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Ensino médio melhora em SP; fundamental fica estagnado
Governo paulista divulga indicador de desempenho das escolas públicas do Estado
Resultado foi comemorado pela administração José Serra (PSDB), mas visto
com certa preocupação
pelos educadores
FÁBIO TAKAHASHI
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Dados divulgados ontem pelo governo paulista apontam
que as escolas estaduais do ensino médio tiveram um salto de
qualidade em um ano, embora
continuem bem longe da meta
ideal estipulada pela própria
Secretaria da Educação. O ensino fundamental estagnou.
O resultado foi comemorado
pelo governo José Serra
(PSDB), mas visto com certa
preocupação por educadores.
Os números têm como base o
Idesp, indicador criado em
2007 que, a partir deste ano, será usado para balizar o pagamento de bônus por desempenho a professores e servidores.
O índice considera o rendimento dos alunos em português e matemática em exame
estadual (Saresp) e o número
de alunos que se forma no tempo ideal (evasão e repetência).
As informações são convertidas em escala de 0 a 10. De um
ano para outro, o ensino médio
melhorou 38%. O índice subiu
de 1,41 para 1,95, mas ainda está
bem abaixo da meta de 5 para
2030, que seria equivalente ao
de países desenvolvidos.
Por outro lado, ficaram estagnados os ciclos de 1ª a 4ª série (3,23 para 3,25) e de 5ª a 8ª
(de 2,54 para 2,60). As metas
são, respectivamente, 7 e 6.
O governo não divulgou os
dados que formam o indicador.
Assim, não é possível saber
quais pontos melhoraram ou
pioraram -português, matemática, evasão ou repetência. A
promessa é mostrá-los em
abril. "O avanço do ensino médio ocorreu principalmente devido à melhora no Saresp [provas de português e matemática]", afirmou à Folha a secretária da Educação, Maria Helena
Guimarães de Castro.
Para a secretária, "os resultados foram muito positivos".
Maria Helena destacou o número de escolas de ensino médio que melhoraram (88,2%).
"Foi acima das expectativas,
porque no país todo o ensino
médio é considerado o nível
com mais problemas." Uma das
ações que surtiram efeito, diz,
foram as aulas de reforço no
terceiro ano do ensino médio.
Sobre o desempenho de primeira a oitava séries, ela disse
considerar um "resultado fantástico, pois mais da metade
das escolas melhoraram". Maria Helena diz que fará uma
pesquisa com as escolas que recuaram para poder ajudá-las.
Avançaram no indicador 51%
das unidades de primeira a
quarta e 55,8% das de quinta a
oitava. Por outro lado, pioraram ou apenas mantiveram o
desempenho 49% das escolas
de primeira a quarta e 44,2% de
quinta a oitava.
O pesquisador da Faculdade
de Educação da USP Ocimar
Alavarse afirma ser "preocupante uma estagnação no alicerce de toda a educação [primeira a quarta séries]" -a média da rede não avançou.
Para ele, "os resultados indicam que programas como o Ler
e Escrever [que prevê material
didático especial, capacitação e
dois educadores na primeira
série] não têm funcionado".
Presidente-executivo do movimento Todos pela Educação,
Mozart Neves disse que "a melhora no ensino médio é impressionante, com a ressalva de
que partiu de patamar muito
baixo". "Mas acendeu a luz vermelha para primeira a quarta."
O governo não fez ranking
das escolas. A Folha tabulou os
boletins das unidades da capital. As notas de 55% das escolas
de 1ª a 4ª série subiram, mas
58,7% não atingiram a meta de
2008. De 5ª a 8ª, 56% elevaram
as notas, mas 42,2% ficaram
aquém da meta de 2008. Já no
ensino médio 84,6% das escolas melhoraram suas notas e
78,7% atingiram a meta.
Colaboraram CATHARINA NAKASHIMA, FELIPE CORAZZA, IGOR GIANNASI e VANESSA CORREA
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