São Paulo, terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

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Rapaz era "pai coruja" e iria ser promovido, afirmam amigos

Primo afirma que bancário estava feliz e tinha planos; "todos estão embasbacados", conta prima sobre o acidente

Primo diz que rapaz havia brigado com a namorada durante a festa de formatura, mas que isso não seria motivo para arriscar a vida

RICARDO WESTIN
LAURA CAPRIGLIONE

DA REPORTAGEM LOCAL

ARTUR RODRIGUES
DO "AGORA"

O bancário Kleber Rodrigo Plens, 27, que morreu num acidente de carro anteontem, após dirigir quatro quilômetros na contramão, tinha um filho de dois anos, havia terminado recentemente o curso de direito e estava prestes a ser promovido no trabalho, de acordo com parentes e amigos.
"Ele estava feliz e fazendo planos. Estávamos combinando fazer um cruzeiro no ano que vem", diz o primo Flávio Plens, 28.
"Na última vez em que conversamos, no final do ano, ele disse que queria fazer uma pós-graduação e viajar para o exterior", acrescenta um amigo, que pediu que seu nome não fosse publicado.
Plens morava no bairro do Limão, zona norte de São Paulo, sozinho, havia cerca de três anos. Ele era de Paranapanema, uma cidade de aproximadamente 17 mil habitantes localizada 256 km a oeste da capital. Em São Paulo, havia se formado recentemente no curso de direito e trabalhava como gerente de contas numa agência do Bradesco.
"O pai, a mãe e a família toda tinham muito orgulho dele, por ter saído de uma cidadezinha, estar trabalhando em São Paulo, ter terminado a faculdade e estar crescendo na vida", diz o amigo, que o conhecia desde a infância, em Paranapanema.
Assim que chegou à capital paulista, Plens começou a namorar uma jovem com quem teve um filho. "Ele era um pai corujão", conta o primo Flávio Plens. O menino mora com a mãe. O casal terminou o namoro e, desde o final do ano passado, o bancário tinha relacionamento com outra jovem.
Segundo o primo, o bancário havia brigado com a namorada na festa de formatura, na madrugada do mesmo domingo. Para ele, porém, isso não seria motivo suficiente para levá-lo a arriscar a própria vida numa rodovia expressa movimentada como a Castello.
Na avaliação dos amigos, o bancário era extrovertido, brincalhão, amigo de todos e não passava por uma fase problemática em sua vida. Dizem que proximamente receberia uma promoção no trabalho.
Seus colegas de banco não se lembram de atitudes agressivas ou de alterações no comportamento ou no humor.
"Todos estão embasbacados. Eu não consegui dormir desde que fiquei sabendo do acidente. O Kleber era um rapaz muito legal, ninguém sabe o que pode ter motivado isso", disse a aposentada Dirce Plens, 60, prima do bancário.

Turbo
Kleber Plens, diz o amigo que não quis que seu nome fosse publicado, gostava de beber e de dirigir em alta velocidade. O carro do acidente, de acordo com esse amigo, era turbinado.
"No começo de janeiro, eu disse a ele: "Vende essa Parati turbo e compra um carro mil. Você não precisa disso". O Kleber era uma pessoa que fazia as graças dele, vivia dando descarga [no turbo]. Eu me preocupava", conta.
O bancário já havia se envolvido num acidente de carro, diz o amigo. Cerca de oito anos atrás, ele perdeu o controle do carro numa estrada de terra em Paranapanema e capotou. Conseguiu sair ileso.
Quando visitava a família na pequena cidade, nos fins de semana, gostava de sair com os amigos para beber cerveja em algum bar. Outra diversão era jogar futebol e assistir a partidas pela TV. Era corintiano.
O acidente ocorreu pouco antes das 7h do domingo. A família soube da tragédia três horas mais tarde. Uma vizinha da família Plens, que conhecia o bancário desde criança, disse que ouviu os gritos de desespero da mãe.
"Pelo jeito, pensei que fosse briga. Logo ela saiu de casa chorando. Saiu andando sem rumo, desesperada", conta a vizinha, que também pediu que seu nome não fosse publicado.
O velório foi realizado na casa da avó de Kleber Plens, com o caixão lacrado. O enterro foi ontem, no cemitério de Paranapanema.


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