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CAOS NO RIO
Segundo investigação, traficantes de morros ocupados dariam dinheiro para evitar repressão a comércio de drogas
Tráfico paga propina para PMs, diz polícia
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Investigações reservadas indicam que policiais militares receberiam propina de traficantes dos
morros da Pedreira e da Lagartixa
(Costa Barros, zona norte do Rio
de Janeiro) para não reprimir o
comércio de drogas no local.
Dois dos principais redutos de
Paulo César Silva dos Santos, 31, o
Linho, líder da facção criminosa
TC (Terceiro Comando) e traficante mais procurado do Rio de
Janeiro, os morros da Lagartixa e
da Pedreira têm sido alvo de operações da polícia fluminense. Desde 27 de fevereiro, 13 supostos traficantes foram mortos na área, a
maioria em ações da Polícia Civil.
A descoberta do suposto esquema de corrupção surgiu a partir
de escutas telefônicas feitas pela
Polícia Civil, com autorização judicial, em celulares de traficantes.
Segundo policiais da Delegacia
de Roubos e Furtos de Cargas, encarregados da investigação, a propina seria paga a PMs que fazem o
patrulhamento diário nas favelas,
ligados ao batalhão de Rocha Miranda (zona norte). O valor pago
seria de R$ 800 diários a cada carro da PM que faz ronda no local.
O conteúdo das gravações e o
nome dos PMs não foram divulgados sob alegação de que poderia atrapalhar o trabalho policial.
As escutas telefônicas, iniciadas
há cerca de seis meses, fazem parte de uma investigação para tentar
capturar Linho.
Um policial que pediu para não
ser identificado disse que não comunicou o fato ao comando do 9º
Batalhão, onde trabalham os
PMs, porque o trabalho não visa
denunciar policiais, mas obter
pistas do paradeiro do traficante.
Ele diz que o esquema existe
desde o comando anterior do batalhão. Ou seja: a Polícia Civil saberia de um esquema de pagamento de propinas a PMs, mas
não o investiga.
O comandante do 9º Batalhão,
tenente-coronel Carlos Carrijo,
disse não ter conhecimento do suposto pagamento de propinas e
que não comentaria o caso. A
Corregedoria Geral Unificada das
polícias informou que requisitará
as gravações para tentar identificar os envolvidos.
Apesar de os morros da Pedreira e da Lagartixa estarem ocupados pela PM, a Polícia Civil afirma
que o tráfico local costuma faturar, diariamente, de R$ 20 mil a
R$ 30 mil com a comercialização
de cocaína e maconha.
Em janeiro, a Delegacia de Repressão a Entorpecentes apreendeu na Pedreira uma caderneta
com a contabilidade do tráfico citando quantia reservada a PMs.
Ontem, sete supostos traficantes ligados à Amigo dos Amigos
(ADA), facção aliada do Terceiro
Comando de Linho, foram presos
em Cabo Frio (litoral fluminense). Entre os presos está Alexandre da Silva, 24, o Cai-Cai, primo
do traficante assassinado em 2002
Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê,
até então líder da ADA.
Cai-Cai, segundo a polícia, era
um dos chefes do tráfico na favela
Pára-Pedro (Irajá, zona norte).
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