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PMs são suspeitos em mais 2 chacinas
Policiais da zona norte são investigados por casos ocorridos na área comandada pelo coronel assassinado em janeiro
Com isso, já são cinco os ataques com suspeita de participação de policiais militares; oficial combatia grupos de extermínio
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
PMs da zona norte de São
Paulo são investigados pela
corregedoria da corporação e
pelo DHPP (departamento de
homicídios), da Polícia Civil,
por pelo menos outras duas
chacinas -com nove mortes-
ocorridas em 2007 na região.
Com isso, sobe para cinco o
número de homicídios múltiplos na zona norte em 2007
com a suspeita de participação
de policiais militares da área.
Ao todo, 23 pessoas foram mortas nos cinco atentados.
As duas novas chacinas com
suspeita de participação de
PMs aconteceram em áreas comandadas pelo coronel José
Hermínio Rodrigues, 48, morto
com seis tiros em 16 de janeiro.
O coronel combatia grupos de
extermínio supostamente formados por seus subordinados.
Um soldado da 2ª Companhia do 18º Batalhão teve prisão pedida à Justiça porque, segundo a polícia, participou da
morte de três rapazes -Diego
de Jesus Silva, Richard Oliveira
Soares e Wagner- na favela da
Paz, bairro do Limão, no dia 31
de janeiro de 2007. As vítimas
tinham entre 14 e 17 anos.
O crime, de acordo com a
apuração da polícia, foi cometido porque traficantes da favela
se recusaram a pagar propina
ao PM do 18º Batalhão conhecido como Alemão.
No segundo caso existe a suspeita de que um PM da Rota
(Rondas Ostensivas Tobias de
Aguiar), espécie de tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo, participou do assassinato de
seis jovens em um escadão do
Jardim Elisa Maria.
O PM da Rota, já identificado, teria contado com a ajuda
de um ex-PM, Vando Graciano
Ferreira Duarte, já preso.
Dois PMs do serviço secreto
do 18º Batalhão, que sempre
trabalham sem farda e tentam
se infiltrar em quadrilhas de
criminosos, teriam sido os responsáveis por indicar aos assassinos o melhor momento
para o ataque acontecido na
noite de 1º de fevereiro de
2007. Além dos seis mortos,
um sétimo jovem foi ferido.
Outras investigações
Nos outros três casos em investigação em que existem fortes indícios da participação de
PMs, foram mortas 14 pessoas
e duas ficaram feridas.
Numa dessas chacinas, em
29 de junho, seis jovens foram
mortos na favela Morro do Piolho, na Vila Albertina. Uma arma usada nesse crime, uma pistola .380 mm, foi empregada no
assassinato do coronel Rodrigues, segundo o IC (Instituto
de Criminalística).
Outro caso ocorreu em 14 de
janeiro, no Jardim Brasil. Por
causa de um carro estacionado
na rua onde vivia, segundo a polícia, o cabo da PM José Aparecido Ferreira teria mandado
matar sua vizinha Vera Cristina
Molina, 39, a filha dela, Tamires, 19, e Rafael da Rocha, 21,
namorado da jovem.
O terceiro caso foi em 24 de
maio. Quatro policiais militares do 18º Batalhão, todos eles
presos no último sábado, são
acusados de matar três pessoas
em um bar do Jaraguá e, para
encobrir as mortes, assassinar
dois ex-detentos.
Na versão inicial dos PMs, os
ex-detentos teriam cometido a
chacina no bar e, ao serem perseguidos, acabaram mortos.
Os PMs só não contavam que
um dos ex-detentos, o pintor
Charles Wagner Felício, 32, tivesse usado seu celular para fotografar a si mesmo e ao amigo,
Cleiton de Souza, 25, dentro do
carro da própria PM.
Ontem, a polícia solicitou autorização da Justiça para que
mais telefones residenciais e
celulares de PMs que atuam na
área do 5º, 9º, 18º e 43º batalhões sejam interceptados em
busca de provas que possam ligá-los ao assassinato do coronel Rodrigues.
Outro lado
A Folha solicitou ontem um
pronunciamento do comandante-geral da PM, coronel Roberto Antonio Diniz, sobre a
suspeita de participação dos
PMs em chacinas na zona norte de São Paulo.
O pedido foi feito ao Setor de
Comunicação Social da corporação, mas não foi atendido.
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