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foco
Escolas do Carnaval
de São Paulo penam com
a "crise das plumas"
DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL
As escolas de samba do
Grupo Especial de São Paulo
começam a desfilar amanhã,
mas seus carnavalescos ainda
estão penando com a "crise
das plumas". "Faltou para todos e estamos improvisando", lamenta Wagner Santos,
carnavalesco da Unidos de
Vila Maria. "Compramos
bem menos plumas do que
gostaríamos", diz Thobias da
Silva, presidente da Vai-Vai.
A escassez do produto no
mercado brasileiro, especialmente no paulistano, se deve
ao temor da crise econômica.
Esperando um Carnaval mais
magro, o principal fornecedor do adorno em São Paulo
importou da África apenas
metade dos 12 mil quilos de
costume. Estabelecimentos
menores também foram comedidos, para desespero de
criadores de fantasias.
"Estamos colocando plumas só nos detalhes, uns cinco ou seis quilos por ala, bem
menos do que gostaríamos. E
não é pluma ótima, não, é daquela mais comum", diz Santos, que se valeu do truque de
"chorar as plumas" para turbinar a qualidade dos enfeites. "É assim: você enverga
com uma tesoura para que ela
fique "chorona", com volume,
como as mais nobres."
A falta de penas pesa também para quem precisa de
poucas quantidades, como o
estilista Walério Araújo, que
teve de repensar a fantasia da
apresentadora Sabrina Sato
na Gaviões da Fiel. "Plumas
eu acabei conseguindo, mas a
ideia inicial era usar penas de
faisão. Mas eu precisaria de
umas 300 ou 400 para ficar
bonito e não encontrei", diz.
"Temi a crise e me arrependi. Se tivesse trazido a mesma
quantidade de plumas, certamente estaria vendendo", diz
Elias Emile Ayoub, dono do
Palácio das Plumas, principal
fornecedor em São Paulo.
A seca também afetou o
Rio. O Babado da Folia, maior
fornecedor carioca, diz que o
adorno faltou nas prateleiras.
"Eu comprei a mesma quantidade de todos os anos, entre
10 mil e 15 mil quilos, mas a
procura foi muito grande. E
veio muita gente de São Paulo
comprar aqui", diz o dono da
empresa, Jorge Francisco.
Como as plumas (que são
de avestruzes) vêm de países
como Namíbia e África do
Sul, as oscilações de câmbio
afetam o custo. Neste ano, o
quilo foi vendido por cerca de
R$ 220 no Palácio e entre R$
150 e R$ 800 no Babado.
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