São Paulo, segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

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À moda antiga e sem luxo, Águia vira sensação no Anhembi

Vai-Vai e Mocidade Alegre fizeram desfiles luxuosos e saem como favoritas; Rosas de Ouro chamou a atenção com temas ecológicos

A bateria da Águia de Ouro foi um show à parte e levou o público ao delírio; Mancha Verde, fora da disputa, também empolga

DA REPORTAGEM LOCAL

Num ano em que a tecnologia foi uma das inovações do Carnaval em São Paulo, um desfile à moda antiga virou a sensação do Sambódromo do Anhembi, sem a luxuosidade nem a riqueza das eventuais favoritas ao título, mas com uma bateria e um samba que contagiaram.
A Águia de Ouro, quinta a entrar na avenida na segunda noite do Grupo Especial, foi a única ovacionada pelo público com os gritos de "é campeã".
O samba da escola da Pompéia exaltava: "a bateria vai te arrepiar". E não deu outra.
O artesanato do "Brasil feito à mão" esteve no enredo da Águia de Ouro. No desfile, foliões de trajes rústicos e alas animadas, uma delas só de idosos, outra só de crianças.
O visual da escola, porém, não era um ponto forte da Águia de Ouro, reconhecia seu presidente, Sidnei Carrioulo.
Com um desfile que ele mesmo classificou de "barato e simples," suas fantasias e alegorias foram bem mais modestas do que as de Vai-Vai e Mocidade Alegre ontem, e da Império de Casa Verde, no sábado -que, no conjunto, conseguiram fazer desfiles sofisticados, bem luxuosos e saem como favoritas. Também no páreo, está a Unidos de Vila Maria.
A Vai-Vai levou seu abre-alas com um imenso telão de plasma com flashes de 12 campeonatos conquistados pela escola. Na Mancha Verde, um carro exibia imagens do barracão em TVs de plasma.
Na segunda noite de desfiles, a principal musa foi Scheila Carvalho, ex-É o Tchan, à frente da bateria da Vai-Vai, cujo enredo engajado tratava da reciclagem.
Outras com rebolados que despertavam fotógrafos e foliões eram Ellen Roche, na Rosas de Ouro, Viviane Araújo, na Mancha Verde, e Nani Moreira, da Mocidade Alegre, que ficou mais famosa depois que um adereço em sua cabeça pegou fogo no Carnaval de 2006.
Destaques que também motivaram aplausos da arquibancada foram Maurício de Sousa, homenageado pela Unidos do Peruche, Marcos Pontes, 43, astronauta brasileiro sensação num carro da Rosas de Ouro, e a apresentadora Ana Maria Braga, no abre-alas da Vai-Vai.
"A sensação de amor pela nossa terra, seja no espaço ou aqui, é sempre muito forte", afirmou o astronauta Pontes ao final do desfile.
A Rosas, aliás, chamou a atenção com um enredo que exaltava preocupações ecológicas e carros alegóricos "dois em um": no mesmo carro, havia esculturas e destaques sobre um assunto na parte da frente e mais esculturas e mais destaques sobre outro tema na parte de trás. Assim, valiam por dois.
A Mocidade fechou a segunda noite de desfiles com fantasias e alegorias coloridas, componentes animados cantando seu samba sobre alegria e riso -com referências diretas a programas da TV Globo.

Sem rojão
Carrioulo, presidente da Águia de Ouro, fazia questão de tentar se diferenciar logo ao entrar na avenida. "Aqui não vai ter rojão, não queremos barulho, queremos que a arquibancada escute e cante nosso samba", afirmava, em crítica à prática de algumas escolas de investir em queimas de fogos.
O carnavalesco Victor Santos comemorava. "Uma coisa é trazer torcida organizada pra vir cantar aqui. Outra é a manifestação espontânea do público", afirmava ele, que já esteve na comissão de Carnaval da Beija-Flor e foi campeã pela rica Império de Casa Verde em 2005.
"A proposta era de um desfile mais cadenciado, mais raiz, sem ser comercial, à moda antiga", completava Carrioulo.
A bateria da Águia de Ouro foi um show à parte e levou o público ao delírio. A primeira inovação foi logo na abertura do desfile: entrou à frente do carro abre-alas.
No recuo, para que a escola passasse, duas filas de tamborins se formaram e os demais integrantes saíram da avenida para voltarem logo em seguida. Tudo ao som dos tamborins.
Novamente completa, a bateria fez evoluções, coreografias e mais paradinhas até completar seu recuo seguido de perto pelo carro abre-alas.
A Mancha Verde, que não concorre ao título por pertencer ao Grupo das Escolas de Samba Esportivas, também chegou a levantar parte do público formada por sua torcida.
(ALENCAR IZIDORO, ALESSANDRA BALLES, DANIELA TÓFOLI, EVANDRO SPINELLI, FABIANE LEITE, LAURA CAPRIGLIONE)

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