São Paulo, Sexta-feira, 19 de Fevereiro de 1999
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Delegacia é vizinha de conjunto invadido

da Reportagem Local

Nem a proximidade do 50º Distrito Policial, que fica a 700 metros do conjunto habitacional da CDHU invadido ontem, impediu a ação de cerca de 40 famílias do Itaim Paulista que ocuparam apartamentos no local anteontem.
Foi a segunda invasão em menos de três dias. Na segunda-feira, 22 famílias das redondezas haviam ocupado um número igual de apartamentos.
A Polícia Militar, ameaçando chamar o Batalhão de Choque, conseguiu que alguns imóveis fossem desocupados, e o saldo final foram cerca de 50 imóveis que dependerão de ação judicial para serem desocupados.
O conjunto habitacional invadido, chamado de Q-2, ficou pronto em agosto. Tem 720 apartamentos, dos quais 160 não foram nem vendidos, e outros que, já vendidos, não foram ocupados, segundo a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo).
Boa parte dos invasores está inscrita no programa de moradia popular do CDHU, mas não teve sorte no sorteio de apartamentos feito pelo governador Mário Covas.
Dulce Aparecida Macedo da Costa, 37, exibia, ontem, não só sua ficha de inscrição no programa como também uma ordem de despejo que vence no próximo sábado.
Ela deve R$ 1.556 para a proprietária da casa onde mora hoje com o marido desempregado e três filhos, um deles doente mental. Dulce é diarista.
"Ontem (anteontem), quando soube que tinham vindo invadir, pensei: Sou uma azarada mesmo. Nem para invadir eu sou chamada. Vim para cá assim mesmo, e aí disseram que tinha um apartamento que tinha sobrado, e eu entrei."
Dulce não levou nada, além do filho doente, para a nova moradia. Sua mobília está na casa, à espera do despejo.
"Eu não tenho dinheiro para fazer carreto, como é que eu vou fazer a mudança para depois ter que sair de novo? Acho que isto aqui não vai dar em nada, mas estou desesperada, vou ficar."
Enquanto não traz a mobília, Dulce pretende ficar no apartamento invadido para provar que está ocupando o imóvel. Nesse meio tempo, não pode trabalhar. (RV)


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