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ADMINISTRAÇÃO
Prefeita usa aparição pública para cobrar posição em relação à licitação do transporte coletivo
Marta apela à "sensibilidade" do TCM
DA REPORTAGEM LOCAL
A agenda da prefeita Marta Suplicy (PT) ontem foi dedicada
principalmente à habitação, mas
ela aproveitou duas ocasiões para
falar da crise no transporte coletivo: cobrou "sensibilidade" dos
conselheiros do Tribunal de Contas do Município (TCM) na tomada de posição em relação à licitação que modifica o sistema na capital e criticou, mais uma vez, os
empresários do setor.
Numa visita de cerca de 15 minutos às obras do terminal de ônibus da Lapa (zona oeste de SP), a
prefeita, acompanhada pelo ministro das Cidades, Olívio Dutra,
se recusou a dar entrevistas, mas
convocou os jornalistas presentes
para um pronunciamento.
"Eu queria dizer uma coisa", começou. "O TCM tem responsabilidades imensas, é assoberbado de
trabalho, mas, para a cidade de
São Paulo, é muito importante
que essa licitação ocorra dentro
de um prazo de viabilidade. Os
conselheiros têm reunião amanhã
[hoje], e esperamos que eles consigam ter uma determinação,
uma resolução, um parecer em
relação à licitação. Essa questão é
vital para o transporte da cidade, e
nós esperamos que os conselheiros tenham uma sensibilidade de
colocar uma posição amanhã
[hoje]", completou, saindo sem
responder a nenhuma pergunta.
Depois disso, o secretário dos
Transportes, Jilmar Tatto, afirmou que, se o TCM liberar a licitação, marca a entrega das propostas pelos concorrentes para
daqui a uma semana. Se isso não
acontecer, "é responsabilidade
deles [dos conselheiros]". "Mas
acredito na sensibilidade do tribunal", completou.
Um pouco depois, na favela Paraisópolis (também na zona oeste), onde assinou decretos que
buscam viabilizar a urbanização
da região, Marta, do palco, citou o
transporte coletivo como uma das
"enormes necessidades" da cidade de São Paulo e criticou duramente os empresários de ônibus.
Ela os classificou como uma
"turma que está há dez anos explorando o povo e dando um serviço de quinta categoria". Disse
ainda que os empresários são
contra a nova licitação porque
querem continuar recebendo dinheiro e não dar nada em troca.
A concorrência, lançada em janeiro pela Secretaria dos Transportes, foi suspensa no início deste mês porque o TCM viu ilegalidades no edital. Os empresários
são abertamente contra as exigências da prefeitura, principalmente
em relação aos investimentos em
renovação de frota. Nenhuma das
39 empresas que operam hoje na
cidade fez o depósito que assegura a participação no processo.
O TCM tem sessão hoje, mas informou que, ontem, os conselheiros ainda avaliavam os documentos enviados pelo município.
Alterações
A Folha apurou, porém, que a
prefeitura avalia já ter conseguido
inverter a posição do órgão nos
principais questionamentos. A
maior preocupação era a exigência de mudança no critério de escolha dos vencedores, que, para a
Secretaria dos Transportes, provavelmente não precisará mais de
alteração -os conselheiros já estariam convencidos da legalidade.
O edital prevê que vençam as
empresas que propuserem a menor remuneração por passageiro
transportado, enquanto o TCM
exigiu que o vencedor fosse escolhido pela menor tarifa oferecida.
A administração Marta Suplicy,
entretanto, já se prepara para alterar o tempo máximo de concessão. A licitação diz que os contratos são por dez anos, prorrogáveis
por mais cinco, mas podem durar
até 25 anos, dependendo dos investimentos feitos pelas viações.
O TCM questionava os critérios
para essa extensão contratual. A
prefeitura deverá reduzir os prazos sem ter que lançar novo edital.
A Folha apurou ainda que os
conselheiros podem realmente
avaliar a licitação hoje.
Procurado pela reportagem, o
Transurb, sindicato dos empresários de ônibus, informou por
meio da assessoria de imprensa
que não se manifestaria sobre as
críticas da prefeita.
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