|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Rapaz era "pai coruja" e iria ser promovido, afirmam amigos
Primo afirma que bancário estava feliz e tinha planos; "todos estão embasbacados", conta prima sobre o acidente
Primo diz que rapaz havia brigado com a namorada durante a festa de formatura, mas que isso não seria motivo para arriscar a vida
RICARDO WESTIN
LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL
ARTUR RODRIGUES
DO "AGORA"
O bancário Kleber Rodrigo
Plens, 27, que morreu num acidente de carro anteontem, após
dirigir quatro quilômetros na
contramão, tinha um filho de
dois anos, havia terminado recentemente o curso de direito e
estava prestes a ser promovido
no trabalho, de acordo com parentes e amigos.
"Ele estava feliz e fazendo
planos. Estávamos combinando fazer um cruzeiro no ano
que vem", diz o primo Flávio
Plens, 28.
"Na última vez em que conversamos, no final do ano, ele
disse que queria fazer uma pós-graduação e viajar para o exterior", acrescenta um amigo,
que pediu que seu nome não
fosse publicado.
Plens morava no bairro do
Limão, zona norte de São Paulo, sozinho, havia cerca de três
anos. Ele era de Paranapanema, uma cidade de aproximadamente 17 mil habitantes localizada 256 km a oeste da capital. Em São Paulo, havia se formado recentemente no curso
de direito e trabalhava como
gerente de contas numa agência do Bradesco.
"O pai, a mãe e a família toda
tinham muito orgulho dele, por
ter saído de uma cidadezinha,
estar trabalhando em São Paulo, ter terminado a faculdade e
estar crescendo na vida", diz o
amigo, que o conhecia desde a
infância, em Paranapanema.
Assim que chegou à capital
paulista, Plens começou a namorar uma jovem com quem
teve um filho. "Ele era um pai
corujão", conta o primo Flávio
Plens. O menino mora com a
mãe. O casal terminou o namoro e, desde o final do ano passado, o bancário tinha relacionamento com outra jovem.
Segundo o primo, o bancário
havia brigado com a namorada
na festa de formatura, na madrugada do mesmo domingo.
Para ele, porém, isso não seria
motivo suficiente para levá-lo a
arriscar a própria vida numa
rodovia expressa movimentada
como a Castello.
Na avaliação dos amigos, o
bancário era extrovertido,
brincalhão, amigo de todos e
não passava por uma fase problemática em sua vida. Dizem
que proximamente receberia
uma promoção no trabalho.
Seus colegas de banco não se
lembram de atitudes agressivas
ou de alterações no comportamento ou no humor.
"Todos estão embasbacados.
Eu não consegui dormir desde
que fiquei sabendo do acidente.
O Kleber era um rapaz muito
legal, ninguém sabe o que pode
ter motivado isso", disse a aposentada Dirce Plens, 60, prima
do bancário.
Turbo
Kleber Plens, diz o amigo que
não quis que seu nome fosse
publicado, gostava de beber e
de dirigir em alta velocidade. O
carro do acidente, de acordo
com esse amigo, era turbinado.
"No começo de janeiro, eu
disse a ele: "Vende essa Parati
turbo e compra um carro mil.
Você não precisa disso". O Kleber era uma pessoa que fazia as
graças dele, vivia dando descarga [no turbo]. Eu me preocupava", conta.
O bancário já havia se envolvido num acidente de carro, diz
o amigo. Cerca de oito anos
atrás, ele perdeu o controle do
carro numa estrada de terra em
Paranapanema e capotou. Conseguiu sair ileso.
Quando visitava a família na
pequena cidade, nos fins de semana, gostava de sair com os
amigos para beber cerveja em
algum bar. Outra diversão era
jogar futebol e assistir a partidas pela TV. Era corintiano.
O acidente ocorreu pouco
antes das 7h do domingo. A família soube da tragédia três horas mais tarde. Uma vizinha da
família Plens, que conhecia o
bancário desde criança, disse
que ouviu os gritos de desespero da mãe.
"Pelo jeito, pensei que fosse
briga. Logo ela saiu de casa chorando. Saiu andando sem rumo, desesperada", conta a vizinha, que também pediu que seu
nome não fosse publicado.
O velório foi realizado na casa da avó de Kleber Plens, com
o caixão lacrado. O enterro foi
ontem, no cemitério de Paranapanema.
Texto Anterior: Bancário morre após dirigir por 4 km na contramão Próximo Texto: Outro caso: Homem é preso por dirigir na contramão Índice
|