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VIOLÊNCIA
Após fuga de 15, diretor de cadeia chamou Alckmin de "rei" e secretários de "príncipes'; perdeu o cargo no mesmo dia
Delegado é afastado ao criticar superlotação
DO "AGORA"
Indignado com a fuga de 15 dos
163 presos que se amontoavam
nas celas da Cadeia Pública de
Diadema (ABC), o diretor do local, delegado João Alves de Almeida, 45, criticou duramente, em
entrevista à reportagem, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e
os secretários Saulo de Castro
Abreu Filho (Segurança Pública)
e Nagashi Furukawa (Administração Penitenciária).
Minutos depois de saber das declarações do delegado Almeida,
Abreu Filho e o diretor do Demacro (Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo), Nelson Guimarães, chefes do delegado, afastaram-no do cargo de diretor da prisão e o passaram para
um posto de assistente na delegacia seccional local. "Ele [Almeida]
está muito estressado e foi injusto
ao falar assim do doutor Saulo.
Por isso, vai passar por um remanejamento administrativo. Não é
uma punição", disse Guimarães.
Abreu Filho e Furukawa foram
chamados pelo delegado Almeida
de "príncipes"; Alckmin, de "rei".
"Eles estão descumprindo uma
decisão judicial. Por isso os classifico assim", afirmou Almeida.
Segundo o delegado, Alckmin,
Abreu Filho e Furukawa "sentem-se semideuses" porque desde 17
de dezembro uma decisão judicial
determinou que a cadeia fosse interditada por problemas graves,
mas, mesmo assim, o local continua recebendo presos.
Os problemas na cadeia de Diadema são tantos que, há mais de
seis meses, os presos circulam, dia
e noite, pelo pátio interno e não
são trancados nas celas -elas não
têm mais grades, arrancadas durante rebeliões. Há também remendos nas paredes, e o chão
ameaça afundar por causa dos túneis. Na fuga de ontem, os presos
fizeram um buraco no teto. Nenhum foi recapturado.
O delegado conta que, quando
consegue vaga em prisões do interior, enfrenta outra dificuldade:
não tem dinheiro para o combustível dos carros que vão transferir
os detentos nem para o almoço
dos policiais da escolta.
"No prazo"
O secretário Saulo de Castro
Abreu Filho não quis comentar as
denúncias. A secretaria determinou que o diretor do Demacro,
Nelson Guimarães, fizesse comentários. Ele disse que a polícia
pretende desativar a cadeia até o
prazo dado pela Justiça (17 de
março), mas que "não tem como
garantir que isso ocorrerá". "Ainda estamos dentro do prazo."
Quanto às denúncias de falta de
verba para combustível e alimentação da escolta, ele as classificou
de "mentirosas". A assessoria da
Administração Penitenciária não
respondeu às ligações do Agora.
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