São Paulo, sábado, 19 de janeiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Masp oferece vaga em conselho em troca de recursos financeiros

Nota é uma resposta às propostas de estatização do museu feitas por intelectuais

DA REPORTAGEM LOCAL

O Masp (Museu de Arte de São Paulo) decidiu abrir seu conselho deliberativo para a participação da prefeitura, do Estado e do Ministério da Cultura, desde que apóiem financeiramente o museu.
Em nota publicada hoje em vários jornais, Júlio Neves, presidente da diretoria, e Adib Jatene, presidente do conselho deliberativo, afirmam que a direção do museu aceita a participação dos três níveis de governo e de entidades e empresas privadas no conselho "desde que vinculados ao aporte regular de recursos financeiros".
A nota é uma resposta às propostas de estatização do Masp feitas por intelectuais e que estão sendo discutidas pelo movimento SOS Masp, liderado por Luiz Marques, ex-curador do museu. As propostas começaram a surgir após o furto de duas obras (já recuperadas) do acervo do Masp, em dezembro.
O conselho deliberativo tem poder limitado: sugere diretrizes de gestão, que podem ser seguidas ou não pela diretoria. Já os diretores são eleitos por um grupo secreto de pessoas. Essa situação vem desde a década de 1950, quando o museu foi criado pelo empresário Assis Chateaubriand, dono do grupo Diários Associados.
O secretário municipal de Cultura, Carlos Augusto Calil considerou positivo o aceno de que órgãos públicos poderão participar da gestão mesmo que precisem pagar por isso -em 2007, a prefeitura transferiu R$ 1,2 milhão ao museu.
"O estatuto do Masp é inteiramente anacrônico e precisa ser revisto. Ele foi feito a partir do modelo empresarial do Assis Chateaubriand. Os Diários Associados faliram em 1980. Então, esse modelo faliu pelo menos em 1980", afirmou.
Para Calil, "o grã-fino que quer participar do Masp tem que pôr dinheiro, mas não pode haver um estatuto que permita sócios ocultos. Não é maçonaria". Ele propõe transformar o museu em uma OS (organização social) ou em fundação.
Ronaldo Bianchi, secretário-adjunto de Estado da Cultura, disse que acha ótima a participação do Estado no conselho do Masp, mas diz que os benefícios fiscais que a prefeitura, Estado e União dão ao museu também devem ser considerados "aporte de recursos".
Bianchi também alertou para o fato de que o acervo do Masp é tombado pelo Condephaat (conselho estadual de defesa do patrimônio cultural) e que, por isso, o Estado também tem responsabilidades sobre o museu.
Na nota, Neves e Jatene pedem que a população demonstre apoio ao Masp por meio de um abaixo-assinado no site do museu (www.masp.art.br).
A dívida do Masp é de cerca de R$ 14 milhões. Desse total, o museu não reconhece R$ 4 milhões devidos à Eletropaulo.


Texto Anterior: 700 motoboys fazem protesto em São Paulo
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.