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DE OLHO NO SILICONE
Seio turbinado vira acessório das fantasias
Em grande número no Sambódromo do Anhembi, próteses chegam a parecer pré-requisito em alguns carros alegóricos
"Não sei se vou parar nos 500 ml. De repente, ponho mais para o próximo Carnaval", diz a destaque da Vai-Vai Evelyn Miguel, 25
PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Quinhentos mililitros de silicone nos peitos nem parecem
tanto, quando a mulher está
cercada de strass, pedrarias e
penachos por todos os lados.
No Sambódromo, é como se fizesse parte da fantasia.
"Não sei se vou parar nos 500
ml. De repente, ponho mais para o próximo Carnaval", diz um
dos destaques do carro abre-alas da escola Vai-Vai Evelyn
Miguel, 25, que começou com
230 ml, passou para 380 ml numa segunda cirurgia, e há sete
meses chegou aos 500.
Ali no abre-alas, o peito turbinado é uma espécie de pré-requisito. São 12 destaques em
um carro que mais parece um
carregamento de silicone. Juntando os peitos, dá 3.705 ml.
Elas revelam o volume das
próteses com muita naturalidade, como se fosse o número
do RG. "300 ml", diz Blanca;
"365 ml", responde Andréa;
"240 ml", orgulha-se Vanessa, a
última a colocar, há cerca de 40
dias.
Gastou R$ 7.000, mas o preço varia. Helen Cardoso, "promotora de eventos, bailarina,
modelo, ah, faço muitas coisas",
diz que gastou R$ 9.000 com os
dela. "Tenho muito bumbum
(104 cm de quadril), precisava
compensar", diz ela, cujo sutiã
agora é 46.
Os seios-bola são tão comuns
naquele ambiente que não se
houve um "Tesuda!" entre os
muitos homens que trabalham
empurrando carros alegóricos,
ou no elevador que conduz as
siliconadas para o alto.
Na dispersão, um grupo de
marmanjos do "apoio" faz cercadinho para as moças tirarem
as nesgas de pano que as cobrem. Os rapazes parecem estranhamente respeitosos, como se o privilégio de estar no
meio da mulherada sem roupa
fosse tão grande que não se arrisca fazer uma observação.
"Aê amigo, dá espaço pra moça", diz um dos seguranças a
um adolescente que quer tirar
uma foto.
Será que alguém ali já tocou
em um seio de silicone?
Vários "não" e dois "sim".
"Hoje a textura do silicone
está muito parecida com a do
peito natural", diz, com ar de
técnico, o segurança Alexandre
Xavier, 32, que diz ter conhecido as eventuais parceiras siliconadas na quadra da escola.
"Mas antigamente eles eram
duros como uma bola de futebol de salão", chuta.
Cercada de cinegrafistas e repórteres, Viviane Araújo, 32, "a
mulher do Belo" e rainha da bateria da Mancha Verde, diz com
um piscar de olhos que colocou
"pouquinho": "Só 220 ml", diz,
segurando neles, cuja marca
branca do biquíni parece milimetricamente desenhada. De
perto, essas moças grandes,
"pernudas", donas de traseiros
incrivelmente sarados não parecem reais, mas alegóricas.
"Tirando a prótese [280 ml],
o resto é genética", afirma, sem
piedade dos mortais ao redor,
uma das três rainhas da bateria
da Águias de Ouro, Mara Kelly,
22, 1,75m, uma filha e nenhum
resquício de gravidez.
Mara é casada com um brasileiro, mas o mais comum é ouvir dessas mulheres que "só o
estrangeiro segura a onda de
namorar um mulherão".
Elaine Alvez, 250 ml, assistente de palco de Márcio Garcia, está noiva de um italiano de
Bolgona; Evelyn Miguel, a recordista desta reportagem,
com 500 ml, também: o dela é
um alemão de Stuttgart; o de
Paula, destaque de chão da Unidos do Peruche, 480 ml nos
seios e 5 litros nas nádegas...bem, Paula é transexual.
Seu noivo é espanhol.
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