do acidente. Comovida, a vítima foi ao banco e depositou o dinheiro numa conta.
O golpe da instituição de caridade ocorre quando alguém liga pedindo doação para uma entidade que quer comprar presentes de Natal para crianças. Por ser um valor considerado baixo (de R$ 10 a R$ 50), a vítima doa o dinheiro. "As pessoas precisam saber para quem estão fazendo doação", alerta Pimentel.
O estelionato do carro barato costuma prosperar por meio de anúncios em jornais e na internet. Ele anuncia que um veículo está 15% mais barato que o preço de mercado, por exemplo. O comprador deposita parte do valor e, quando vai retirar o veículo, percebe ter sido vítima de um golpe, pois a empresa não recebeu os pagamentos.

Mensagens aleatórias
No caso do SMS, explica o delegado José Gonçalves Neto, da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Ribeirão, os estelionatários mandam mensagens aleatórias para centenas de celulares anunciando prêmios, como casas e carros.
Segundo o policial, além do 13º salário, esta é uma época de muitas promoções no comércio. "Os estelionatários se aproveitam desses fatores. É bom lembrar que, se a pessoa não está em nenhuma promoção, é impossível ela ser premiada."
As contas usadas pelos estelionatários, segundo a polícia, são de laranjas, o que dificulta a identificação dos golpistas. "Quando conseguimos autorização para quebrar o sigilo delas, o golpista já sacou o dinheiro e está longe", diz Pimentel.


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