São Paulo, segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

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DE OLHO NO SILICONE

Seio turbinado vira acessório das fantasias

Em grande número no Sambódromo do Anhembi, próteses chegam a parecer pré-requisito em alguns carros alegóricos

"Não sei se vou parar nos 500 ml. De repente, ponho mais para o próximo Carnaval", diz a destaque da Vai-Vai Evelyn Miguel, 25

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quinhentos mililitros de silicone nos peitos nem parecem tanto, quando a mulher está cercada de strass, pedrarias e penachos por todos os lados. No Sambódromo, é como se fizesse parte da fantasia.
"Não sei se vou parar nos 500 ml. De repente, ponho mais para o próximo Carnaval", diz um dos destaques do carro abre-alas da escola Vai-Vai Evelyn Miguel, 25, que começou com 230 ml, passou para 380 ml numa segunda cirurgia, e há sete meses chegou aos 500.
Ali no abre-alas, o peito turbinado é uma espécie de pré-requisito. São 12 destaques em um carro que mais parece um carregamento de silicone. Juntando os peitos, dá 3.705 ml.
Elas revelam o volume das próteses com muita naturalidade, como se fosse o número do RG. "300 ml", diz Blanca; "365 ml", responde Andréa; "240 ml", orgulha-se Vanessa, a última a colocar, há cerca de 40 dias.
Gastou R$ 7.000, mas o preço varia. Helen Cardoso, "promotora de eventos, bailarina, modelo, ah, faço muitas coisas", diz que gastou R$ 9.000 com os dela. "Tenho muito bumbum (104 cm de quadril), precisava compensar", diz ela, cujo sutiã agora é 46.
Os seios-bola são tão comuns naquele ambiente que não se houve um "Tesuda!" entre os muitos homens que trabalham empurrando carros alegóricos, ou no elevador que conduz as siliconadas para o alto.
Na dispersão, um grupo de marmanjos do "apoio" faz cercadinho para as moças tirarem as nesgas de pano que as cobrem. Os rapazes parecem estranhamente respeitosos, como se o privilégio de estar no meio da mulherada sem roupa fosse tão grande que não se arrisca fazer uma observação.
"Aê amigo, dá espaço pra moça", diz um dos seguranças a um adolescente que quer tirar uma foto.
Será que alguém ali já tocou em um seio de silicone?
Vários "não" e dois "sim".
"Hoje a textura do silicone está muito parecida com a do peito natural", diz, com ar de técnico, o segurança Alexandre Xavier, 32, que diz ter conhecido as eventuais parceiras siliconadas na quadra da escola. "Mas antigamente eles eram duros como uma bola de futebol de salão", chuta.
Cercada de cinegrafistas e repórteres, Viviane Araújo, 32, "a mulher do Belo" e rainha da bateria da Mancha Verde, diz com um piscar de olhos que colocou "pouquinho": "Só 220 ml", diz, segurando neles, cuja marca branca do biquíni parece milimetricamente desenhada. De perto, essas moças grandes, "pernudas", donas de traseiros incrivelmente sarados não parecem reais, mas alegóricas.
"Tirando a prótese [280 ml], o resto é genética", afirma, sem piedade dos mortais ao redor, uma das três rainhas da bateria da Águias de Ouro, Mara Kelly, 22, 1,75m, uma filha e nenhum resquício de gravidez.
Mara é casada com um brasileiro, mas o mais comum é ouvir dessas mulheres que "só o estrangeiro segura a onda de namorar um mulherão".
Elaine Alvez, 250 ml, assistente de palco de Márcio Garcia, está noiva de um italiano de Bolgona; Evelyn Miguel, a recordista desta reportagem, com 500 ml, também: o dela é um alemão de Stuttgart; o de Paula, destaque de chão da Unidos do Peruche, 480 ml nos seios e 5 litros nas nádegas...bem, Paula é transexual. Seu noivo é espanhol.


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