São Paulo, sábado, 18 de dezembro de 2010

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Nossa missão no Rio é ganhar tempo, afirma general

Para Fernando Sardenberg, operação do Exército no Alemão permitirá à PM formar agentes para o local

"Estaremos por mais de dez meses numa região vastíssima", diz ele, que promete afastar soldado que cometer excessos


ITALO NOGUEIRA
DO RIO

Comandante da tropa precursora brasileira no Haiti, em 2004, o general Fernando Sardenberg, 52, cumpre função semelhante nos complexos de favelas do Alemão e da Penha, no Rio, ocupados desde o dia 28 de novembro.
O general afirma que sua missão é "ganhar tempo".

 

Folha - O Exército está pronto para a missão?
Fernando Sardenberg -
Temos muita gente que trabalhou no Haiti. Temos como nossa missão constitucional a garantia da lei e da ordem. Todo soldado se adestra para isso e para a defesa externa.

O Haiti foi um aprendizado?
Temos muitas semelhanças, como o ambiente operacional. Mas quem passou pelo Haiti sabe que nossa preocupação não é só operacional. O acerto com a ONU é trabalharmos só na segurança. Mas ajudamos com médicos, dentistas, engenharia.

O que fará se um soldado cometer excesso?
Será afastado e vai responder disciplinarmente. Se for alguém da Polícia Militar, ou da prefeitura, do governo do Estado, na hora ligo para o secretário de Segurança, e está fora da missão.

Há questionamentos sobre o aspecto jurídico da missão...
Na minha esfera, respondo pela área de pacificação, cumpro as determinações. Tudo o que farei será dentro da legalidade. Temos regras definindo procedimentos.

O ministro Nelson Jobim defende o emprego do Exército nesse tipo de missão para valorizá-lo e obter mais recursos. A missão pode dar nova cara ao Exército?
Há políticas e estratégias que não são do meu nível. Os interesses do Exército, o que o comandante, o ministro pensam eu não sei. Eu executo. Diria só que temos a nossa finalidade finalística, que é a defesa externa. A nação investe dinheiro em nós para essa atividade. Fazemos isso com afinco, o tempo todo.

Ao dizer que só executa, o sr. mostra resignação?
Não. É objetividade. A política é o que fazer. Quem define é o ministério e o comando. A estratégia é como fazer. Órgãos ligados ao comando designam quem vai fazer, o tempo e recursos. Eu sou tático. Não estou resignado. Estou motivado.

O Exército pode ser empregado em outras áreas?
Estaremos por mais de dez meses numa região vastíssima. Estamos proporcionando ao Rio uma economia de meios considerável. Eles podem concentrar esforços em outras frentes, como a formação de quadros. Minha missão é ganhar tempo.


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