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Mangueira e Estácio abrem desfile em tom emotivo
Estácio de Sá, primeira a desfilar, pediu um
minuto de silêncio por morte de João Hélio
A cantora Beth Carvalho
não conseguiu desfilar pela
Mangueira; a escola fez
homenagem a Jamelão, que
se recupera de um derrame
DA SUCURSAL DO RIO
Homenagens ao cantor Jamelão e ao menino João Hélio
contagiaram o público no começo da primeira noite do desfile das escolas de samba do
Rio. Na primeira vez em mais
de 50 anos sem seu intérprete
-que se recupera de um derrame-, a Mangueira aproveitou
o enredo sobre a língua portuguesa para formar o nome de
Jamelão na comissão de frente,
coreografada por Carlinhos de
Jesus.
O desfile do Grupo Especial
começou com um minuto de silêncio em homenagem a João
Hélio Fernandes Vieites, menino de 6 anos arrastado por sete
quilômetros e morto, após o
roubo do carro de sua família,
em Oswaldo Cruz, um dos bairros da zona norte do Rio mais
identificados com o samba -é
onde está localizada a quadra
da Portela.
Antes de a Estácio de Sá
abrir, às 21h07, a primeira noite
de desfile com o enredo "O Tititi do Sapoti", o intérprete do
samba, Anderson Paz, pediu:
"Um minuto de silêncio por
João Hélio". O luto foi respeitado por grande parte dos 50 mil
presentes na avenida Marquês
de Sapucaí.
Se reverenciou Jamelão, a
Mangueira não conseguiu resolver a situação de outra componente histórica. A cantora
Beth Carvalho, que tinha se desentendido com a diretoria por
não ter um carro para desfilar e
dissera na sexta-feira ter recebido a garantia de que haveria
um lugar para ela numa alegoria, acabou ficando de fora.
"Eu vim para desfilar. Parece
que o Perci [o presidente Percival Pires] passou mal, mas alguém me disse que eu iria para
o carro dos baluartes. Quando
me dirigi para lá, um homem
me barrou, disse que eu não subiria de jeito nenhum. Não entendo porque tanto mau-trato.
Só pedi um carro porque estou
com dores na coluna. Vou continuar mangueirense, mas ficou difícil a relação. Dificilmente volto a desfilar", disse.
Segundo o carnavalesco Max
Lopes, Beth ficou de fora porque não combinou com antecedência onde sairia.
A Mangueira foi a primeira
escola a empolgar o Sambódromo. A comissão de frente, que
trocava de fantasia na avenida
-de roupas masculinas para
trajes femininos típicos de Portugal-, foi muito aplaudida.
Logo no início do desfile da
Estácio, que voltou neste ano
ao grupo de elite depois de dez
anos, houve um acidente com
um dos integrantes da comissão de frente, que precisou ser
retirado de maca por uma equipe do Corpo de Bombeiros.
A porta da pirâmide que servia de alegoria para a coreografia da comissão bateu na cabeça
de Jorge Alan de Lima Mansera, 25, que desmaiou.
O Império Serrano, que entrou em seguida, não conseguiu
tornar claro seu enredo "Ser diferente é normal", em que Albert Einstein Noel Rosa e outros eram usados para se falar
do respeito à diferença.
(LUIZ FERNANDO VIANNA, PEDRO SOARES, TALITA FIGUEIREDO, SÉRGIO RANGEL E AFRA BALAZINA)
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