São Paulo, quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

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Escolas do Carnaval de São Paulo penam com a "crise das plumas"

DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL

As escolas de samba do Grupo Especial de São Paulo começam a desfilar amanhã, mas seus carnavalescos ainda estão penando com a "crise das plumas". "Faltou para todos e estamos improvisando", lamenta Wagner Santos, carnavalesco da Unidos de Vila Maria. "Compramos bem menos plumas do que gostaríamos", diz Thobias da Silva, presidente da Vai-Vai.
A escassez do produto no mercado brasileiro, especialmente no paulistano, se deve ao temor da crise econômica. Esperando um Carnaval mais magro, o principal fornecedor do adorno em São Paulo importou da África apenas metade dos 12 mil quilos de costume. Estabelecimentos menores também foram comedidos, para desespero de criadores de fantasias.
"Estamos colocando plumas só nos detalhes, uns cinco ou seis quilos por ala, bem menos do que gostaríamos. E não é pluma ótima, não, é daquela mais comum", diz Santos, que se valeu do truque de "chorar as plumas" para turbinar a qualidade dos enfeites. "É assim: você enverga com uma tesoura para que ela fique "chorona", com volume, como as mais nobres."
A falta de penas pesa também para quem precisa de poucas quantidades, como o estilista Walério Araújo, que teve de repensar a fantasia da apresentadora Sabrina Sato na Gaviões da Fiel. "Plumas eu acabei conseguindo, mas a ideia inicial era usar penas de faisão. Mas eu precisaria de umas 300 ou 400 para ficar bonito e não encontrei", diz.
"Temi a crise e me arrependi. Se tivesse trazido a mesma quantidade de plumas, certamente estaria vendendo", diz Elias Emile Ayoub, dono do Palácio das Plumas, principal fornecedor em São Paulo.
A seca também afetou o Rio. O Babado da Folia, maior fornecedor carioca, diz que o adorno faltou nas prateleiras. "Eu comprei a mesma quantidade de todos os anos, entre 10 mil e 15 mil quilos, mas a procura foi muito grande. E veio muita gente de São Paulo comprar aqui", diz o dono da empresa, Jorge Francisco.
Como as plumas (que são de avestruzes) vêm de países como Namíbia e África do Sul, as oscilações de câmbio afetam o custo. Neste ano, o quilo foi vendido por cerca de R$ 220 no Palácio e entre R$ 150 e R$ 800 no Babado.


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