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EDUCAÇÃO
Legislação ampliou o ensino fundamental de oito para nove anos, mas, na prática, medida não traz alteração pedagógica
Mudança em séries confunde pais e alunos
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
A mudança da legislação que
aumentou de oito anos para nove
anos o ensino fundamental está
causando confusão entre pais de
estudantes das escolas particulares de São Paulo.
Alguns colégios estão avisando
os pais que seus filhos "pularam"
uma série. A medida, porém, não
traz mudanças pedagógicas -é
apenas de nomenclatura.
A confusão ocorre porque uma
lei aprovada pelo Congresso no
ano passado -e sancionada pelo
governo Lula- prevê que a
criança com seis anos deve estar
no primeiro ano do ensino fundamental, e não mais no infantil. Na
prática, a antiga pré-escola passa a
ser a primeira série. O ensino fundamental, que terminava no oitavo ano, acabará no nono.
O maior impacto da medida
ocorrerá nas redes públicas do
país, pois a pré-escola será obrigatória -hoje, é só um direito.
A mudança, porém, ainda não é
obrigatória em São Paulo. Isso
porque essa lei não ampliou o
tempo de duração do ensino fundamental de oito para nove anos.
Ou seja, os estudantes poderiam
perder um ano ao final do ciclo.
Para corrigir isso, o governo Lula enviou ao Legislativo um novo
texto, com a ampliação do ensino
fundamental. Como a matéria
ainda não foi aprovada pelo Senado, ficou a cargo dos conselhos estaduais decidir o que fazer até que
haja uma definição final.
O conselho de São Paulo decidiu que os alunos de seis anos poderiam ser matriculados tanto no
último ano do ensino infantil
quanto no primeiro do fundamental -a rede pública resolveu
não fazer a mudança.
As escolas que vêm avisando os
pais que seus filhos "saltaram"
um ano são as que aderiram à lei.
Esse foi o caso da relações-públicas Elisângela Domingueti, 32. Ela
foi avisada pelo colégio Albert
Einstein (na zona sul de São Paulo) de que sua filha Mariana, 6,
pularia do pré para o segundo
ano. "Uma amiga me disse que
haveria mudança, mas não sabia
direito o que era", diz ela. "Pouco
depois, o colégio mandou uma
carta e nos chamou para uma reunião para dizer que, na prática,
nada mudava. O conteúdo será
igual ao da primeira série."
Como as escolas particulares
paulistas puderam escolher se
aderiam ou não ao sistema, neste
ano alunos da mesma idade poderão estar em séries diferentes.
"Imagina a confusão? Em uma
escola, meu filho está na segunda
série. Em outra, na terceira", diz o
diretor do Sieeesp (sindicato das
escolas particulares do Estado)
Roberto Prado. "Qual a diferença?
Nenhuma, é só nomenclatura. O
conteúdo é o mesmo."
Como não há definição do plano pedagógico para a mudança, o
conselho estadual indicou que a
primeira série com alunos de seis
anos, em 2006, seja igual à pré-escola. "Em educação, nada pode
ser brusco", diz o presidente do
órgão, Marcos Monteiro.
Se por um lado não haverá mudanças pedagógicas, por outro
haverá confusão de nomes.
Algumas escolas, como a Albert
Einstein, já fizeram a adequação
ao novo sistema, por isso houve o
"salto". Em outras, as crianças de
seis anos estarão na pré-escola
neste ano e apenas em 2007 haverá o "pulo". "Queremos mudar o
modelo pedagógico do pré. Resolvemos esperar", diz a diretora do
colégio Santa Maria (na zona sul
de São Paulo), Anne Hoe.
Há ainda as escolas que não mudarão a nomenclatura para os
alunos que entraram até este ano.
Com isso, haverá, por exemplo,
criança na segunda série no sistema de oito anos e na segunda série
no sistema de nove anos -a primeira estará um ano à frente.
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