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À moda antiga e sem luxo, Águia vira sensação no Anhembi
Vai-Vai e Mocidade Alegre fizeram desfiles luxuosos e saem como
favoritas; Rosas de Ouro chamou a atenção com temas ecológicos
A bateria da Águia de Ouro
foi um show à parte e levou
o público ao delírio; Mancha
Verde, fora da disputa,
também empolga
DA REPORTAGEM LOCAL
Num ano em que a tecnologia
foi uma das inovações do Carnaval em São Paulo, um desfile
à moda antiga virou a sensação
do Sambódromo do Anhembi,
sem a luxuosidade nem a riqueza das eventuais favoritas ao título, mas com uma bateria e um
samba que contagiaram.
A Águia de Ouro, quinta a entrar na avenida na segunda noite do Grupo Especial, foi a única ovacionada pelo público com
os gritos de "é campeã".
O samba da escola da Pompéia exaltava: "a bateria vai te
arrepiar". E não deu outra.
O artesanato do "Brasil feito
à mão" esteve no enredo da
Águia de Ouro. No desfile, foliões de trajes rústicos e alas
animadas, uma delas só de idosos, outra só de crianças.
O visual da escola, porém,
não era um ponto forte da
Águia de Ouro, reconhecia seu
presidente, Sidnei Carrioulo.
Com um desfile que ele mesmo classificou de "barato e simples," suas fantasias e alegorias
foram bem mais modestas do
que as de Vai-Vai e Mocidade
Alegre ontem, e da Império de
Casa Verde, no sábado -que,
no conjunto, conseguiram fazer desfiles sofisticados, bem
luxuosos e saem como favoritas. Também no páreo, está a
Unidos de Vila Maria.
A Vai-Vai levou seu abre-alas
com um imenso telão de plasma com flashes de 12 campeonatos conquistados pela escola.
Na Mancha Verde, um carro
exibia imagens do barracão em
TVs de plasma.
Na segunda noite de desfiles,
a principal musa foi Scheila
Carvalho, ex-É o Tchan, à frente da bateria da Vai-Vai, cujo
enredo engajado tratava da reciclagem.
Outras com rebolados que
despertavam fotógrafos e foliões eram Ellen Roche, na Rosas de Ouro, Viviane Araújo, na
Mancha Verde, e Nani Moreira,
da Mocidade Alegre, que ficou
mais famosa depois que um
adereço em sua cabeça pegou
fogo no Carnaval de 2006.
Destaques que também motivaram aplausos da arquibancada foram Maurício de Sousa,
homenageado pela Unidos do
Peruche, Marcos Pontes, 43,
astronauta brasileiro sensação
num carro da Rosas de Ouro, e a
apresentadora Ana Maria Braga, no abre-alas da Vai-Vai.
"A sensação de amor pela
nossa terra, seja no espaço ou
aqui, é sempre muito forte",
afirmou o astronauta Pontes ao
final do desfile.
A Rosas, aliás, chamou a
atenção com um enredo que
exaltava preocupações ecológicas e carros alegóricos "dois em
um": no mesmo carro, havia esculturas e destaques sobre um
assunto na parte da frente e
mais esculturas e mais destaques sobre outro tema na parte
de trás. Assim, valiam por dois.
A Mocidade fechou a segunda noite de desfiles com fantasias e alegorias coloridas, componentes animados cantando
seu samba sobre alegria e riso
-com referências diretas a
programas da TV Globo.
Sem rojão
Carrioulo, presidente da
Águia de Ouro, fazia questão de
tentar se diferenciar logo ao entrar na avenida. "Aqui não vai
ter rojão, não queremos barulho, queremos que a arquibancada escute e cante nosso samba", afirmava, em crítica à prática de algumas escolas de investir em queimas de fogos.
O carnavalesco Victor Santos
comemorava. "Uma coisa é trazer torcida organizada pra vir
cantar aqui. Outra é a manifestação espontânea do público",
afirmava ele, que já esteve na
comissão de Carnaval da Beija-Flor e foi campeã pela rica Império de Casa Verde em 2005.
"A proposta era de um desfile
mais cadenciado, mais raiz,
sem ser comercial, à moda antiga", completava Carrioulo.
A bateria da Águia de Ouro
foi um show à parte e levou o
público ao delírio. A primeira
inovação foi logo na abertura
do desfile: entrou à frente do
carro abre-alas.
No recuo, para que a escola
passasse, duas filas de tamborins se formaram e os demais
integrantes saíram da avenida
para voltarem logo em seguida.
Tudo ao som dos tamborins.
Novamente completa, a bateria fez evoluções, coreografias e
mais paradinhas até completar
seu recuo seguido de perto pelo
carro abre-alas.
A Mancha Verde, que não
concorre ao título por pertencer ao Grupo das Escolas de
Samba Esportivas, também
chegou a levantar parte do público formada por sua torcida.
(ALENCAR IZIDORO, ALESSANDRA BALLES, DANIELA TÓFOLI, EVANDRO SPINELLI, FABIANE LEITE, LAURA CAPRIGLIONE)
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