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Anvisa decide limitar o uso de 2 adoçantes
Sacarina e ciclamato terão uso em alimentos restringido; presença de sódio, fator de risco para hipertensão, pesou na decisão
Agência também aprovou a utilização no país de três novas substâncias, já
aprovadas por organismos internacionais de saúde
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Anvisa (Agência Nacional
de Vigilância Sanitária) decidiu
ontem reduzir a quantidade
máxima dos adoçantes sacarina e ciclamato em bebidas e alimentos e aprovar o uso de três
novas substâncias no Brasil
-taumatina, eritritol e neotame, já aprovadas por organismos internacionais de saúde.
De acordo com Lucas Medeiros Dantas, gerente de tecnologia de alimentos da Anvisa, a
decisão de reduzir o limite decorreu de uma avaliação do impacto desses edulcorantes
(adoçantes) para a saúde.
Segundo ele, pesou na decisão a presença de sódio, substância já condenada pela OMS
(Organização Mundial da Saúde). "O sódio [presente no ciclamato e sacarina] é um dos vilões da política da OMS para o
cuidado de doenças não transmissíveis, como hipertensão."
O sódio é usado para conservar alimentos e realçar o sabor.
"Do ponto de vista da saúde,
o esforço é para tornar os limites cada vez mais restritivos",
afirmou Dantas. Outros adoçantes não foram afetados.
A sacarina é proibida no Canadá, e o ciclamato, nos Estados Unidos. De acordo com Ruy
Lyra, presidente da Sociedade
Brasileira de Endocrinologia e
Metabologia, os estudos que
vetaram a sacarina e o ciclamato nos dois países -e constataram que elas aumentavam o
risco de câncer de bexiga- foram feitos em camundongos.
Ele ressalta que não há nenhuma pesquisa que comprove
a existência de riscos em seres
humanos, mas, ainda assim, recomenda que, por prudência, o
consumidor limite a quantidade ao ingerir as substâncias.
Produtos
O limite máximo de ciclamato caiu do intervalo entre 97 mg
e 130 mg para 40 mg a 56 mg a
cada 100 ml ou 100 gramas. Isso afeta refrigerantes como o
Sprite Zero e iogurtes como o
Pense Light com Pedaços de
Pêssego -107 mg e 56,3 mg da
substância, respectivamente.
No entanto, na opinião de
Carlos Eduardo Gouvea, presidente da Abiad (Associação
Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e
Congêneres), a maioria dos
produtos já está dentro dos parâmetros, até porque há mistura de diferentes adoçantes.
É o caso da Coca-Cola Light e
Zero, por exemplo, que não serão afetadas, de acordo com a
composição divulgada no site
da empresa. A Folha pediu à
AmBev a composição do Guaraná light, mas não houve resposta até a conclusão da edição.
Para Gouvea, as indústrias
mais prejudicadas com as novas regras da Anvisa são as que
fazem bebidas e alimentos para
consumo popular, já que a sacarina e o ciclamato são os adoçantes mais baratos.
O consumo de produtos com
adoçantes é seguro, mas pode
incentivar a ingestão exagerada de alimentos em pessoas
com compulsão por açúcar, diz
o diretor da Associação Brasileira de Nutrologia, Carlos Alberto Werutski.
Ele afirma que o adoçante é
sentido apenas na língua, enquanto a glicose obtida no açúcar de mesa tem impacto no
sistema nervoso, pois eleva os
níveis de serotonina, hormônio
que induz a sensação de prazer.
Segundo ele, o adoçante é benéfico, pois não tem calorias e
não causa cáries.
De acordo com o oncologista
Daniel Luiz Gimenes, do Hospital A.C. Camargo, faltam evidências para comprovar que a
sacarina e o ciclamato possam
causar câncer.
Colaborou MÁRCIO PINHO, da Reportagem Local
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