São Paulo, sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

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Dengue em SP avança, e mortes já são 6 neste ano

Total de vítimas no Estado é metade do registrado em todo o ano passado

Previsão de que as cidades sofreriam com a doença já era conhecida desde outubro pelas prefeituras e pelo governo estadual

MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A dengue explodiu neste começo de ano no Estado de São Paulo e já foi responsável por pelo menos seis mortes -a metade de todo o ano passado.
Impulsionado pelas constantes chuvas, pelo forte calor e pela volta da dengue tipo 1 ao Estado, o avanço da doença reacende a ameaça de um ano marcado por epidemias, como ocorreu em 2007.
Três cidades já admitem esse quadro. São José do Rio Preto já teve 3.586 casos, alta de 234% em relação ao ano passado. Entre eles há nove casos de dengue hemorrágica e duas mortes. Araçatuba, com 1.191 infectados e uma morte, também vive uma epidemia.
No nordeste do Estado, o problema é Ribeirão Preto, com 1.337 casos. No litoral, Guarujá não vive uma epidemia, mas já conta 292 casos e duas mortes. A outra morte foi na vizinha Santos.
A capital paulista tem poucos casos até agora. São 77 -apenas 7 contraídos no município.
Entre as vítimas, estão sobretudo idosos que já sofriam também de outras doenças.
A previsão de que as cidades sofreriam com a dengue já era conhecida desde outubro pelas prefeituras e pelo governo estadual. Naquele mês, foi concluído o Liraa, estudo que mede infestação e mostrou que elas já estavam em estado de alerta para a doença.
As prefeituras divulgam ações que incluem nebulizações, mutirões de limpeza, trabalhos de conscientização e contratação de médicos, mas, no geral, as medidas não conseguiram impedir o avanço da doença de forma mais acentuada que nos últimos dois anos.
Augusto da Silva, coordenador da vigilância epidemiológica de São José do Rio Preto, diz que a prefeitura convocou todos os setores da sociedade em novembro para um trabalho integrado. Reclama, contudo, que "muitos moradores só passaram a se preocupar após a cidade decretar epidemia".
A Secretaria da Saúde do Estado, procurada ontem para comentar ações de combate à dengue e o avanço da doença no Estado, informou que não foi possível disponibilizar um responsável do Centro de Vigilância Epidemiológica para falar com a reportagem.
Para infectologistas consultados pela Folha, os números já registrados neste ano são preocupantes ante a perspectiva de mais um mês de muita chuva e calor -o pico da dengue é entre março e abril.
"Podemos ter até uma epidemia no Estado se o clima continuar favorecendo", afirma o infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz Stefan Ujvari, especialista em epidemias. Segundo ele, vários trabalhos mostraram que períodos chuvosos causados pelo El Niño na América do Sul são seguidos de aumento de dengue.
Paulo Olzon, infectologista da Unifesp, afirma que os casos de dengue no Estado são "daí para mais", em relação aos dados informados pelos municípios, já que a doença é historicamente subnotificada.


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