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Dengue em SP avança, e mortes já são 6 neste ano
Total de vítimas no Estado é metade do registrado em todo o ano passado
Previsão de que as cidades sofreriam com a doença
já era conhecida desde outubro pelas prefeituras
e pelo governo estadual
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A dengue explodiu neste começo de ano no Estado de São
Paulo e já foi responsável por
pelo menos seis mortes -a metade de todo o ano passado.
Impulsionado pelas constantes chuvas, pelo forte calor e pela volta da dengue tipo 1 ao Estado, o avanço da doença reacende a ameaça de um ano
marcado por epidemias, como
ocorreu em 2007.
Três cidades já admitem esse
quadro. São José do Rio Preto
já teve 3.586 casos, alta de
234% em relação ao ano passado. Entre eles há nove casos de
dengue hemorrágica e duas
mortes. Araçatuba, com 1.191
infectados e uma morte, também vive uma epidemia.
No nordeste do Estado, o
problema é Ribeirão Preto,
com 1.337 casos. No litoral,
Guarujá não vive uma epidemia, mas já conta 292 casos e
duas mortes. A outra morte foi
na vizinha Santos.
A capital paulista tem poucos
casos até agora. São 77 -apenas
7 contraídos no município.
Entre as vítimas, estão sobretudo idosos que já sofriam também de outras doenças.
A previsão de que as cidades
sofreriam com a dengue já era
conhecida desde outubro pelas
prefeituras e pelo governo estadual. Naquele mês, foi concluído o Liraa, estudo que mede infestação e mostrou que elas já
estavam em estado de alerta
para a doença.
As prefeituras divulgam
ações que incluem nebulizações, mutirões de limpeza, trabalhos de conscientização e
contratação de médicos, mas,
no geral, as medidas não conseguiram impedir o avanço da
doença de forma mais acentuada que nos últimos dois anos.
Augusto da Silva, coordenador da vigilância epidemiológica de São José do Rio Preto, diz
que a prefeitura convocou todos os setores da sociedade em
novembro para um trabalho integrado. Reclama, contudo, que
"muitos moradores só passaram a se preocupar após a cidade decretar epidemia".
A Secretaria da Saúde do Estado, procurada ontem para comentar ações de combate à
dengue e o avanço da doença no
Estado, informou que não foi
possível disponibilizar um responsável do Centro de Vigilância Epidemiológica para falar
com a reportagem.
Para infectologistas consultados pela Folha, os números
já registrados neste ano são
preocupantes ante a perspectiva de mais um mês de muita
chuva e calor -o pico da dengue é entre março e abril.
"Podemos ter até uma epidemia no Estado se o clima continuar favorecendo", afirma o infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz Stefan Ujvari, especialista em epidemias. Segundo ele, vários trabalhos mostraram que períodos chuvosos causados pelo El
Niño na América do Sul são seguidos de aumento de dengue.
Paulo Olzon, infectologista
da Unifesp, afirma que os casos
de dengue no Estado são "daí
para mais", em relação aos dados informados pelos municípios, já que a doença é historicamente subnotificada.
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