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SEXO NO PARQUE
Em áreas mal iluminadas e ao abrigo das árvores, casais transam na área verde e deixam preservativos no chão
À noite, Ibirapuera vira motel a céu aberto
LUÍSA BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Parque Ibirapuera, quinta-feira,
21h30: casais se encontram entre
as árvores, em locais mal iluminados. Às 5h do dia seguinte, o parque abre com os "vestígios": chão
coberto por camisinhas usadas e
embalagens de preservativos.
Ao anoitecer, a área verde mais
visitada pelos paulistanos vira um
tipo de motel a céu aberto. "Tem
dia que dá para encher um saco só
de camisinha e o lugar não fica
limpo", diz um funcionário.
Os encontros ocorrem geralmente perto do portão 7 (avenida
República do Líbano), ao lado da
Casa da Leitura e atrás da caixa-d"água, perto do estacionamento
do MAM (Museu de Arte Moderna). As pessoas aproveitam a falta
de iluminação e o abrigo dos troncos e transam em pleno parque.
Na noite da última quinta-feira,
dois casais de homens, de camisa,
com as calças abaixadas, faziam
sexo nas proximidades do portão
7. Outros homens, em grupo ou
sozinhos, permaneciam parados,
perto das árvores, à espera de
uma paquera, de um parceiro.
"Quando você vê um cara que é
"teu número", é só chamar ou assobiar", diz o fotógrafo Artur, 21.
O parque, segundo os freqüentadores, é ideal para encontros
fortuitos. "É tudo muito olho no
olho, não tem fala", diz o maquiador Pedro (nome fictício), 23.
"Foi atrás de uma árvore, ficamos
em pé para não sujar a roupa",
conta, sobre sua primeira vez lá.
"Aqui é mais "pegação", sexo
sem compromisso. É um reduto
onde você conhece pessoas dispostas a transar", diz o segurança
Henrique (nome fictício), 23. Segundo ele, o local também é procurado por dar privacidade a gays
não assumidos. "Eles dizem à família que estão correndo no Ibirapuera e vêm para cá", afirma.
Segundo os freqüentadores, as
mulheres vão com os namorados,
e às vezes o casal busca uma terceira pessoa para a relação.
No site de relacionamentos Orkut, na comunidade do parque
Ibirapuera, há relatos de casais
heterossexuais que dizem já ter
transado dentro do parque.
Já quem pratica atividade física
vê a atitude como desrespeito. "É
bastante constrangedor, deveria
ser proibido", diz o árbitro de futebol Rodrigo Carvalho, 30.
O Ibirapuera tem 1,5 milhão de
m2 e recebe 20 mil pessoas durante a semana. Aos domingos, o público é de 130 mil. O parque funciona das 5h à meia-noite.
Quem circula pela área se queixa. "Fica uma sujeira, cheio de camisinha, é uma falta de respeito
com quem anda e com a própria
natureza", reclama a enfermeira
Maria Eliete Chagas, 50.
No Orkut, as relações sexuais no
parque e a presença de camisinhas é tema de debate acalorado.
A maioria das pessoas defende
que a polícia evite o sexo no Ibirapuera. Outros escrevem mensagens ofensivas ao público gay.
"Outro dia fazia abdominais e
me deparei com várias camisinhas espalhadas pelo chão. Aquilo enoja. O pior é que todos sabem
o que rola ali, mas ninguém faz
nada", comenta um homem.
Os encontros, segundo os freqüentadores, também são motivados pelo risco de transar em local público. "É diferente fazer sexo aqui. O medo da polícia dá
mais tesão", conta o modelo Márcio (nome fictício), 25.
Segundo o advogado e conselheiro da OAB Sergei Cobra Arbex, fazer sexo em local público
configura ato obsceno, crime previsto no artigo 233 do Código Penal. A pena é de detenção de três
meses a um ano ou multa.
A Secretaria do Verde e do Meio
Ambiente da Prefeitura de São
Paulo disse conhecer o fato e pediu intensificação do policiamento. A Guarda Civil Metropolitana
diz fazer patrulhamento diário.
Segundo a nota, não houve registro dessa ocorrência neste ano.
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